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Exposição ‘O Cinema de Billy Wilder’ é uma imersão por dentro do cinema dos anos 50

Museu da Imagem e do Som (MIS) homenageia o diretor de grandes sucessos como Sabrina (1954) e Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, 1959)
Por Daniela Gonçalves (danielagsilva@usp.br)

Encerrando-se neste final de semana (25 e 26), a exposição que homenageia o cineasta Billy Wilder (1906-2002) no Museu da Imagem e do Som (MIS) é uma ótima opção de lazer gratuito. Localizado no Jardim Europa, em São Paulo, é uma  experiência imersiva; para quem gosta de cinema, principalmente filmes da Antiga Hollywood, vale a pena a visita. É uma viagem pelo universo de Wilder, com diversos relatos, cenários interessantes e fotos raramente vistas. No final de semana, também acontece a exibição gratuita dos filmes do diretor em horários diversos, tendo sua programação completa no site do museu. 

A exposição ocupa os dois primeiros andares do Museu da Imagem e do Som (MIS) e faz um percurso pela extensa filmografia de Billy Wilder, com recriações de cenários e destacando os trabalhos mais influentes entre seus 27 longas-metragens. Entre cartazes, registros de bastidores, cenas selecionadas, objetos de cena e figurinos originais usados nas gravações, a experiência imersiva consegue aproximar o visitante do universo cinematográfico, ao mesmo tempo que apresenta a trajetória profissional do homenageado. 

Billy Wilder foi um dos maiores cineastas do século 20. Nascido na Polônia, ele iniciou sua carreira como roteirista na Alemanha em 1929. De família judia, quando Hitler se torna chanceler, em 1933, Wilder se muda para Paris, onde co-dirigiu seu primeiro filme Semente do Mal (Mauvaise Graine, 1934). Se mudou para os Estados Unidos em 1934, onde anos depois se naturalizou cidadão. 

Com um humor e senso crítico apurado, o diretor elaborou tramas repletas de duplos sentidos a fim de driblar o Código Hays — um conjunto de diretrizes de censura para filmes de Hollywood que imperou entre 1934 a 1966. Wilder foi vencedor de 6 Oscars: Melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro pelos filmes Se meu apartamento falasse (The Apartment, 1960) e Farrapo Humano (The Lost Weekend, 1945).

A sala do investigador Keyes (Edward G. Robinson) de Pacto de Sangue (Double Indemnity, 1944) é um dos cenários recriados na exposição [Imagem: Acervo pessoal/Daniela Gonçalves]

Cenários noir impressionam o público 

A imersão começa assim que o público adentra o espaço, com diversas salas temáticas, os cenários dos filmes mais emblemáticos da vida do diretor são recriados com perfeição. A riqueza de detalhes em cada área traz a sensação de estar vivenciando as histórias contadas por Wilder. São 13 salas, e por ser de fluxo único, é necessário aproveitar em cada uma antes de passar para a próxima. 

Para compor as cenas foram utilizadas diversas réplicas de objetos utilizados nas obras. Um dos ambientes mais curiosos e interativos é o de A montanha dos sete abutres (Ace in The Role/The Big Carnival, 1951), que conta a história de um homem que fica soterrado durante dias em uma mina e um repórter se aproveita da situação para impulsionar sua carreira. O filme serviu como uma crítica à mídia sensacionalista e sugere o público como o vilão, já que é ele quem alimenta esse circo. Por se passar em uma mina, a sala temática desse filme é inteiramente escura. Para conseguir ler as informações, ver as fotos dos bastidores e observar o local é necessário usar as lanternas espalhadas pelo local. 

Outro cenário marcante é o de Inferno N⁰17 (Stalag 17, 1953), que se passa em um campo de prisioneiros nazistas. Além de grades e cercas, o espaço conta com a montagem de um quarto com diversos beliches, roupas penduradas no varal e outros detalhes que trouxeram mais realismo para o público. 

Além de objetos, foi feito o uso de inteligência artificial para recriar uma cena de Marilyn Monroe cantando I Wanna Be Loved by You em Quanto Mais Quente Melhor. Usando inúmeras imagens com as expressões da atriz nas cenas e filmando uma atriz que possui uma aparência semelhante a de Marilyn, a IA reproduzia as imagens sob o rosto e assim se produziu um show de um minuto e meio que acontece em cima de um palco, representando mais um dos cenários do filme. Extremamente realista, a apresentação traz a sensação de que a loira mais memorável do cinema está ali, cantando para o público, impecavelmente. 

O show dura por um minuto e meio, e encanta por muito mais tempo [Imagem: Acervo pessoal/Daniela Gonçalves]

A moda emblemática da Velha Hollywood 

Um dos marcos da Hollywood dos anos 50 são as roupas glamourosas e icônicas, que tornaram algumas cenas memoráveis até os dias atuais. Afinal, quem não se recorda da cena de O pecado mora ao lado (The Seven Year Itch, 1955), em que o vestido de Marilyn Monroe sobe por conta do vento dos respiradouros do metrô nova-iorquino, onde estava se refrescando? Ou das cenas de Audrey Hepburn em Sabrina com um vestido feito pelo estilista Hubert de Givenchy, na cena do baile quando a personagem retorna de Paris? Para a exposição, foram feitas réplicas dos vestidos, além de várias outras roupas que marcaram os sucessos de Wilder.

Por falar em Sabrina, de longe já se ouve o som de La Vie En Rose de Edith Piaf que é tocada na sala expositiva do filme. Apesar de não conter um cenário, há diversas fotos dos bastidores entre Hepburn e Billy Wilder, televisões que exibem alguns trechos do filme e o manequim com o famoso vestido. É um dos ambientes mais femininos da exposição, representando um pouco da feminilidade que é símbolo da atriz. Em 1954, Edith Head ganhou o Oscar de melhor figurino, porém a maior parte dos figurinos de Audrey foram criados por Givenchy e escolhidos pela mesma.

Também está exposta a réplica do vestido da personagem Norma Desmond (Gloria Swanson) em Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950). Porém, não é somente as roupas femininas que aparecem na exposição, na última sala, que é sobre A Vida Íntima de Sherlock Holmes (The Private Life of Sherlock Holmes, 1970), há exposto a roupa clássica do detetive britânico mais famoso do mundo.

Da esquerda pra direita: o vestido de Sabrina, a roupa de Sherlock Holmes e o vestido de Marilyn Monroe, que fica em cima de um respiradouro para levantar a saia tal qual no filme. [Imagem: Acervo pessoal/Daniela Gonçalves]

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