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O que aconteceu no cinema em 2004?

Assistir filmes é um hábito na vida da grande maioria das pessoas. E, em cada época, a experiência cinematográfica é diferente em função do contexto. Hoje, por exemplo, a maneira mais popular de assistir filmes é através de serviços de streaming. Os cinemas possuem diversas sessões com 3D e IMAX e os filmes exibidos são …

O que aconteceu no cinema em 2004? Leia mais »

Assistir filmes é um hábito na vida da grande maioria das pessoas. E, em cada época, a experiência cinematográfica é diferente em função do contexto. Hoje, por exemplo, a maneira mais popular de assistir filmes é através de serviços de streaming. Os cinemas possuem diversas sessões com 3D e IMAX e os filmes exibidos são produzidos com mais tecnologia do que nunca.

Aproveitando o aniversário de 15 anos da Jornalismo Júnior, vamos relembrar como era a experiência cinematográfica em 2004, ano de nascimento da Jota. Recordaremos e explicaremos as diferenças entre fazer e assistir filmes naquela época.

 

DVD: a tecnologia do momento

Ver um filme em casa em 2004 era muito diferente dos dias atuais. Sem a internet, ー apenas 12,2% dos brasileiros acessava a rede no ano em questão ー as pessoas precisavam recorrer a outras plataformas para acompanhar os seus filmes favoritos sem depender da programação televisiva.

Nesse contexto, a tecnologia que se destacava era o DVD. O disco, sucessor das fitas VHS e de outros formatos de videocassete, foi inventado no final dos anos 1990 e apresentava qualidade jamais vista na imagem e no som. O DVD também se caracterizou por ser a primeira forma digital de armazenamento de filmes que alcançou grande sucesso. O estudante de cinema Arthur Guerra, conta uma memória especial que tem com os DVDs: “Acho que minha primeira lembrança em relação a cinema é, num DVD alugado, ficar revendo uma cena específica de Robin Hood da Disney, a cena do beijo”. Arthur continua assistindo filmes em DVD sempre que pode, pois segundo ele, o formato e a nostalgia o deixam feliz.

Para ler as informações presentes no disco, era necessário ter um aparelho leitor de DVD, equipamento que passou a ser cada vez mais comum nas casas dos brasileiros. Segundo o IBGE, que começou a pesquisar sobre a quantidade desses aparelhos em 2008, até 2012 o percentual vinha numa crescente, atingindo 76% dos domicílios. Mas desde então, o índice de residências com aparelhos DVD teve grande queda.

Os discos dos filmes poderiam ser adquiridos nas mais diversas lojas. Além da opção de comprar suas obras cinematográficas favoritas para assisti-las quando quiser, também era muito comum o serviço de aluguel de DVDs. Redes de locadoras como a Blockbuster eram amplamente famosas, possuindo por volta de 9 mil lojas ao redor do mundo em 2004 ー hoje, resta apenas uma.

Ir a locadoras era um hábito comum em 2004 [Foto: Jornal Opção]

E era a partir desse princípio que funcionava, em 2004, a Netflix na América do Norte. O serviço ainda não era digital, e sim de locação de filmes. Mas se diferenciava dos demais ao não cobrar por cada DVD, e sim uma taxa fixa mensal, o que impedia a necessidade de pagar multas por atrasos na devolução dos discos. E também não era necessário sair de casa para buscar os filmes, pois eles vinham através dos correios.

Ao adquirir um DVD, era comum que houvesse mais do que apenas um disco com o longa-metragem desejado. Diversas edições especiais continham extras, making offs e cenas deletadas do corte original, garantindo mais entretenimento aos fãs de cinema.

Apesar de dominar o cenário cinematográfico no início dos anos 2000, os DVDs perderam espaço na década seguinte. Fatores como o sucesso não tão grande na nova versão dessa tecnologia, o Blu-ray, o surgimento de plataformas de streaming na internet e até mesmo a maior facilidade de acesso à pirataria dificultaram a manutenção do DVD como principal maneira de se assistir filmes.

As salas de cinema em shoppings começaram a se popularizar [Foto: Adriano Vizoni/Folhapress]

 

A ida ao cinema 

Se hoje, antes de ir ao cinema, você confere o trailer do filme e compra os ingressos pela internet, em 2004 era bem diferente.

Antes de mais nada, para conferir as estreias da semana, o espectador tinha de escolher uma das opções: conferir no caderno de cultura do jornal quais filmes entrariam em cartaz; ligar para a rede de cinemas e perguntar quais seriam as estreias; ou ainda ir pessoalmente conferir os filmes antes de comprar os ingressos.

Depois de escolhido o filme, era hora de ir para frente da tela grande. Como o número de salas de cinemas de rua vinham em queda no Brasil desde o início dos anos 80 e as salas em shoppings ganhavam cada vez mais espaço, ir ao cinema durante os anos 2000 era um passeio completo. O Brasil atingiu a marca de quase 2 mil salas em 2004, e como contava com os ingressos a preços mais baratos, a presença do público em frente às telonas era garantida. Arthur afirma que sempre gostou de frequentar o cinema: “A minha forma preferida de assistir filmes sempre foi a sala de cinema. A experiência que se tem com o filme é muito mais enriquecedora”; ele ainda acrescenta que o hábito de ir ao cinema foi essencial durante a escolha de seu curso de graduação.

As salas eram bem menores do que as atuais, e tecnologias como 3D digital e efeitos especiais ainda estavam engatinhando. Mas foi durante os anos 2000 que o mundo viu um gênero de filme crescer e fortalecer-se: a animação.

Estúdios da Pixar [Foto: Deborah Coleman / Pixar)

 

O boom das animações para o cinema

Depois da virada do século, os grandes estúdios resolveram inovar e investir em animação digital. Ao sair dos desenhos em 2D e apostar nas animações em 3D, os produtores tinham a possibilidade de entregar filmes mais bem feitos, mais próximos da realidade e com mais detalhes, enriquecendo as histórias que seriam contadas.

A Disney, que dominava o cenário de animação para o cinema com seus contos de fada, passou a ter dois fortes correntes: DreamWorks — fundada em 1994, após parceria entre o diretor Steven Spielberg e o animador Jeffrey Katzenberg — e a Pixar — fundada em 1986, com a participação de Steve Jobs. Os dois novos estúdios vinham conquistando espaço depois de produções bem sucedidas como Shrek (2002), vencedor do primeiro Oscar na categoria de melhor animação, e Toy Story (1995), respectivamente.

Foi em 2004 que a DreamWorks lançou duas animações de grande sucesso para o estúdio: O Espanta Tubarões (Shark Tale, 2004) e Shrek 2 (2004), continuação que rendeu mais em bilheteria do que o primeiro filme e ajudou a consolidar a franquia do ogro apaixonado. O sucesso do estúdio  deu-se por sua capacidade de atrair a atenção de várias faixas etárias. Seus longas contam com personagens não tão infantis, mas que ainda despertam a curiosidade dos pequenos. Além disso, a linguagem usada também conversa e convence os adultos.

Shrek 2: um grande exemplo de sucesso no início das animações 3D [Foto: Dreamworks]

Enquanto isso, a Disney vivia sua chamada era pós-renascimento: o estúdio manteve seus desenhos em 2D e apostou em continuações de outros longas. Em 2004 lançou Mulan 2 (2004), O Rei Leão 3 (The Lion King 1 ½, 2004) e remakes com os personagens clássicos, como Mickey, Donald e Pateta – Os Três Mosqueteiros (Mickey, Donald, Goofy: The Three Musketeers, 2004) e Pooh e O Efalante (Poohs Heffalump Movie, 2004). Sua única aposta em animação 3D naquele ano foi O Galinho Chicken Little (Chicken Little, 2004), que não alcançou o sucesso esperado, já que usou personagens e enredo não convencionais.

A Pixar, por sua vez, lançou Os Incríveis (The Incredibles, 2004), que fez tanto sucesso pelo mundo que atraiu ainda mais o olhar da poderosa Disney para o pequeno estúdio. Dois anos depois, em 2006, na tentativa de retomar o topo do mercado de animação e lançar longas de maior impacto para o público, a Disney oficializaria a compra da Pixar, formando a mais bem sucedida — e rentável — aliança entre estúdios.

Além dos filmes feitos em 3D, outra marca dos anos 2000 foram as animações em stop motion. Nessa técnica, os animadores utilizam moldes reais, em massa de modelar, dos personagens e cenários, animando as cenas quadro a quadro por computação. O stop motion já era utilizado no cinema para dar vida a robôs e monstros, por exemplo, uma vez que as técnicas de efeitos especiais não eram tão aprimoradas. Quando incorporado aos longas de animação, trouxe ao público maior noção de realidade dos movimentos dos personagens.

Animadores trabalhando com stop motion [Foto: Graeme Robertson/The Guardian]

15 anos se passaram desde o ano de 2004 e muita coisa se alterou no mundo do cinema. Algumas práticas caíram em desuso, como o uso do DVD, e outras surgiram, como utilizar a internet para assistir filmes ou facilitar a experiência no cinema.

Desde então, tendências foram estabelecidas e tecnologias 3D passaram a dominar o cenário do audiovisual tanto nas animações quanto nas exibições de filmes nos cinemas. Enquanto em 2004 o caminho rumo às três dimensões dava seus primeiros passos, em 2019 é consolidado.

É possível notar que o cinema passou por grandes mudanças nos últimos quinze anos. Mesmo que 2004 não tenha acontecido há tanto tempo assim, a essência da sétima arte vem se alterando e assistir um filme virou uma tarefa mais fácil, em termos de tecnologia. Se isso é bom ou se o modo de 15 anos atrás era mais divertido e imersivo, cabe a cada um decidir.

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