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Animes de esportes: das pistas, quadras e piscinas para as animações

As produções desse gênero podem ser fiéis à realidade, fantasiosos e até mesmo focar mais no desenvolvimento dos personagens

Os animes são produções animadas japonesas que fazem sucesso no mundo todo. Existem diversos tipos de gêneros e para todos os gostos. Sendo assim, é claro que os esportes não poderiam ficar fora disso. Quem não se lembra do Oliver Tsubasa do Super Campeões (Captain Tsubasa, 1983 – 1986), de futebol? Ou do Shoyo Hinata do Haikyuu!! (2014), de vôlei?

Mas os animes de esportes não se restringem ao vôlei ou futebol — aliás, no Japão, esses não são os mais numerosos e têm apenas homens como protagonistas principais. Contudo, um mangá de futebol que recentemente se tornou anime é o Sayonara Watashi no Cramer (2021), cujo foco está em equipes femininas.

Características dos animes de esportes em geral

Existem aqueles que tentam ser fiéis à realidade, os fantasiosos ou que focam mais no desenvolvimento dos personagens. Em entrevista ao Arquibancada, Helena Demarchi, formada em Rádio e TV, e Paloma Lourenço, jornalista, fundadoras do blog de animes “Chimichangas”, nos contaram sobre essas diferenças. 

Alguns deles levam o realismo ao extremo. Slam Dunk (1993 – 1996), um mangá que fez bastante sucesso e mais tarde se tornou uma animação, passa jogos realistas de basquete e tenta ensinar ao público todas as suas regras. Como destaca Paloma, “Slam Dunk é tão realístico no basquete que o autor coloca as plaquinhas mostrando as regras básicas. Ele vai te ensinar todas as regras e os jogos são muito realísticos”.

Em contrapartida, há os que têm poderes. No Super Onze (Inazuma Eleven, (2008 – 2011) por exemplo, os chutes a gol, as defesas da zaga e do goleiro têm uma fala semelhante a um golpe de jogo de videogame, como o “Punho da Justiça”, utilizado pelo personagem principal, Satoru Endou. 

Outros alteram poucas coisas para dar mais emoção e fluidez na animação, como Haikyuu, que muda as regras de sets no vôlei. “Num jogo normal de vôlei eles fazem três sets, até cinco em caso de empate. Em Haikyuu!!, eles fazem dois sets e três em caso de empate”, explica Helena.

Animes e prática de esportes

Assistir a essas produções pode, inclusive, despertar o interesse pelos esportes, vontade de acompanhá-los na vida real e até mesmo praticar. Marcel Kenji, que conhece esse gênero desde 2015, explica que “as emoções que os animes passam me fazem ter vontade de voltar a praticar esportes, muito pela saudade de sentir as sensações de quando estou praticando”.

No caso do Slam Dunk, graças ao seu grande sucesso, os japoneses passaram a querer praticar esse esporte. “Realmente aumentou a quantidade de pessoas que estavam jogando basquete e queriam se profissionalizar. As pessoas começaram a assistir mais NBA, por exemplo, e começaram a ir mais em jogos do Japão de basquete, começaram a se interessar pelas regras”, afirma Paloma.

O contrário também pode acontecer. Esportes de sucesso podem gerar a produção de animes. O beisebol, que tem grande popularidade no Japão, induziu a diversas produções de animes, como Major (2004 – 2010) e invade até animes de outros tipos. A jornalista do Chimichangas enfatiza que há clubes de beisebol em qualquer obra de Slice of Life — animes que tratam do cotidiano — ou romance escolar. A parte cultural e gosto do público, nesse caso, é um dos fatores essenciais para essas produções.

Público alvo

Em boa parte, o público masculino é o mais visado pelas produtoras. Percebe-se isso pelos animes desse tipo focarem principalmente em protagonistas homens. Paloma falou que isso ocorre porque as histórias voltadas a esse nicho são mais rentáveis e esse mercado já existe. “Para as mulheres, isso precisou ser conquistado aos poucos”, completa.

Há animes voltados ao incentivo das mulheres para praticar esportes como o Sayonara Watashi no Cramer, citado no começo desta matéria. Mas no geral, conforme as fundadoras do Chimichangas, o foco é na história e desenvolvimento da personalidade dos personagens. 

Em Free! (2013), anime de natação, apesar de haver a competição entre os cinco nadadores e o personagem principal Haruka Nanase querer se tornar um atleta olímpico, não trabalha tanto a questão da natação. Ele apresenta várias cenas de fanservice, justamente para atrair o público feminino. O mesmo ocorre para o público LGBTQIA+. O Yuri!!! on Ice (2016), que tem a temática de patinação no gelo, atrai esse público com o carisma e interação entre personagens apesar de, por outro lado, trabalhar bem o esporte que aborda.

Já quando se trata de atletas, essas animações também são populares. O próprio Yuri!!! on Ice faz bastante sucesso entre os patinadores. Ele até teve uma de suas trilhas sonoras utilizada na apresentação de patinação do Japão em duplas durante as Olimpíadas de Inverno de 2018, em PyeongChang. 

Animes mais famosos

Helena e Paloma disseram que o anime de esporte mais famoso possivelmente é o Haikyuu!!. Se juntar o quesito venda de mangás, elas elegem o Slam Dunk. Em relação a quantidade produzida, seriam os de Beisebol, justamente por esse ser um esporte bem popular no Japão.  Elas acreditam que animes de boxe e artes marciais podem ter bastante força no mercado e merecem uma menção honrosa.

Por fim, Paloma destaca a importância do mangá de Ashita no Joe — feito entre 1968 e 1973 — que,  para além de uma simples luta de boxe, comoveu uma geração inteira de japoneses. “Ele foi um fenômeno tão grande que morreu um personagem muito importante na história e as pessoas foram na editora fazer um velório para o personagem [Toru Rikiishi]”, reitera.

Essa relevância se dá pelo mangá aproximar os personagens ao cidadão comum e estar inserido num período em que surgiam grupos anti-imperialistas, estudantis e protestos eram feitos. Então, acabou se tornando um símbolo muito forte aos japoneses — agregando tanto movimentos de direita como de esquerda.

Imagens do funeral feito para o personagem Toru Rikiishi, de Ashita no Joe, em 1970, em Tóquio.

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