Este filme faz parte da 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique aqui.
Apesar de ser uma das regiões que mais adotou leis contra a homofobia, a América Latina ainda abriga alguns dos países onde é bastante difícil ser homossexual. Em 2012, o assassinato do chileno Daniel Zamudio, jovem gay de 24 anos, se tornou símbolo da luta contra a homofobia no Chile, e inspirou o filme Nunca vas a estar solo (2016).
O diretor Alex Anwandter é músico e dirigiu diversos videoclipes antes de fazer esse que é seu primeiro longa-metragem. A influência musical é bastante presente na produção, já que o protagonista Pablo (Andrew Bargsted) é um estudante de dança que se prepara para uma audição. As cores do figurino do personagem e suas cenas de performance deixam claro o tom pop, que se misturam ao nublado da paisagem das externas.
A primeira parte do filme se propõe a mostrar o cotidiano de Pablo como adolescente gay: as festas, a preparação para audição, a melhor amiga que insistem em pensarem que é sua namorada e sua relação com um novo namorado, que esconde o relacionamento de seus amigos homofóbicos. A relação com o pai, Juan (Sergio Hernandez) é boa, apesar de conversarem pouco, fato que será crucial para a segunda parte, focado nas dificuldades de Juan em pagar o tratamento do filho e dele conseguir compreender o que aconteceu, como e se poderia ter evitado a tragédia e de se transformar em alguém mais forte do que era.
Com sequências que podem lembrar alguns filmes de Xavier Dolan e Pedro Almodóvar, Nunca vas a estar solo é um longa dolorido e necessário, além de ser uma ótima estreia de um diretor para ficar de olho.
por Mel Pinheiro
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