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Verdão e rubro-negro: as perspectivas da expectativa para o Tricampeonato

Final inesquecível inscreve o Palmeiras na história da Libertadores; se tivesse vencido, esse seria o segundo título do Flamengo em três anos

No sábado, 27/11, ocorreu a disputa da final da Copa Libertadores da América no estádio Centenário de Montevidéu. Foi a primeira vez que Palmeiras e Flamengo se enfrentaram numa partida pela competição. Os melhores times do Brasil proporcionaram uma final inesquecível, com momentos marcantes.

O verdão conseguiu uma ótima campanha durante o início do campeonato, chegando a 12 jogos seguidos sem perder fora de casa. Antes da final, teve de ganhar de outros dois brasileiros: o rival São Paulo e o Atlético Mineiro, cogitado como um dos favoritos ao título. 

O rubro-negro vinha de duas temporadas de resultados muito positivos, em que acumulou 9 títulos. Sua campanha até a última disputa resistiu a turbulências na fase de grupos e deslanchou no mata-mata, quando foi atravessada pela transição técnica de Rogério Ceni para Renato Gaúcho. 

Caso o Palmeiras vencesse, seria o primeiro time a ganhar duas Taças Libertadores no mesmo ano, já que a disputa da final de 2020 havia sido postergada para 2021 em decorrência da pandemia de Covid-19. Caso se confirmasse, isso seria um feito que não ocorre desde 2001. Para o Flamengo, era a chance de uma vitória invicta no campeonato a exatos 40 anos do histórico novembro de 1981, quando a equipe de Zico levou para casa o primeiro troféu da Libertadores e o do Mundial de Clubes logo em seguida. Se não bastasse isso, esse seria o segundo título da América em três anos e renderia a chance de disputar mais um Mundial.

O Palmeiras havia perdido ou empatado as três últimas partidas no Brasileirão, inclusive jogos em que os titulares foram escalados. Isso preocupava o torcedor na medida em que os jogadores poderiam chegar completamente desmotivados à final ou, de certa forma, um pouco fora de ritmo por Abel os ter poupado.

Já o Flamengo, nos últimos dias, vinha preservando os jogadores titulares para a final. Com o time reserva em campo, o técnico Renato Gaúcho foi criticado pelo empate contra o Grêmio, que está a caminho do rebaixamento, pelo Brasileirão no meio da semana. Essa não foi a única crítica recente ao técnico, que quase entregou o cargo quando o carioca foi desclassificado da Copa do Brasil no Maracanã, contra o Atlético-PR.

 

O Palmeiras

A primeira vez que o Palmeiras foi campeão da Libertadores eu tinha apenas 2 anos. Nem de longe entendia o que era futebol. Conforme fui crescendo, tive influência direta do meu irmão mais velho — palmeirense roxo e que, coincidentemente, nasceu no mesmo dia do time, 26 de agosto — e acabei me tornando uma torcedora assídua do Verdão. Sempre acompanhava os jogos e minha maior vontade era ver meu time levantando essa taça — até mais que o mundial.

Em fevereiro de 2021, finalmente, pude presenciar tal ocorrido. Quando acabaram os acréscimos, não caiu a ficha de que Breno Lopes tinha feito o gol e tínhamos nos consagrado. Eu chorei! Meu irmão mais velho nem sequer assistiu o jogo. Em compensação, o mais novo saiu gritando por todos os cantos.

Não consigo acreditar que chegamos mais uma vez na final! Porém, o que é mais inacreditável ainda: isso ter ocorrido com esse elenco. Algumas pessoas acham que sou muito crítica, mas, para mim, Abel fez milagre.

Para assistir a final contra o Flamengo, além dos meus irmãos, também vieram meus primos — um deles é são paulino e só veio pela diversão. Estávamos todos apreensivos com essa partida. Era um sentimento que misturava adrenalina e medo. 

Lá no Uruguai, a tarde estava bonita igual aqui em São Paulo. Nós sentamos no sofá para assistir ao jogo. Eu estava vestida com a mesma camisa do Palmeiras e previ que se a vitória viesse algo que eu desejava aconteceria comigo,  assim como na final de fevereiro.

Passaram a escalação do Palmeiras e quando vi Mayke e Luan para “proteger” o lado direito da defesa pensei: “acho que perdemos”.

E começa o jogo. Logo aos 3 minutos, quase Zé Rafael entregou o presente a eles. Susto. De repente, aos quase 6’, Gustavo Gómez deu um lançamento inacreditável, e Mayke, aquele mesmo que eu critiquei, deu um passe perfeito para Rafael Veiga chapar a bola e fazer o primeiro gol. Gritos, muitos gritos.

Aos 16’, Bruno Henrique chegou muito perto do gol — já estava na pequena área. E quem surgiu para cortar essa investida dele? Isso mesmo: Mayke. O Flamengo passou a dominar mais o jogo a partir daí. Teve até defesaça do Weverton, após um chute do Arrascaeta, aos 42’. O plano do Abel, em recuar o time, parecia estranho, pois isso poderia ajudá-los a empatar.

E começa o segundo tempo. 

Logo aos 47’, Gabigol quase alcançou uma bola que raspou a trave. Todos falaram: “por que ele não foi de cabeça?”. Eu disse: “ele fez a jogada certa, que continue a perder gols assim”.

Aos 52’, Rony “rústico” demonstrou talento e quase fez um golaço. UHUUU

Apesar desse lance, o Flamengo que continuou atacando, dominando o jogo e a posse de bola. O plano de Abel não estava dando certo. Isso resultou em um banho de água fria. Nos 72’, em uma jogada rápida, Gabigol balançou as redes. Tristeza. Será que não vamos ser tricampeões? A torcida do Flamengo começou a cantar e o tempo fechou no Uruguai. Os outros e eu nos desanimamos muito. Os comentários se tornaram raros. O medo de tomar o segundo gol ou ir para os pênaltis — porque no Palmeiras, ao que demonstraram outros jogos, só o Veiga sabe cobrar, isso seria derrota na certa —  causou isso.

Chegou a temida prorrogação. 30 minutos de puro sofrimento. Abel decidiu colocar Deyverson. Meu primo falou: “esse cara vai causar”. Realmente ele causou. 

95’. Deyverson toma a bola do volante Andreas Pereira, corre em direção ao gol, completamente isolado e…

Nesse momento, eu pensei que ele ia perder o gol, porque simplesmente não acreditava no título. Já vi o Palmeiras perder tantas decisões nas quais eu estava esperançosa que, apesar de ter ganho em fevereiro, não conseguia deixar o pessimismo de lado. Mas, ele chutou, a bola desviou no goleiro e entrou. GOL DO PALMEIRAS! Gritos, mais gritos. O medo desapareceu e finalmente tive esperança.

A prorrogação foi chegando ao fim. A taça estava cada vez mais perto. Estávamos tão agitados que algo inusitado aconteceu. Aos 120’, Danilo Barbosa chega na pequena área e chuta. Gol!!! É gol! Ganhamos! Isso foi o que eu, minha prima e meu irmão mais novo gritamos. Porém, o meu primo são paulino falou: “não, bateu na rede pelo lado de fora”. Bom, como ele era o único com cabeça naquele momento, por justamente torcer para outro time, percebeu o erro. Foi uma cena icônica.

O juiz fez o favor de dar 3 minutos de acréscimo, só para nos deixar ainda mais apreensivos. Deyverson realmente entrou para causar e catimbar: até se jogou no chão com a mão nas costas, após o juiz — isso mesmo, o juiz — encostar nele. Nisso, gastou um pouco daqueles acréscimos. 

Acaba jogo, acaba logo. E acabou. Juiz apontou o centro de campo. SOMOS TRICAMPEÕES! Saímos gritando e correndo. Meu irmão mais velho soltou fogos aqui na frente de casa e ligou o hino do verdão no último volume. Que felicidade e que alívio!

Empatamos com o São Paulo e o Santos em número de títulos. Isso em um único ano! Nenhum time foi campeão da Libertadores duas vezes no mesmo ano. O que nos resta agora é o tão desejado mundial. Se chegarmos à final, podemos enfrentar o Chelsea. Será que conseguiremos ganhar do mesmo jeito que o rival?

 

O Flamengo

A cada esquina, se via alguém com a camisa rubro-negra. Na televisão, só se falava da grande final. Às 17 horas, a cidade suspendia a respiração em frente às telas, nervos à flor da pele. Hora de dar fim à expectativa acumulada por quase um mês, desde a classificação do time para a final da Copa Libertadores da América.

Eu estava em um bar da vizinhança, diante de uma televisão dividida por muitos outros torcedores com as camisas do Flamengo. Até alguns anos atrás, eu pouco me interessava em futebol. “Qual era o sentido de 22 pessoas correndo atrás de uma bola?”, eu me perguntava. Mas isso foi até eu conhecer a emoção dessa torcida incomparável.

Em um cenário muito parecido, assisti à final do Mundial de Clubes de 2019, entre Flamengo e Liverpool. O restaurante do shopping lotou de tal forma que uma multidão se amontoava de pé em frente à única televisão do estabelecimento — eu inclusa. Eu, que a princípio estava ali despretensiosamente a convite de amigas flamenguistas, me vi ansiosa a cada lance, compartilhando expectativas e emoções com aquele aglomerado de desconhecidos que obviamente compunham uma só Nação. 

Após dois anos acompanhando os resultados do time e torcendo à distância com meus amigos mais próximos, escolhi a final da Libertadores pra vestir o manto pela primeira vez e matar a saudade de dividir a efusão de sentimentos do futebol com uma torcida. Imagine que memorável seria: “Comprei minha primeira camisa no dia em que conquistamos o tricampeonato da Libertadores, eu relembraria posteriormente.

Mas a história, é claro, não foi escrita assim. O Flamengo dessa final visivelmente não estava em seu melhor desempenho. Mesmo com certa vantagem na posse de bola, tinha dificuldade nos passes e estava ficando para trás no número de finalizações. Logo nos primeiros cinco minutos, Raphael Veiga abriu o placar para o Palmeiras. 

Ainda faltava bastante para os 90 minutos da partida e a vantagem inicial do adversário não abalou a confiança do torcedor do carioca, que viu o Urubu garantir o título de 2019 de virada, com dois gols na prorrogação. No segundo tempo, Renato Gaúcho fez algumas substituições, mas o rendimento do rubro-negro não melhorou muito. A cada finalização com bola fora da rede, o torcedor via a taça mais distante. 

O gol de Gabigol, aos 27 minutos do segundo tempo, restaurou a fé da torcida na virada. Uma explosão de gritos e tapas na mesa denunciavam a ansiedade acumulada. Mas o verde dessa esperança durou pouco, bem menos que o verde palmeirense estampado nas manchetes. O placar foi fechado na prorrogação do segundo tempo pelo gol de Deyverson, que eternizou o 2 a 1. 

O desagrado da torcida era palpável, havia muita expectativa em jogo, mas a resignação também ganhou seu espaço. Não teve festa na favela, não teve comemoração para a maior torcida do país, mas ainda acredita a Nação: “Flamengo não é time, Flamengo é seleção”. E, ao fim do jogo, a massa rubro-negra certamente desligou seus televisores fiel ao que afirma seu hino: uma vez Flamengo, sempre Flamengo.

 

*Imagem de capa: Jogadores do Palmeiras levantam o troféu. [Cesar Greco/Palmeiras]

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