Em mais uma parceria bem humorada, os atores e amigos Owen Wilson e Vince Vaughn voltam na comédia Os Estagiários (The Internship, 2013). Interpretando dois quarentões que perdem seus empregos de longa data como vendedores, a dupla aposta num programa de estágios da Google como solução dos seus problemas.
O roteiro do filme, de Vince Vaughn e Jared Stern, não é nada muito complexo, resultando num filme leve e sem muita profundidade, ideal para o entretenimento e diversão de todas as idades. Segundo Vaughn, a ideia do enredo surgiu quando assistiu a uma reportagem do programa “60 minutes”, na qual a empresa Google era apontada como um dos melhores lugares para se trabalhar no mundo.
Nick (Owen Wilson) e Billy (Vince Vaughn) eram vendedores de relógios com muito talento em sua área, porém os produtos que vendiam tornaram-se obsoletos, pois as pessoas passaram a utilizar o celular para consultar as horas (argumento utilizado pelo chefe dos dois, interpretado por John Goodman, ao fechar a empresa do dia para a noite). Sem rumo e com contas a pagar, Nick vai trabalhar na empresa de colchões com seu cunhado tatuado (breve participação de Will Ferrell) e Billy decide procurar uma vaga de emprego na Internet, mas acaba “empacando” na página de busca da Google. Em um momento de epifania, ele encara o computador e tem a grande ideia que dá rumo ao filme.
Motivados, decidem tentar a sorte no programa de estágios da Google, resultando na cena hilária de suas entrevistas por conferência online, evidenciando a total falta de capacidade de ambos para lidar com o mundo digital. Porém, pelo fato de serem diferentes da maioria dos outros candidatos (jovens e nerds), são convocados para o programa. E aí entra outro ponto alto da trama: a incrível Toyland da Google e a dinâmica de seu programa de estágio, composto por diferentes desafios.
Inicialmente, os protagonistas destacam-se negativamente em relação aos demais, por serem muito “analógicos” para os tempos atuais. Porém, os maiores desafios começam após a divisão dos participantes em grupos. Juntos num time com outros competidores que não foram escolhidos por ninguém, eles têm de transpor a primeira barreira: o choque de gerações, o que resulta em cenas divertidas.
Passada essa fase inicial, o time consegue se unir, aprendendo muitas coisas e encarando as dificuldades com a tecnologia e a competitividade de outros participantes. Através do espírito de equipe e de clichês motivacionais, o grupo evolui nos desafios propostos pela empresa.
A atuação dos atores principais ser considerada hilária não é nenhuma novidade. Porém, a interação com o resto do grupo, composto por diferentes tipos de nerds – o bonitinho viciado em celular, a tarada reprimida, o garoto criado pela mãe severa e o esquisitinho tímido – arranca boas risadas do espectador, principalmente nas cenas do desafio esportivo e do strip club.
Atrás das câmeras, outra parceria também deu muito certo: a do diretor Shawn Levy e da empresa Google. Segundo Levy, a gigante pediu que fosse feito um filme leve e divertido e o realizador levou esse pedido em consideração. O logo da multinacional aparece milhares de vezes durante o filme, evidenciando uma forte parceria e colocando em dúvida os interesses por trás da produção do longa, mas o filme não deixa de atender a sua proposta inicial, que é abordar os temas de conflito de gerações e evolução tecnológica.
Por Mirella Kamimura
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