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Um nerd para todos governar

Os primeiros segundos do filme, com o símbolo da Universal sendo exibido em 8-bits, não deixam mentir: “Scott Pilgrim Contra o Mundo” (Scott Pilgrim vs. The World) é um filme basicamente nerd. As espertas referências sobre a cultura pop, o nível de comédia baseado um bocado no nonsense e no humor herdado de histórias em …

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Os primeiros segundos do filme, com o símbolo da Universal sendo exibido em 8-bits, não deixam mentir: “Scott Pilgrim Contra o Mundo” (Scott Pilgrim vs. The World) é um filme basicamente nerd. As espertas referências sobre a cultura pop, o nível de comédia baseado um bocado no nonsense e no humor herdado de histórias em quadrinhos –  o que é um tanto quanto natural, já que a película é baseado numa HQ de Brian Lee O’Malley – e o visual de videogame das cenas de ação só reforçam a idéia. Mas não estamos falando aqui de um filme de nicho. Se você passou sua adolescência inteira longe de ficar trancado no seu quarto com revistinhas e jogos, ainda é possível apreciar este longa-metragem.

Scott Pilgrim (Michael Cera) é um “adolescente atrasado” de Toronto que toca numa banda de garagem, a Sex Bob-omb, e deseja o sucesso. Ele “namora” Knives Chau, uma colegial cinco anos mais nova que ele. Namorar é força de expressão: eles jogam Dance Dance Revolution toda tarde, mas nada de beijos ou amassos. Ao mesmo tempo, o herói ainda não se recuperou do pé-na-bunda que levou de sua última namorada, agora uma estrela do rock. É nessa hora que ele se apaixona por Ramona Flowers, uma americana cool cujos cabelos mudam de cor semanalmente. Se isso tudo ainda não fosse um problema, pra ficar com ela, Pilgrim terá que lutar contra sete mal-encarados ex-namorados da moça.

Esses conflitos são um grande pretexto para que se exponham algumas das mais divertidas cenas de batalha do cinema recente – de uma disputa de baixo elétrico (porque guitar heroes já não têm mais graça) a lutas com espadas impactadas pelo universo gamer. Não é a qualquer hora que um protagonista recebe uma arma com o singelo nome de “Espada do Amor Próprio”, com direito a um “bônus” de pontuação. Além disso, serve para mostrar que os nerds também amam e, por isso, o filme pode ser visto por qualquer público.

Scott Pilgrim, antes de ser um nerd, é um desajustado – especialmente no que diz respeito a garotas. Ele mora com um amigo gay, que o ironiza durante todo o filme (vale a pena prestar atenção na cena que emula o clássico seriado Seinfield). Sua irmã liga pra ele a todo o momento para debochar ou reclamar das besteiras que Scott faz. Ele é tímido, não consegue superar relacionamentos passados, usa xavecos ruins e tem a capacidade de falar as coisas erradas nas horas erradas. Mas ao mesmo tempo, ele tem um ótimo coração e é capaz de amar e lutar por seu amor. Isso soa como um gigantesco clichê, mas é essa história de amor – e algumas piadas um pouco mais acessíveis, como a cena do roubo do namorado da irmã de Scott pelo amigo gay – que tornam o filme uma boa diversão mesmo pra quem não vive sua vida como uma canção dos primeiros discos do Weezer.

Duas coisas ainda são dignas de nota: Michael Cera vem, filme a filme (Juno, Superbad, Uma Noite de Amor e Música), se consagrando como o grande ator desse tipo de personagem.  O que pode ser tanto benéfico – por consagrá-lo e criar identificação fácil com o público – quanto horrível – quantos atores não ficaram estigmatizados por interpretarem apenas um tipo de personagem? E preste atenção na trilha sonora caprichada, seja nas canções originais de Beck e do Broken Social Scene, seja na recuperação de clássicos do rock como “Teenage Dream”, do T-Rex, “To Ramona”, de Bob Dylan, e “Under My Thumb”, dos Rolling Stones. 

Há um momento, indeterminado nos últimos dez anos, que virou moda ser nerd – ou pelo menos se parecer com um. Não cabe aqui discutir se isso é bom ou não. A questão é: se isso realmente interessa às pessoas, eis aqui o exemplo a ser seguido. Com muito humor, bons diálogos e um ritmo ágil, muito próprio dentro do que se chama “cinema contemporâneo”, “Scott Pilgrim Contra o Mundo” pode amealhar – se é que a HQ já não fez isso – uma série de seguidores fanáticos, assim como Star Wars ou O Senhor dos Anéis, ainda que em menor proporção, claro. E no meio desse turbilhão de ícones de 15 minutos, algo poder chegar ao ponto de despertar tanto fascínio assim, meus amigos, não é pouca coisa.

Por Bruno Capelas

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