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O rock morreu (e tudo bem) 

Em 25 de novembro de 1976, o grupo The Band realizou seu último show. Em um espetáculo para cinco mil amigos e conhecidos, a banda se despedia no que foi conhecido como o Último Concerto de Rock, que até virou documentário, dirigido por Martin Scorsese.  E se engana quem pensa que foi só um “showzinho …

O rock morreu (e tudo bem)  Leia mais »

Em 25 de novembro de 1976, o grupo The Band realizou seu último show. Em um espetáculo para cinco mil amigos e conhecidos, a banda se despedia no que foi conhecido como o Último Concerto de Rock, que até virou documentário, dirigido por Martin Scorsese. 

E se engana quem pensa que foi só um “showzinho pretensioso”: no concerto estavam nomes como Bob Dylan, Eric Clapton, Neil Young, Muddy Watters, Van Morrison, Neil Diamond e Ringo Starr. Tocaram por mais de quatro horas alguns dos temas mais famosos do rock, do country e do blues. Hoje em dia, quem escuta pensa que o The Band é uma banda country e que rock mesmo não é isso.

The Last Waltz, último show do The Band. [Imagem: United Artists Digital Studios/Reprodução]
The Last Waltz, último show do The Band. [Imagem: United Artists Digital Studios/Reprodução]


Mas o que é o
rock’n’roll?

Se vamos analisar a morte de alguma coisa, precisamos saber o que ela é. E o rock, é claro, não leva só uma definição, mas tem uma origem: os subúrbios dos Estados Unidos, mais precisamente na Louisiana, um dos estados mais historicamente escravistas do país. A origem do rock and roll vem de uma atualização do blues, ou do R&B, tornando-se uma coisa própria. Uma música dançante, animada e mais “quadradinha”, comparada às improvisações do jazz da época. E de início, o rock era parte da cultura negra estadunidense, tanto que um dos nomes mais associados com sua origem é o de Chuck Berry.

Os anos 1950 foram marcados pelo grande sucesso de músicas como Rock Around The Clock, Johnny B. Goode, Tutti-Frutti, Roll Over Beethoven e That’s Alright. Esta última lançou Elvis Presley no cenário global, o que foi importante para a popularização do rock entre os brancos estadunidenses e depois para o resto do mundo. Nessa época, a maioria dos brancos não frequentavam casas de shows com artistas negros, mas como Elvis tocava músicas compostas por outros, tornou-se uma espécie de “garoto propaganda do rock.

A explosão desse novo gênero pode ser explicada por um sentimento básico dos seres humanos: a vontade de experienciar algo novo, mas não tão novo assim.

É possível observar isso na cena do famoso filme De Volta Para o Futuro (Back to the Future, 1985), no qual o protagonista Marty McFly viaja no tempo até o ano de 1955 e se apresenta em um baile com a música Johnny B. Goode. A plateia adora, ele se empolga, e faz um solo exagerado de guitarra, típico do glam rock dos anos 1980. Ninguém entende nada, mas ele diz: “Acho que vocês não estão prontos para isso ainda, mas seus filhos vão adorar!.

E de fato adoraram. De 55 a 85, o rock praticamente mudou por completo. Primeiro vieram ramificações, em grande parte pela sua chegada ao Reino Unido. Depois, cantores de folk como o próprio Bob Dylan decidiram trocar o violão pela guitarra elétrica. E estava consolidado: o rock era o novo estilo mainstream.

Mas, já naquela época, havia quem discordasse de que bandas como Kiss e até o próprio Queen (consideradas hoje como “rock clássico”) tocassem rock. Pete Townshend, guitarrista do The Who, declarou em entrevista:

“Para mim, rock era os Rolling Stones, e, antes disso, Chuck Berry, e, antes disso, talvez algumas pessoas que viveram nos campos de Louisiana. Mas eu não posso realmente incluir os Beatles nisso. Os Beatles estavam acabados como o Herman’s Hermits. Isso não é rock and roll”.

Herman’s Hermits era uma banda britânica que também se dizia ser rock, mas era por muitos considerada uma boy band. Para Townshend, os Beatles também eram isso, uma banda pop que usava acordes de rock. Sobre o Led Zeppelin, o guitarrista não queria nem ouvir falar. Para ele, era um gênero completamente diferente.

Assim, muito do rock progressivo se distanciou mais e mais do que era o rock da Louisiana, ainda que ambos fossem chamados rock. Até que nos anos 1990 surgiu o grunge, um estilo muito mais simples do que seus antecessores e que buscava sua inspiração na raiz do rock, como o country e o folk. O principal nome era de Kurt Cobain, e o rapaz parecia dar nova vida para um gênero já não tão homogêneo muito por conta do nascimento do pop e do rap, nessa mesma época.

Entretanto, anos depois do início do Nirvana, Kurt cometeu suicídio, o que muitos marcaram como ponto real de morte do rock.  Das muitas mortes do gênero, essa não seria a última, pois nas décadas seguintes ainda surgiram muitas bandas auto intituladas rock alternativo ou rock pop, post-rock.

 

E de novo o rock se reinventou

A cada refresco de ideias, o gênero se transforma e volta a ser novamente popular. Morrer, afinal de contas, não é deixar de existir por completo, mas sim perder a sua grande relevância. E bandas como Linkin Park e Gorillaz receberam a dura missão de impedir esse acontecimento. 

Mas há outros interesses, principalmente nas bandas mais jovens, que têm vontade de ser mais do que uma banda “quadrada” de bateria, guitarra e baixo. São ainda chamadas rock, mas, não há muito de Louisiana em um hit do Twenty-One-Pilots. E há um certo desconforto em afirmar isso na frente de um fã ou até um membro da banda. Esse rótulo tem muito peso, há um grande prestígio em assim se chamar, ainda que se chamar rock não é sempre se parecer com uma banda de rock  “tradicional”.

Além disso, se prender numa taxação de roqueiro impede que muitas bandas evoluam e criem por si só, já que quando tentam algo novo são duramente criticadas. Muitos artistas de pop da última década também acabam se limitando pelo rótulo pronto da indústria. 

Muitos dos fãs do “rock atual” são também fãs das bandas que ousaram mudar a definição do gênero. Um deles é Leon Olaszek, aluno de ensino médio que cresceu ouvindo bandas de rock/pop dark dos anos 80, new wave, rock psicodélico dos anos 70 e, mais recentemente, bandas de rock alternativo dos anos 2000 (como Radiohead, Blur etc.). E Leon representa um fenômeno comum nos fãs das bandas alternativas: gostar de coisa criativa. Em suas palavras:          

“Eu acho que o mais legal das bandas novas é a liberdade que elas têm na hora de produzir o conteúdo, o que produz bandas muito diferentes entre si. Não é como se as bandas antigas não fossem diferentes, mas é mais difícil achar a diferença. Se você pega uma banda como Gorillaz, ninguém tinha feito aquilo até então, e ninguém fez igual depois.”

Mas Leon também percebe que, mesmo dentro dessas bandas que se dizem emancipadas do gênero, há bloqueios criativos pelo rótulo do rock:

“Ainda no exemplo do Gorillaz, é muito diferente do Franz Ferdinand. No começo da carreira das duas bandas, ambas tinham elementos similares e características de rock (quarteto bateria-baixo-guitarra-vocal). Mas nos anos 2010, o Gorillaz se jogou no mundo do pop, especialmente com o álbum Plastic Beach. E é um dos melhores da banda, porque nele finalmente o Gorillaz abraçou a identidade mais psicodélica e maluca que eles sempre tiveram, criando algo bem novo e diferente.”

Capa do disco Plastic Beach do Gorillaz. [Imagem: Parlophone Records/Divulgação]
Capa do disco Plastic Beach do Gorillaz. [Imagem: Parlophone Records/Divulgação]
O peso do rótulo faz com que muitas vezes se compare uma banda alternativa dos anos 80 com uma nova. Na maioria dos discursos, há um enaltecimento do antigo em detrimento do novo. Mas Leon discorda: 

“Acho que é anacrônico comparar coisas antigas com novas no âmbito profissional. Música é música. Se alguém gosta de ragtime dos anos 1920, não é melhor do que o trap que outra pessoa escuta. Nas músicas que eu ouço, depende mais do momento, não tem um ranking, cada banda tem sua magia diferente.”

O rock, ao se manter por tanto tempo com a mesma definição, carrega cada vez mais cobrança para qualquer banda que se aventure a se intitular assim. Por isso, muitos dos mais conservadores afirmam que já se foi o tempo de rock and roll, pois o melhor seria fundar um novo gênero musical. 

“O rock ficou para outros tempos. Foi por pouco que essas bandas dos anos 80 ainda se encaixaram na nomenclatura do rock. As poucas bandas de hoje que carregam o nome fazem coisas novas, ou se sustentam em hits antigos para uma plateia saudosista. As pessoas lembram de épocas pelos gêneros que mais fizeram sucesso, e definitivamente o rock vai ser cada vez menos associado aos anos 2000 a 2030.”

 

O ciclo da música

O rock está sumindo no cenário mainstream, mas talvez ter se afastado dos holofotes da indústria tenha feito bem para a renovação do estilo. E ao deixar a posição hegemônica, o rock deu lugar para muitos outros gêneros florescerem. Um deles é o pop, que explodiu nas últimas décadas e ganhou milhões de fãs. Como a Maria e o Tiago, também alunos de colegial, que acompanham de perto os novos lançamentos e o topo das paradas, mas têm como artistas favoritos nomes que, apesar de muitas vezes se encaixarem nos moldes do pop, buscam criar coisas novas. 

Maria Skaf é uma grande fã de Lady Gaga:  “Pelo jeito que ela sempre fez sua arte, sendo sempre ‘fora do padrão’. No começo, as pessoas não entendiam isso, mas mesmo assim ela não mudou para se adequar às críticas”.

Já Tiago Adulis gosta de artistas como Lorde, Taylor Swift e Lana del Rey, pois essas: “São compositoras, estão dentro do processo de criação, o que deixa as coisas mais autênticas. Eu gosto de ouvir e saber que está vindo direto da pessoa”.

Nenhum dos dois afirmou que a originalidade era o fator principal para a criação de uma boa música pop. Maria diz que gostava tanto das músicas “fora da caixa” da Lady Gaga, quanto as mais padrões. E Tiago, que afirma que gosta de originalidade, mas acha que seguindo o molde da indústria do pop dá para se construir uma música tão boa quanto uma mais “criativa”:

“Eu gosto do termo pop perfection, que é usado para uma música pop bem  padrão, mas que é especial da sua maneira. Outra coisa é uma música saturada, meio genérica, que não tem realmente muito valor para mim. Mas dá pra ser bom dentro do molde, sim. Eu valorizo as duas coisas.” 

O pop é mais novo que o rock, e talvez sua fórmula ainda não esteja tão desgastada. Entretanto, ao comparar uma música de hoje com as dos anos 80, é fácil perceber suas diferenças. Mas o que é exatamente música pop? Tiago definiu:

“Eu acho difícil definir exatamente, por que ela mudou muito ao longo do tempo.  Mas o que eu vejo hoje em dia é que o ‘pop puro’ não é mais o mesmo de antes. A partir de 2015, o pop mais puro começou a morrer, e outros gêneros estão tendo mais atenção e sucesso nas paradas. O que eu vejo é o pop se agregando a outros gêneros para ter sucesso comercialmente, existe muito pop trap atualmente.”

Mas o pop ainda não esquece suas raízes:

“Eu vejo ainda muita influência dos anos 80 e 90. Além da evolução natural do ritmo, tem também a figura da “diva pop”, que surgiu com a Madonna. Recentemente, alguns álbuns pop têm feito muita música “oitentista”, ressuscitando coisas da época. O 1989 da Taylor Swift, por exemplo, bombou em 2014. Já o Future Nostalgia da Dua Lipa, que também é um álbum oitentista, não foi tão bem, mesmo tendo o hit Don’t Start Now. Será que tem a ver com a morte do pop puro? Eu acho que sim.”, disse Tiago. 

Sobre a mudança do gênero, Maria responde algo que pertence mais à mentalidade de fãs de pop do que a de rock. Ela diz: “Eu não acho bom nem ruim, acho que a música evolui assim como toda forma de arte”.

Os fãs de rock, em geral, não são tão abertos à mudança quanto os de pop. Com eles, tal mudança não se passa com tamanha naturalidade e nem em um espaço de apenas cinco anos. Isso talvez tenha sido um dos motivos da perda de popularidade do gênero. Sobre isso, Maria ainda afirma: “As pessoas só consideram ‘bom’ o rock igual ao antigo. Eu acho que o rock morreu por isso. Os artistas se sentem desencorajados a produzir algo diferente pois seus fãs só querem o rock antigo. Existem bandas alternativas, mas não são tão populares. Já o pop soube melhor se adaptar e inovar”.

Já Tiago afirma que esse movimento vai acontecer com seu gênero musical favorito: “Eu vejo que, assim como o rock ‘morreu’ comercialmente, isso está acontecendo com o pop. E essa morte é como uma diluição para outro gênero. Assim como o pop absorveu o rock, ele tem sido absorvido por outras coisas. Eu me pergunto se isso não é natural. As modas vêm e vão, como acontece com roupas. Música barroca estava na moda, aí entrou o clássico. Não sei se tem algo em específico de como os artistas agiram, mas acho que o pop combina mais com esse mundo contemporâneo, com toda essa efemeridade”.            

O rock ainda recebe novas bandas anualmente, mas essas não obtêm muito sucesso comercial e nem mesmo de crítica. E dentro delas, muitas ainda fazem música como a dos anos 70, como a Greta Van Fleet, cujo vocalista tem quase o mesmo timbre de Robert Plant, e por isso pode parecer mais uma música do Led Zeppelin para um ouvinte leigo. Mas, ainda que imitando com perfeição os sons daquela época, tais bandas não são tão populares. Isso se dá talvez porque a realidade em que vivem não é mais o mesmo. Da mesma forma que o contexto dos anos 70 – com as bombas nucleares e a Guerra do Vietnã – não é o mesmo dos mais tranquilos anos 50. Tudo muda. 

E há sempre espaço no panteão da música para o novo. Hoje, esses lugares estão cada vez mais sendo disputados avidamente e, de sopetão, um gênero fundado praticamente de forma horizontal (por indivíduos autônomos em vez de grandes corporações) tomou as paradas e está revolucionando a música.

 

Trap: o novo gênero mainstream

O trap se tornou em muito pouco tempo um dos gêneros mais populares. Mas antes dele, seu antecessor direto já vinha crescendo exponencialmente. O rap, que também teve evolução similar ao rock e ao pop, hoje é populado em grande parte por soundcloud rappers, artistas autônomos que postam suas músicas em redes sociais e torcem para bombar. Para isso, a eles não bastava seguir somente o caminho de Dr. Dre ou Biggie Smalls. Era preciso criar algo diferente e se destacar. Assim surgiu o trap e toda a cultura trapper, que é uma das mais criativas no cenário atual da música. 

Akazê, nome artístico de Pedro Zaccaria, é um dos jovens que se atraiu por essa cultura e vibe do trap. Tanto é que resolveu produzir música também, tudo por conta própria. Mas como é que alguém vira trapstar? Ele responde:

“Eu conheci o trap aos poucos. Fui escutando alguns raps e boom baps, e paralelamente ouvia em festas com amigos funks de melodia diferenciada, me passava um sentimento que eu não sabia explicar, mas que me atraía. Até que em um ‘rolê’ normal ouvi o ModestiaParte (grupo de trap brasileiro) e curti muito a vibe que aquilo passava. Era como se fosse uma expressão de foda-se tudo que te incomoda, vamos curtir o agora! E tinha aquele beat que faz carinho na alma, sabe? O tempo foi passando e finalmente descobri o poeta que todos falavam, um tal de Raffa Moreira. Ele trouxe o trap para o Brasil com um flow totalmente diferente, usando autotune como efeito, e não como correção de voz. Curto muito a liberdade da qual o trap fala, de viver a vida, não se importar com a crítica dos outros. É isso que me atrai, vamos ser feliz e foda-se o que todo mundo pensa. É também uma ostentação em forma de grito de cultura, em que principalmente os oprimidos podem se sentir poderosos e felizes. O Raff é símbolo disso.”

Raffa Moreira em imagens do clipe Bro., disponível em seu canal no YouTube. [Imagem: YouTube/Raffa Moreira]
Raffa Moreira em imagens do clipe de Bro., disponível em seu canal no YouTube. [Imagem: YouTube/Raffa Moreira]
Dos gêneros musicais de hoje, o trap é um dos mais diversos. No Brasil, por exemplo, ele se mistura com as raízes da nossa música e se difere muito do produzido nos EUA. Isso pode fazer com que o gênero tenha mais durabilidade. “A tendência é que o trap misture cada vez mais seus estilos dependendo do lugar. Tem até emo trap. Vejo o trap Nacional se divergindo em vários subgêneros, e se tornando mainstream no futuro”.

Muita gente se atrai por esse movimento criativo e independente. Akazê, por exemplo, decidiu produzir música em um contexto descontraído, ouvindo trap com os amigos. As letras simples e beats prontos na internet também facilitam o acesso e a publicação de um hit. 

 “Uns amigos descobriram um estúdio caseiro e decidiram gravar lá a faixa QG dos Cria, que hoje já tem mais de 5 mil views. Então decidi que faria uma eu mesmo. Gravei a Fala Baixinho” que eu já tinha a letra. É difícil produzir tudo em casa, por conta dos aparelhos, mas não é impossível. Você escolhe um beat, que normalmente é feito por um beatmaker, encaixa a letra no flow, com uma melodia na tonalidade do beat. Aí você pode levar isso pro estúdio, para depois aplicar efeito na voz e tudo mais.”

No contexto atual, o trap tem se tornado mais atrativo do que o rock. Mas por que? Akazê responde:

“Acho que um dos principais motivos é que o trap é muito mais livre. Os roqueiros se dividem muito dentro do próprio gênero. Os que gostavam de thrash rock não se davam bem com os adeptos do pop rock, como Linkin Park. Era muita guerra, coisa que não rola no trap. Tem divisões, mas os estilos se misturam muito. É como se fosse um “vira-latismo” musical, enquanto o rock é muito preso ao pedigree. É também muita inovação, coisa que o rock não faz.”

E quanto a simplicidade e facilidade de criar uma música, o artista comenta:

“Com certeza foi muito importante ter produções incrivelmente simples que fizeram muito sucesso. Beats de graça, letras de literalmente um verso, música pelo celular. Camiseta Confortável, do MC Igu, tem um verso só, no qual ele fala sobre sua camiseta confortável. Mais de um milhão e meio de views. Qualquer um com microfone e computador pode fazer, isso que é a essência do trap, usando samples até de várias músicas de rock famosas e solos de guitarra. Acho que o rock já contribuiu muito para o mundo da música. É aquele velho ditado: “Saber a hora de morrer como herói para não se tornar o vilão”. O rock já foi predominante por muito tempo, agora é hora de deixar as coisas fluírem naturalmente, percebendo o legado que ele deixou.

O trap é fruto de seu tempo, da efemeridade e rapidez que talvez não encaixe tão bem com o rock “quadrado”. Não se pode analisar a música de hoje com o pensamento de ontem. O rock talvez tenha morrido como grande mídia, mas sua herança vive e influenciou todos os estilos musicais de hoje. Tudo tem a sua importância para a história da música, e o rock não foi o primeiro estilo a perder popularidade. 

O mesmo movimento ocorreu com o jazz nos anos 80 e 90. Muitas bandas de jazz fusion surgiam nessa época, e eram muitas vezes criticadas por não serem nem jazz nem progressivas. E era esse o intuito, por isso o nome fusion. Com o tempo, ganharam também o seu espaço na prateleira dos maiores da música, como também podem entrar bandas de rock atual, sendo as mais criativas mais propensas a isso. 

O rock nunca vai morrer. O que foi produzido vai sempre existir e será sempre marcado na história da música. Mais do que um gênero, é um estilo de comportamento. E, com toda certeza, não é um estilo conservador. Rock está sempre associado com “botar para quebrar”, tanto é que alguns grupos  de rap, como o N.W.A., entraram para o Hall da Fama do Rock and Roll. É exatamente o que isso mostra: a essência do rock é ir contra, inovar, se rebelar. E quem critica os que fazem isso não entendeu a mensagem do rock.  

 

[Imagem de capa: Polydor Records/Divulgação]

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