por Jullyanna Salles
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A dupla Asterix e Obelix nasceu em formato de quadrinhos em 1959, mas nunca se limitou a ele. No cinema, a série já foi explorada em mais de dez produções, muitas criticadas fervorosamente, como é o caso do longa Asterix e Obelix contra César (Astérix et Obélix contre César, 1999), estrelado por Gérard Depardieu. Em 2016, os gauleses são apresentados pela primeira vez em animação computadorizada e parece que finalmente encontraram o seu lugar dentro da sétima arte. Dirigido por Louis Clichy e Alexandre Astier, Asterix e o Domínio dos Deuses (Astérix: le Domaine des Dieux, 2014), é lançado no Brasil dois anos após a estreia na França, mas chega a tempo de encantar pela simplicidade.
Fazendo uso dos mais de 50 anos de sucesso da dupla de gauleses, os roteiristas se deram o direito de não fazer apresentações no longa. Os personagens são inseridos na história já em ação: Obelix correndo atrás de um javali e Asterix tomando a poção feita pelo mago Panoramix para alcançá-lo. Enquanto isso, o imperador romano Júlio César planeja vencer os bárbaros com uma estratégia diferente. Ao invés de enfrentá-los, decide colocar aos seus olhos os delírios de um capitalismo romano em ascensão.
À princípio, a ideia civilizatória é bastante estranha para um bando de gauleses que vêem prazer na pancadaria, mas a lógica do lucro facilmente os cativa e não demora muito até que a aldeia esteja frágil frente aos possíveis ataques de Júlio César. A partir de então, Asterix precisa restaurar o afeto gaulês pelo estilo de vida próprio para conseguir ajuda e impedir a destruição de seu lar.
Com personagens caricatos, piadas simples e bons efeitos sonoros, o longa é engraçado do começo ao fim e cumpre bem a função de entretenimento infantil. A sequência de ações é intensa e um segundo de distração pode custar uma gargalhada a menos. Além disso, é possível perceber certa moderação no grau de violência do filme, quando comparado às outras produções e à essência da série. Muitas cenas de pancadaria são subentendidas, mas sem deixar de existir.
O resultado é uma produção muito bem feita, que agrada fãs antigos e acolhe novos admiradores. Asterix e o Domínio dos Deuses traz, sobretudo, uma boa adaptação em 3D da série que, classicamente em 2D, sofreu para providenciar inovações estéticas atraentes. Se a receita for seguida, tudo indica que a história dos quadrinistas Albert Uderzo e René Goscinny poderá ganhar outros bons filmes nos próximos anos.
Confira o trailer: