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Brasil país do basquete, abençoado pela “mão santa”

Há 35 anos, liderado por Oscar Schmidt, Brasil batia o Estados Unidos na final e se tornava campeão Pan-Americano pela segunda vez na história

Mesmo com a popularidade do futebol no Brasil, existem muitas outras modalidades que enchem a história desportiva do país de orgulho. 35 anos atrás, a Seleção Brasileira de Basquete Masculino alcançou um feito impensável para a época, e vangloriado até os dias atuais.

Liderado por Oscar Daniel Bezerra Schmidt e Marcel Ramon Ponikwar de Souza, o esquadrão conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1987 em Indianápolis, nos Estados Unidos. Mais do que vencer a competição, o Brasil quebrou vários tabus: aquela foi a primeira vez que a seleção estadunidense perdeu um jogo em seu país e também foi a primeira vez em que os americanos  cederam mais de 100 pontos em um  jogo realizado em território nacional  e, ainda, foi a primeira derrota em uma final.

Seleção Brasileira de basquete masculino com as medalhas, depois da final no Pan de 87.
Seleção Brasileira com as medalhas, depois da final no Pan de 87. [Imagem: Divulgação]

A decisão é logo ali

A hegemonia dos americanos era enorme e a preparação dos brasileiros precisava  ser especial para conquistar a medalha de ouro. Oscar Schmidt, melhor jogador da história do basquete brasileiro, conta como a seleção  atingiu um nível espetacular. “Para mim, foi o mês [de preparação] que ficamos em Houston. Alugamos duas vans, uma para os jogadores e uma para a comissão técnica. Cada dia íamos a um restaurante diferente. Fazendo esses passeios, conseguimos nos conhecer mais como atletas e pessoas. Isso nos uniu ainda mais para os jogos. E claro, treinamos muito e bisbilhotamos o treino dos americanos, nos arrepiávamos com cada cesta que eles faziam”.

Entre o encerramento da preparação para o Pan e a grande final contra os Estados Unidos, houve um percurso complicado. O Brasil estava no grupo 2 e, apesar de ter se tornado o campeão, foi classificado apenas na terceira colocação. Schmidt diz que não foi fácil. “Para chegarmos até a final, passamos por várias pedreiras.  Ganhamos de Porto Rico, Ilhas Virgens, Uruguai, Venezuela e México.  Perdemos apenas para o Canadá [ainda na fase de grupos]”.

O jogo, a festa e um novo mundo do basquete

A grande final aconteceu na Market Square Arena em Indianápolis, casa dos adversários, com um público de aproximadamente 16 mil pessoas. A partida não foi fácil. No final do primeiro tempo, a seleção americana vencia a partida por 68 a 54, com um show particular de David Robinson , que terminou a partida com a marca de 20 pontos e dez rebotes. No segundo tempo, uma amiga da seleção brasileira entrou em ação e mudou o jogo: a cesta de três pontos. 

A bola tripla foi instaurada nas competições da Federação Internacional de Basquete (FIBA) após a Olimpíada de 1984, sendo bem recente no Pan de 87. O “Mão Santa” confirma sua importância: “O arremesso de 3 pontos era primordial para termos mais chances de ganhar. Conseguimos ter um aproveitamento que nos levou a vitória. A bola tripla mudou a história do basquete. Os americanos não estavam acostumados a arremessar de longe, acabamos tirando proveito disso”. Ao final da partida, o placar de pontos conquistados em arremessos de 3 era 39 a 6, a favor do Brasil.

Depois da virada e o desespero dos donos da casa ao longo do segundo tempo, o jogo acabou com 120 a 115 para o time verde e amarelo. “Foi difícil, mas não impossível. Queríamos que acabasse logo e não acreditávamos no que estava acontecendo. Quando acabou, ninguém sabia comemorar direito, cada um ia para um lado. Para você ter ideia, os americanos não esperavam perder, a Champagne já estava no vestiário deles — que pegamos logo que ganhamos — e o nosso hino não estava não mão para tocar”, detalha.

O jogo não terminou em 1987 e os impactos foram muito além. Os estadunidenses perceberam que o basquete internacional havia evoluído e a concepção da NBA em relação a presença de jogadores estrangeiros na liga mudou. A partida foi um dos principais motivos do surgimento do famoso Dream Team. “Essa vitória mudou a história do basquete. Antes, era proibido um jogador estar na NBA e na seleção do seu país. Depois da nossa vitória o Estados Unidos convocou o Dream Team”, opina.

Schimdt comemora cesta na final contra os Estados Unidos no basquete.
Schmidt comemora cesta na final contra os Estados Unidos. [Imagem: Divulgação]

Oscar “Mão Santa” Schmidt

Oscar Daniel Bezerra Schmidt nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, em 16 de fevereiro de 1958.  O maior pontuador da história da Seleção Brasileira,  do basquete mundial — esse recorde não é oficial, pois muitos jogos que Oscar disputou não tinham súmulas, a estimativa é que ele tenha feito mais de 49 mil pontos ao longo de sua carreira como jogador profissional —, e das Olimpíadas, recebeu o apelido de “Mão Santa” por conta de seus grandes feitos na história do basquete e se tornou membro do Hall da Fama da FIBA e da NBA (mesmo sem ter jogado pela liga).

O amor de Schmidt pela seleção brasileira de basquete é emocionante. Em 1984,  foi selecionado pelo Brooklyn Nets para jogar a NBA, mas recusou, pois isso o impediria de atuar na seleção de seu país. Ele teve muitas oportunidades como essa em sua carreira, mas sempre priorizou o basquete nacional.

O Pan de 87 foi o maior título de sua carreira? “Foi sim, mas não pelo Pan em si. Foi algo inesperado para todo mundo, inclusive para nós”, confirma sem pestanejar. Ele ainda revela os sentimentos dele e de sua família, sobre o campeonato  e a carreira vitoriosa: “Sou muito feliz em ter conquistado tudo o que conquistei. Para a minha família, é um grande orgulho. Saber que fizemos diferença na história do basquete e que tudo é possível com dedicação e garra”, conclui.

Schmidt é marcado por dois americanos na grande final de basquete do Pan de 87.
Schmidt é marcado por dois americanos na grande final. [Imagem: Divulgação]

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