Em O Assassino: O Primeiro Alvo (American Assassin, 2017), baseado na saga de livros Assassino Americano, de Vince Flynn, o agente de treinamento da CIA Stan Hurley (Michael Keaton) recebe a ordem de treinar Mitch Rapp (Dylan O’Brien), que, após perder sua noiva em um atentado terrorista, busca vingança. A temática principal do longa é bastante clichê: mais uma vez está sendo apresentado nas telas de cinema uma história cujos vilões principais são os terroristas e os mocinhos os estadunidenses.
Mas, dessa vez, diferentemente do que ocorre em filmes com temática parecida — como Rede de Mentiras (Body of Lies, 2008) e O Reino (The Kingdom,2007) —, o personagem principal não combate os terroristas pois esse é seu dever ou profissão. Durante a maior parte do longa, Mitch só pensa em sua vingança e constantemente tem um comportamento inconsequente, que só não estraga toda a operação por pura determinação do roteiro. Assim, a produção embarca em uma fórmula já conhecida: a do protagonista que não morre nunca e apresenta habilidades extraordinárias, algo que retira um pouco do realismo do filme. Afinal, é impossível alguém conseguir escalar as janelas de um prédio em um período de cinco segundos ou sobreviver a uma enorme explosão sem quaisquer ferimentos.
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No entanto, essa sorte absurda pode passar despercebida. O motivo é o carisma do ator Dylan O’Brien, que entrega uma excelente performance como Mitch Rapp, papel que era um desafio para o ator acostumado a interpretar adolescentes. Ele consegue fazer com que o público se identifique com o personagem e torça para o sucesso de sua missão, fazendo com que certas incongruências com a realidade sejam perdoadas em favor de sua sobrevivência. O bom desenvolvimento da personalidade de Mitch também é um ponto positivo e consegue tornar suas atitudes compreensíveis, contribuindo para que o espectador se afeiçoe a ele. Porém, se o protagonista é bem construído, o vilão é raso. Apesar de ganhar pontos por não ter um vilão estrangeiro, o que costuma estar presente nos filmes de ação, como em Duro de Matar (Die Hard, 1988), o antagonista americano revela em seu monólogo motivações fracas, deixando um pensamento incrédulo de “É sério que ele fez tudo aquilo por causa disso? ”.Em relação a Michael Keaton, ele está ótimo em um papel nada novo. Várias foram as vezes em que fomos apresentados a um mentor mal-humorado que desacredita no protagonista — já sabemos como isso termina. Mas é Stan Hurley (Michael Keaton) o responsável por algumas cenas de humor presentes no filme, sendo elas intencionais ou não. Além disso, Keaton tem ótima química com Dylan O’Brien e as interações de um com outro são algumas das melhores partes do longa.
O filme evita também um outro clichê popular: o do romance paralelo. Em uma grande quantidade de longas de ação, o protagonista tem um interesse amoroso, seja ele sua parceira ou apenas alguma moça que apareceu em sua jornada. Quando escalado para uma missão, Mitch é designado para trabalhar com a agente da CIA Annika (Shiva Negar) e, embora os dois tenham uma ótima dinâmica, em nenhum momento há o desenvolvimento de um romance. Desta maneira, o longa reforça que um homem e uma mulher podem trabalhar juntos sem desenvolverem sentimentos amorosos um pelo outro. Além disso, a personagem é crucial para o progresso da história e não lembra nem um pouco o tipo donzela em perigo ou o símbolo sexual presente nos filmes de James Bond.
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O longa também ganha pontos positivos por suas intensas cenas de ação. em dirigidas por Michael Cuesta, elas fazem com que até mesmo as clássicas e cansativas perseguição e explosão sejam capazes de empolgar o espectador. Entretanto, isso não é o suficiente para diminuir a previsibilidade do roteiro, que recorre a artifícios desgastados, como sequestros e traições, já utilizados inúmeras vezes e que deixaram de ser uma surpresa.
O Assassino: O Primeiro Alvo entretém, porém se perde devido a um vilão fraco e ao excessivo uso de clichês, que o torna previsível e fantasioso.
O filme chega dia 21 de setembro nos cinemas. Veja o trailer:
por Nathalia Giannetti
nathaliagiannetti@usp.br