A maior rede de departamentos do Brasil, C&A, lançou há pouco tempo a sua campanha “Tudo lindo e misturado”, que aqueceu o debate sobre a moda Genderless. No entanto, ao contrário que muitos imaginam, o nome “Tudo lindo e misturado” não remete especificamente à mistura dos gêneros, mas diz sobre as figuras que vão compor os comerciais da marca, que não mais serão estrelados somente por celebridades, mas também por “gente como a gente”.
https://www.youtube.com/watch?v=9b1SJGc3xE4
Ainda assim, num comercial ousado (mas nem tanto) a C&A mostrou por alguns segundos algo raramente visto no mundo da moda brasileiro: um homem de vestido. Estampadíssimo, pra completar. O momento poderia ter durado mais e sido mais revolucionário, mas foi o suficiente pra que o assunto entrasse na agenda da mídia. Contudo, as fotos e outros vídeos da campanha são mais do mesmo: homens com roupas “de homem”, mulheres com roupa “de mulher”. Para além do que se encaixa ou não nessas categorias binárias, é bom que as marcas de roupas saibam que não estão inventando a roda. Ou reinventando. A moda não tem gênero, mas a imposição das marcas de roupa se dá indiretamente: roupas pensadas para o corpo feminino, com um tamanho limitado, impactam não só homens que quiserem utilizar a peça, mas também mulheres que não se encaixam nesses padrões (isso já é assunto pra um outro texto). O contrário também acontece, roupas masculinas tendem a ser maiores e menos ajustadas.
Levando isso em consideração, a marca Melissa aderiu a moda Genderless de maneira muito mais prática e fashion. Ao invés de apresentar uma coleção toda cinza e larga, como fez a marca Zara, a Melissa aumentou a numeração de seus calçados até então direcionados ao público feminino, além de lançar outros modelos Genderless.
Cabelo, roupas e acessórios não são apenas cabelos, roupas e acessórios. A moda pode ser usada como arma de combate contra opressões, para expressar sentimentos e ações. A moda Genderless é, nesse sentido, muito mais do que uma nova tendência, mas um movimento que propõe as pessoas que elas usem o que bem entenderem, não só o que é socialmente aceito e endosado.
(Imagem em destaque: Jesse Prat, Flickr)
Por Natália Belizario Silva
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