por Juliana Lima
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Big Jato (2016) – filme de Claudio Assis baseado na obra de Xico Sá – narra a vida e as incertezas de Xico. Um garoto de 15 anos que, ao passar para a fase adulta, tem que lidar não só com problemas mais simples, típicos da idade (como o primeiro amor), mas também com decisões que podem mudar toda a sua vida: sair ou não da cidade em que vive.
Francisco, o “Velho”, pai de Xico, é dono de um caminhão limpa-fossas e acredita que apenas o trabalho pesado dá dignidade ao homem. Por isso, ele não se envergonha de trabalhar com aquilo que é considerado o pior da humanidade; ao contrário, se orgulha disso e considera os dejetos a única coisa que iguala os homens. Já seu irmão possui um programa de rádio dedicado aos Beatles, é um grande fã da vida boêmia, despreza o trabalho e a cidade em que vive – que, segundo ele, fossiliza as pessoas. Xico cresce dividido entre as opiniões desses dois homens enquanto nutre um amor próprio, a poesia – que é desprezada pelo pai e incentivada pelo tio.
Em um lugar em que a maioria das pessoas leva uma vida simples e trabalha sem se questionar ou buscar novidades, Xico demonstra ser diferente. Curioso desde pequeno, indaga o pai todo o tempo. Quando criança, suas dúvidas são sobre o trabalho do pai: fezes e lixo. Mais velho, ele começa a pensar sobre amor, sobre a vida que conhece e a que poderia conhecer. Por ser diferente daqueles que o cercam, o garoto não possui muitos amigos ou sucesso no amor, além de não nutrir a melhor relação nem mesmo com o irmão, que é treinado pelo pai a focar apenas na matemática para cuidar das finanças da família.
Segundo o filme, “a vida fede à verdade e cheira à poesia”. Isso fica claro ao longo do mesmo. Quando os conflitos aumentam, Xico precisa encarar a realidade e buscar os rumos da própria vida, por mais difícil que isso seja para ele.
O longa possui um forte fio dramático, mas ao mesmo tempo consegue mostrar momentos tênues de humor, mostrando como o mundo realmente é. Por mais que as coisas sejam difíceis, há situações boas e alegres para todos.
A atuação é um ponto positivo do longa, com destaque para o ator Matheus Nachtergaele no papel do pai e do tio de Xico – o que lhe rendeu o prêmio Candango de melhor ator. Além disso, a trilha sonora produzida por DJ Dolores – também ganhadora do 48º Festival de Brasília – dá um bom ritmo ao filme, que estreia nos cinemas dia 16 de junho.
Confira o trailer: