A sociedade capitalista é a sociedade do lucro, da produtividade. Nela, é comum perder-se na lógica utilitarista, deixar-se levar pela busca incansável por propósitos materiais. Mas todos, cedo ou tarde, percebem que as únicas coisas que nos pertencem, e pelas quais se vive, são as emoções. O prelúdio de Moana: Um Mar de Aventuras, o curta Trabalho Interno (Inner Workings), do diretor brasileiro Leonardo Matsuda, traz essa reflexão em um divertido embate entre coração e cérebro. Acompanhamos a rotina de um homem dividido, como todos nós, entre os ímpetos cordiais e o consequencialismo cerebral. Quem nunca quis largar o emprego e sair mochilando pelo mundo ou, faltar uma reunião de negócios para aproveitar um dia ensolarado só para, em um fração de segundo depois, ter de encarar a realidade? A animação mostra que viver sob a ditadura do cérebro pode ser tão perigoso quanto da do coração.
A forma, porém, não acompanha a ideia da narrativa. Se as emoções são tão importantes como mostra a história, Trabalho Interno deveria emocionar o espectador, mas não consegue. Falta-lhe uma trilha sonora marcante e um ritmo mais pausado. O final poderia surpreender, mas nem isso. Como aposta para o Oscar de Melhor Animação, a Disney deveria esforçar-se mais.
https://www.youtube.com/watch?v=MucObPCKVc8
por Daniel Miyazato