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Disney+ | ‘Viúva Negra’: um filme perdido no mundo e no tempo

Após 11 anos da sua estreia no Universo Cinematográfico da Marvel, a heroína ganha seu longa solo para explorar sua persona em um momento em que isso já não importa mais

Viúva Negra (Black Widow, 2021) é o filme solo da personagem de mesmo nome que busca explorar um pouco do passado da vingadora e responder perguntas que pairavam sobre a personagem desde que ela foi introduzida no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). A história não poderia ser mais simples: Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), reclusa e em fuga, contra sua vontade é obrigada a encarar seu passado, que a levou a se tornar a espiã que todos conhecemos, e para isso deve se unir com alguém de seu passado para encerrar o assunto de uma vez por todas.

A obra segue a fórmula padrão da Marvel de cabo a rabo em seus acertos e erros, o que não é necessariamente algo ruim, mas impede que a personagem, que teve que esperar 11 anos para ter seu filme solo, atinja o potencial que todos os envolvidos na produção poderiam ter entregue. Dentro da fórmula do MCU, Viúva Negra cai em velhos clichês que poderiam ser evitados, como o humor excessivo, vilões mais do que esquecíveis, cenas de ação que tentam ser grandiosas ao invés de originais e referências exageradas das outras franquias do universo. Esses problemas se evidenciam ainda mais no segundo ato do longa, pois, no primeiro, parece que o filme dá indícios que irá abordar um lado mais voltado ao suspense e espionagem do que o lado galhofa dos quadrinhos.

Em cena de Viúva Negra, Natasha e Yelena em uma moto. [Imagem: Divulgação/Marvel Studios]
As Viúvas Negras são o ponto auge do filme. [Imagem: Divulgação/Marvel Studios]
A estruturação do longa, tanto interna como externa, é um fator que joga contra ele. É impossível analisar as produções do MCU sem considerar os encaixes delas no cronograma geral de eventos. O planejamento desse universo faz com que os acontecimentos dos filmes anteriores afetem a narrativa interna de Viúva Negra. Logo no começo vemos Natasha fugindo da perseguição causada pelos acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War, 2016), o que não é necessariamente ruim, pois permite explorar o lado furtivo da personagem, suas habilidades além de uma lutadora e conectada diretamente com seu passado. No entanto, se o primeiro ato vende essa ideia, o segundo faz questão de ignorá-la, assim, deixa de lado o clima de espionagem construído e muda o foco para algo mais ligado a temática de família que briga, dessa forma, o protagonismo  é voltado para o tema de redenção.

Os problemas de tom ficam mais claros quando os demais personagens entram em cena. Yelena Belova, personagem de Florence Pugh, é quem coloca a história em movimento. Após trair a organização da qual fazia parte, ela vai atrás de Natasha, sua irmã adotiva, pedir ajuda para lidar com a ameaça. As cenas que ambas estão juntas são ótimas para mostrar como elas veem seus respectivos passados e como cada uma carrega a culpa do que fizeram. E se o filme se limitasse as duas personagens encarando essa questão,  os temas de sororidade e redenção funcionariam bem melhor, mas ao trazer mais gente para essa dinâmica, perde-se tempo de tela que poderiam aprofundar esses pontos. As personagens Melina Vostokoff (Rachel Weisz) e Alexei Shostakov/Guardião Vermelho (David Harbour), respectivamente as figuras maternas e paternas de Natasha e Yelena, não adicionam muito no arco de ambas.  Melina  serve só como ponte para o plano do vilão de Viúva Negra e a persona de Harbour é  um lembrete que elas são soldadas da União Soviética e alívio cômico, o que contradiz muito com o personagem que havia sido mostrado no começo do filme.

Guardião Vermelho abraçando Natasha e Yelena. [Imagem: Divulgação/Marvel Studios]
Nesse filme, David Harbour é, como diriam os jovens, cringe. [Imagem: Divulgação/Marvel Studios]
Outro problema que o longa sofre por fazer parte do MCU é não poder fazer com que a personagem de Johansson tenha arcos que a transformem. Toda a linha do tempo da Viúva Negra está traçada antes mesmo de seu filme solo ter sido anunciado. Sabemos que ela não confia nos outros, o porquê Natasha entrou e se juntou a SHIELD, o significado que ela dá para aqueles que  considera família e até mesmo quando e como morre. Então, o que resta nessa obra para a personagem entender? E mesmo que haja, por que não há referências a essa mudança nas produções que se passam após essa? E qual o real risco que Romanoffsofre se sabemos qual é o seu destino? Isso é um grande desafio que o roteiro  encara, ter que construir uma novidade para uma persona que precisa se encaixar em algo já finalizado. Se a película quer que ela entenda que o valor da família são as pessoas, por mais que falhas, que estão lá por nós, como isso é diferente do arco que ela tem em Guerra Civil, em que ela trai Tony Stark para ficar no lado do Capitão América? Esse filme somente responde sobre a personagem é como ela arranjou o jato, o cabelo loiro e o colete que vimos em Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, 2018).

Viúva Negra é a despedida de Scarlett Johansson, um filme mediano, tardio e deslocado que perdeu a chance de ser a primeira película de uma super-heroína feminina, apesar de ter sido a primeira a ter uma grande popularidade nesta nova era dos “quadrinhos”. Com um núcleo emocional confuso, ele perde a força dentro da fórmula Marvel, tornando-se uma amálgama de cenas de ações genéricas com cenas expositivas sobre o passado da personagem titular.  Se você quer conhecer mais sobre a personagem, esse longa entrega, literalmente, as respostas, por mais que elas não adicionem muito a persona. Agora, se você está procurando algum entretenimento envolvendo espionagem e ação desenfreada ou só quer uma obra de super-herói para passar a tarde, talvez existam opções melhores para isso.

Viúva Negra está em cartaz nos cinemas brasileiros e disponível para assinantes da plataforma de streaming Disney+ com o premier access. Confira o trailer:

*Imagem da capa: Divulgação/Marvel Studios

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