*Imagem de capa: [Reprodução/Twitter @Argentina]
Final não se joga, se ganha. Foi esse o lema que guiou a vitória argentina sobre o Brasil em pleno Maracanã nesse sábado, 10. Na falha individual de Renan Lodi, Di María encobriu Éderson e anotou aquele que seria o gol do título da polêmica Copa América. O gol, também, da redenção: eram 28 anos de jejum, sem levantar um caneco sequer. O templo do futebol, onde Lionel Messi já havia perdido uma Copa do Mundo, protagonizava o alívio de uma geração — agora ainda mais — brilhante.
Aliás, falemos em craques geracionais. O embate decisivo foi muitas vezes resumido por Neymar contra Messi. Ex-companheiros de Barcelona, eles são os rostos e as pernas de suas seleções. São aqueles jogadores que, daqui a décadas, nomearão um período histórico: “você lembra da seleção de Neymar? E de Messi?”
A pressão estava no argentino para evitar mais um fracasso, mas o fardo sobre o brasileiro era e ainda será tão grande quanto. Ninguém mandou ser o único fora de série no país do futebol; o preço disso é ser taxado pelas derrotas e, talvez, exaltado nas vitórias.
O jogo de ontem, contudo, não foi da dupla. O gol decisivo ditou os 70 minutos seguintes de “futebol”: uma Argentina defendendo a todo custo as suas redes. E com a excelência da casa: as faltas pontuais diminuíam o ritmo do jogo e limitavam Neymar.
Bom pontuar que essa é a tônica do jogo do nosso camisa 10: ser parado com faltas nos grandes jogos. Por mais que desleal, é um recurso legítimo do esporte. Quem sabe aproveitar, tanto o defensor quanto o atacante, sai na frente. O Brasil, que até cometeu mais faltas ao fim do jogo — 22 a 19 —, pouco fez em bolas paradas.
Richarlison e Gabriel Barbosa tiveram as únicas chances reais de gol, desperdiçadas. Messi também teve frente a frente com Éderson para se coroar, mas perdeu o domínio da bola e coroou apenas sua partida sem brilho. Quem, porém, vai lembrar disso? O brilho muito mais brilhante está naquela taça. E assim se faz o futebol: a narrativa é escrita pela bola que estufa a rede. O gramado é mero bastidor perto do que constitui o gol. A Argentina soube vencer, e não interessa muito como, desde que seja eficiente.
O próximo capítulo é a Copa do Mundo, no fim de 2022. A seleção brasileira sai fragilizada: perde o título em casa e aumenta a desconfiança técnica. O seu papel político de ser o único elo de união em um país tão polarizado também foi alvejado, após o rebuliço em vão contra a Copa América em pandemia e os escândalos da Confederação. Não se constitui uma crise, mas sim um cenário de distanciamento entre povo e futebol nacional.
É sim um problema preocupante e muito mais profundo que Neymar, Tite ou Renan Lodi: o Brasil deve na formação de talentos e de líderes. O amor do brasileiro ao futebol é a sobrevida desta, e a seleção falha em preservá-lo em todos os aspectos. Algo que não é de hoje.
Os argentinos, em minha visão, saem aliviados. Com Messi nos finalmentes, o título assegura que a passagem de um dos maiores jogadores da história do esporte pela albiceleste não será em branco. A Copa de 2022 virá, portanto, de forma mais amena no sentido da pressão por título. Talvez isso seja uma liberdade para o craque praticar seu melhor futebol, dentro do que sua idade ainda oferece. Como fã do esporte, afirmo: Messi merecia esse capítulo em sua história. Como brasileiro, reitero: a seleção precisa, urgentemente, voltar a se ligar a seu país.
Uma boa análise, realmente pelo meu pouco conhecimento sobre futebol eu consegui entender bem o decorrer do jogo
otimo!!
Bela análise!