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44ª Mostra Internacional de SP: ‘Panquiaco’

Esse filme faz parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto. Quando perguntada se Panquiaco (2020) é uma ficção ou um documentário, Ana Elena Tejera, diretora e roteirista da produção, afirma com simplicidade: “é cinema”. O longa foi selecionado para o …

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Esse filme faz parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto.

Quando perguntada se Panquiaco (2020) é uma ficção ou um documentário, Ana Elena Tejera, diretora e roteirista da produção, afirma com simplicidade: “é cinema”. O longa foi selecionado para o Festival de Roterdã no início deste ano e agora participa da competição Novos Diretores na 44º Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. A pretensão é unir poesia e imagem para retratar os temas de identidade e cultura indígenas.

A figura central do filme é Cebaldo (Cebaldo de Léon Smith), um homem de origem Guna, no Panamá, que trabalha em um porto na região norte de Portugal. Longe de sua terra e de sua comunidade em Guna Yala, ele se insere em novos costumes que o colocam em um transe entorpecente, até o momento de retorno a seu lugar de origem. O documentário acompanha a evolução do isolamento e da despersonalização de Cebaldo em terras portuguesas à nostalgia paralela à dissimilação que acompanha o personagem em território Guna.

Dentro de uma narrativa sem contextualizações e com pouquíssimos diálogos, é fácil se perder durante a exibição. A fotografia encantadora é capaz de explorar o melhor dos ambientes naturais e capturar a essência das emoções em tela, mas não é suficiente por si só para sustentar a produção durante 80 minutos. Apesar de Cebaldo ser o fio condutor, a narrativa carece de um respaldo mais sólido para a conexão entre cada parte.

Comemoração dos 90 anos da Revolução Tupe. [Imagem: Divulgação/Mestizo Cinema]
É difícil diferenciar os instantes de espontaneidade dos arquitetados, pois a maioria das interações no longa parecem atuadas. As cenas que retratam as tradições do povo Guna são o grande destaque e conferem uma atmosfera mais genuína à produção. Os processos de luto e ritos funerários são envolvidos em cantos tristes e a dor é compartilhada por toda a comunidade, que une-se em apoio mútuo. Em contraste, as danças e a festividade percorrem a terra durante a comemoração dos 90 anos da Revolução Tule, quando indígenas Guna se rebelaram contra autoridades panamenhas que queriam ocidentalizar seus costumes à força.

Inúmeras questões relevantes são deixadas de lado até o último instante de Panquiaco. Dentre elas, pode-se destacar a falta de aprofundamento na apresentação de Cebaldo ao público, que tem somente ínfimas características reveladas, o que dificulta a imersão nos momentos mais íntimos do protagonista. A mais incômoda, no entanto, é a falta de elementos narrativos que guiem a progressão do filme e o entendimento do espectador. Isso pode levar a incompreensões e estranhamentos quanto às simbologias utilizadas.

O resultado final de Panquiaco é um emaranhado de signos descontextualizados, ainda que esteticamente agradáveis.

Confira o trailer:

*Capa: [Imagem: Divulgação/Mestizo Cinema]

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