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FLIP 2016 – 1º dia: bom jornalismo e drogas em pauta

O centro histórico de Paraty está em festa. Bandeirolas penduradas, bloquinhos desfilando pelas ruas, livros em todos os lugares e pessoas de todas as idades e nacionalidades. Tudo faz parte do que é a FLIP. A terceira mesa, “Os Olhos da Rua”, composta pelos repórteres Caco Barcellos e Misha Glenny e mediada pelo jornalista Ivan …

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O centro histórico de Paraty está em festa. Bandeirolas penduradas, bloquinhos desfilando pelas ruas, livros em todos os lugares e pessoas de todas as idades e nacionalidades. Tudo faz parte do que é a FLIP.

A terceira mesa, “Os Olhos da Rua”, composta pelos repórteres Caco Barcellos e Misha Glenny e mediada pelo jornalista Ivan Marsiglia, começou às 15hrs de uma tarde quente em um dia nublado. Ambos comentaram sobre seus livros, Abusado – O Dono do Morro Dona Marta (Record, 2003), de Caco Barcellos,  e O Dono do Morro: Um homem e a batalha pelo rio, de Misha Glenny. (Companhia das Letras, 2016), que tratam sobre a vida de traficantes de favelas cariocas.

Falando em português, Glenny relatou a experiência vivida enquanto produzia o livro, e Caco Barcellos comentou sobre a questão da proibição das drogas no mundo. Segundo ele, é hipocrisia as políticas públicas desconsiderarem o álcool quando tratam de drogas e de seu controle, sendo que este, apesar de lícito, também causa muitas mortes.

Crise do jornalismo também foi discutida na Mesa 3. Foto: Beatriz Arruda

Outra questão abordada pelos palestrantes foi o atual cenário do jornalismo investigativo. Caco Barcellos revelou que, nos dias de hoje, não se vê mais esse modo de fazer jornalístico, pois ele está restrito à apresentação de dossiês, sendo que a grande reportagem, com enormes pesquisas, não está mais presente. “A cada dia a mídia é menos independente e menos livre”, completou Misha Glenny.

Mais tarde neste dia, o Sala33 esteve presente em uma coletiva de imprensa com Caco Barcellos e a equipe do Profissão Repórter: Caio Cavechini, editor executivo do programa; Janaina Pirola, editora chefe, e Estevan Muniz, repórter.

Em nome da Jornalismo Júnior, a repórter Carolina Unzelte fez a seguinte pergunta:

“Eu queria saber qual é o espaço ou futuro da grande reportagem em um mundo que as pessoas se informam pelo Buzzfeed, por listas, cada vez mais por tweets e por textos menores. Qual é o espaço da grande narrativa hoje no jornalismo?”

Estevan começou respondendo: “Eu acho que o tempo da reportagem é uma coisa muito relativa. Um documentarista em uma hora e meia conta uma história com muita abrangência, assim como os livros, como o do Caco e do Misha, são muito abrangentes e às vezes a gente faz uma reportagem no Profissão de 15/16 minutos e às vezes a gente faz uma matéria de 5 minutos. E a de 5 pode ser tão potente quanto a de 16 minutos. Eu me lembro de reportagens nossas que são muito fortes e muito curtas. Não é o fato de ser uma lista que vai fazer sua matéria ser menos interessante. Eu acho que a reportagem é uma coisa cara, difícil de fazer, mas eu, como repórter não vejo um futuro sem ela.” Os outros presentes também responderam a repórter.

Coletiva de imprensa contou com equipe do Profissão Repórter e alguns jornalistas. Foto: Beatriz Arruda

Além disso, comentaram sobre a produção do livro especial de 10 anos do Profissão Repórter, sobre conflitos éticos no jornalismo e exemplos de bons veículos jornalísticos da atualidade. Entre os citados pela equipe estavam El País, Piauí, Vice e Nexo.

Na pior de Nova York e Edimburgo

Paulo Werneck, curador da Flip, explicou que as últimas mesas do dia, das 21h30 são para os boêmios, os amantes da Contra Cultura.

Assim, adentram ao palco dois ícones da literatura sobre a vulnerabilidade humana, o escocês Irvine Welsh e o estadunidense Bill Cleig. Segundo o mediador Daniel Pellizzari, as melhores mesas do Festival começam com leituras das obras.

Irvine levanta e começa não apenas a ler o capítulo 3 do seu último livro A vida sexual das gêmeas siamesas, percorre, também, letras, palavras, com entonações, gestuais. Quer passar uma mensagem, fez com que os espectadores sentissem sua obra por alguns instantes. Para ele a linguagem tem uma batida, uma cadência, sempre quando escreve busca criar uma sonoridade, relembrando sua época de DJ de house music. Torna-se, assim, um mestre do uso da primeira pessoa, atráves de uma linguagem mais “funkier”, encontrando uma batida, inexistente na dita imperial lingua inglesa.

Leitura dramática de Irvine Welsh. Foto: Walter Craveiro

Depois de tal perfomance, Bill Cleig, leu sentado, mas não menos impactante. Seu primeiro romance Você já teve uma família? conta como uma mulher lida com a perda da sua família, sentimos a dor nas palavras, na ambientação, como a protagonista diz “ meus pés são famosos nas calçadas”.

Para os autores, suas obras não atraem a atenção do público por mero interesse, instituto mórbido do ser humano. Não é apenas voyerismo, há uma relação de identidade maior. Bill, ex-dependente de crack, escreveu dois livros de memória sobre seu vicio quando jovem e sua reabilitação. “Você sempre conhece alguém que viveu ou vive sob efeitos de droga e/ou drogas”. São relações de identidade que são traçadas, relatos sobre o extremo da experiência humana.

“As construções humanas desafiam seus criadores e emitem ondas”, a frase da Ana C. no mural do palco reflete a própria narrativa penetrante dos autores que desmitificam a glamourização da literatura. Um agente literário nova iorquino e um escocês fechando a mesa 6, como “old school reunion” disse Welsh.

O Pior do Dia

Evento com demonstração clara de machismo desagradou. Foto: André Conti

O evento “Você é o que você lê” aconteceu na Praça da Matriz no fim da tarde, contando com Xico Sá, Maria Ribeiro e Gregório Duvivier como palestrantes e mediação de Marcelo Rubens Paiva, causou polêmica.

Além do atraso de 50 minutos, que descontentou a plateia, demonstrando sua insatisfação por vaias, o mediador mostrou uma postura machista ao apresentar Maria Ribeiro. Com citações como “Esta gata, linda. Ela detesta ser linda, ela queria ser inteligente” e “Maria queria ser intelectual”, Marcelo Rubens Paiva desagradou boa parte dos presentes e a própria Maria Ribeiro, que respondeu à altura, com “Você está sendo machista, Marcelo”.

Por Beatriz Arruda, Giovana Querido e Victória Martins

beatriz.arruda12@gmail.com | gioquerido@gmail.com | victoria.rmartins19@gmail.com

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