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Ave, César! – um filme com muitos filmes

por Pedro Graminha graminhaph@gmail.com Atualmente, Hollywood amargura uma difícil crise de inspiração, com cada vez mais remakes e sequencias praticamente forjadas. Em Ave, César! (Hail, Caesar!, 2016), os cineastas Joel e Ethan Coen retratam a “Era de Ouro” da indústria de cinema norte-americana, nos anos 50, época de superproduções que se tornaram verdadeiros clássicos do …

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por Pedro Graminha
graminhaph@gmail.com

Atualmente, Hollywood amargura uma difícil crise de inspiração, com cada vez mais remakes e sequencias praticamente forjadas. Em Ave, César! (Hail, Caesar!, 2016), os cineastas Joel e Ethan Coen retratam a “Era de Ouro” da indústria de cinema norte-americana, nos anos 50, época de superproduções que se tornaram verdadeiros clássicos do cinema, como Ben-Hur (Ben-Hur, 1959). Porém, o que os cineastas apresentam é uma visão diferente do espetáculo apresentado nas telas: O alvo dos irmãos Coen são os bastidores, a verdadeira realidade existente por trás do “fazer cinema”.

Eddie Mannix (Josh Brolin), é o assistente de produção da Capitol Studios; apresentado logo na primeira cena como um homem extremamente ocupado, que vive constantemente sob o controle do tempo, “oprimido” pelo relógio que carrega em seu pulso. Não é por menos: todo o funcionamento do estúdio depende do trabalho de Mannix – desde as partes burocráticas até socorrer atores problemáticos que poderiam trazer uma imagem negativa ao estúdio.

Os problemas do assistente se tornarão verdadeiramente graves após o ator principal do filme Ave, César!, Baird Whitlock (George Clooney), ser sequestrado. Assim, ele deverá correr contra o tempo – seu maior inimigo –  para impedir que o desaparecimento vaze na imprensa, e trazer o galã de volta o quanto antes para que as gravações possam ser concluídas.

O filme se revela aos poucos para o espectador. Não se resume apenas ao humor e as situações absurdas que são apresentadas, vai além. É um filme de embate entre realidade e ficção, já que Hollywood, segundo um personagem em determinado momento do filme, nada mais é do que  “uma indústria do faz de conta”, pois ao mesmo tempo em que o cinema norte-americano vivia seu auge, e a ideologia de vida estadunidense era divulgada ao mundo, vivia-se na iminência da aniquilação total da Guerra Fria.

Ave, César! 1
Foto: Reprodução

Realidade e “faz de conta” também se contradizem na vida pessoal dos personagens – atores; O próprio Baird Whitlock tem a imagem cultivada por seus assessores como a de um homem de família, quando na verdade esconde fatos constrangedores em seu passado, além de ter hábitos devassos. Também, a atriz DeeAnna Moran (Scarlett Johansson), está gravida e não tem um homem para assumir o bebê. A preocupação de evitar um escândalo sobre isso faz com que seja necessário forjar algum tipo de esquema para justificar a situação.

Ave, César! 2
Foto: Reprodução

Ave, César! é um filme com muitos filmes dentro de si. A reconstrução de época magnífica leva a um verdadeiro passeio pelos diversos gêneros cinematográficos, populares naquele período, como o western, os épicos bíblicos e os musicais (destaque para a divertidíssima performance de sapateado feita por Channing Tatum).Com um elenco estelar,  com nomes de peso como Ralph Fiennes e Tilda Swinton, os irmãos Coen fizeram um filme digno de suas melhores comédias, como Fargo (Fargo, 1996) e O Grande Lebowski (The Big Lebowski, 1998). Um filme que puxa as cortinas, mostrando a verdadeira faceta de Hollywood: Um grande Business, organizado por administradores competentes. E conforme a ordem dada no próprio filme, “contemple”, tudo é uma grande  ficção. Mas uma deliciosa e divertidíssima ficção.

Confira o trailer!

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