Por Fernanda Zibordi (fernanda.zpaulo@usp.br)
Além da realização de palestras e mesas de discussão, a 16ª edição da Campus Party Brasil (CPBR16) reuniu estudantes de diversas instituições de ensino ao redor do país. O grande festival de tecnologia, que ocorre na cidade de São Paulo, já possui a tradição de ser um importante ponto de encontro para escolas, institutos e universidades que desejam apresentar seus projetos científicos e de inovação.
Apelidados de campuseiros, os participantes das atividades do evento são constituídos, em grande parte, por estudantes. É por meio dessas exposições de projetos e competições de tecnologia – como as famosas hackathons e as lutas de robôs – que muitos jovens têm a oportunidade de adquirir experiências profissionais únicas, desenvolvendo habilidades técnicas e criando novos contatos nos seus ramos de atuação.
Seja virando noites com desafios de programação ou participando de oficinas de robótica, os campuseiros equilibraram diversão e aprendizagem durante os seis dias de programação.
Iniciativas e oportunidades
Diante do boom de desenvolvimento tecnológico das últimas décadas, uma das principais áreas de repercussão de novas pesquisas é o ambiente acadêmico. Na palestra ‘Segurança em Inteligência Artificial: Protegendo o Futuro da Inovação’, foi apresentado como avanços de inovação científica e empresarial também estão partindo de entidades e organizações estudantis.
O principal tema abordado na apresentação se pautou nos potenciais e nos riscos do uso do aprendizado de máquina (Machine Learning), um subcampo da Inteligência Artificial (IA) que lida com grandes bases de dados para a resolução de problemas complexos. Por conta do impacto que esse tipo de tecnologia pode ter nas relações humanas, a segurança de IA surge tanto como uma demanda quanto uma possibilidade promissora de carreira.
“É um campo de estudo que busca garantir que os sistemas de IA sejam desenvolvidos e aplicados de forma que minimizem riscos e danos à humanidade”, disse Guilherme Wallace. O estudante de graduação e palestrante declarou que a criação de sistemas que façam exatamente o que seus desenvolvedores pretendem ainda é um desafio para as grandes empresas. As atuais técnicas de aprendizado de máquina, sem a supervisão profissional adequada, podem fazer com que IAs se adaptem de forma indesejada ou até mesmo “hackeiem” suas funcionalidades. Por isso, elas devem estar alinhadas a valores humanos e precisam ser seguras para interação.
Alunos do curso de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME), os palestrantes são membros do LEARN (Liga de Estudos em Aprendizado de Máquina e Redes Neurais), grupo dedicado ao estudo de Machine Learning. Com reuniões de discussão sobre temas da área, realização de pesquisas e até oferecimento de bolsas, o projeto surgiu como uma forma dos estudantes aprofundarem seus conhecimentos. “O fato de estarmos aqui é uma prova de que a iniciativa dos alunos em ambiente acadêmico faz com que a gente chegue muito longe”, disse o participante Carlos Marques.
Batalhas entre máquinas inteligentes
As competições de robótica, um dos pontos altos da programação da Campus Party Brasil, também foram dominadas pela presença de grupos estudantis. Equipes de diversas instituições do país se enfrentaram em modalidades que testaram propriedades como força, velocidade e resistência dos robôs. A área destinada à realização dos campeonatos foi organizada pela RoboCore, empresa que há quase vinte anos realiza eventos de robótica.
“O evento ficou bem maior do que era no ano passado. (…) O pessoal trabalha até de madrugada, então é muito bom ter esse espaço reservado para a gente”, disse Leonardo Froner ao comentar sobre as áreas destinadas ao trabalho dos campuseiros. Estudante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Leonardo é integrante da equipe Robota, especializada em robótica móvel e competidora nas modalidades de Combate de Robôs, Seguidor de Linha e Robô Trekking.
Outras categorias de competição incluem Futebol de Robôs e Sumô de Robôs. A RoboCore também montou espaços para o público geral participar de atividades relacionadas a esse universo das máquinas, como oficinas e partidas de Hockey de Robôs.
Em entrevista à Jornalismo Júnior, Nicolas Honda, aluno da Escola Politécnica (Poli) da USP e membro da equipe ThunderRatz, explicou a importância da RoboCore Experience (RCX) – evento que realizou sua 3ª edição na Campus Party Brasil – para entidades estudantis. “Ela abriga uma das maiores competições de robótica da América Latina. Acabamos de sair de uma luta contra um time paraguaio, também tem aqui um time dos Estados Unidos. É um ponto de encontro de todas as equipes de dentro e de fora do Brasil.”
Mesmo que vencer esses combates seja um dos grandes objetivos para os times, não é o único. Isso é o que defendem Yasmin, Eduardo e Daniel, estudantes de engenharia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que fazem parte da equipe de robótica Phoenix. Para eles, além da busca por resultados satisfatórios, a experiência de participar dessas disputas já é recompensadora. “Queremos que as pessoas que passam por aqui, principalmente os calouros que entraram nesse ano, aprendam bastante coisa. Não é apenas competição. Apesar de ser o objetivo principal, também temos outro, que é desejar que eles avancem e evoluam dentro da equipe”, disse Daniel.
Confira as outras matérias da nossa cobertura da CPBR16:
Campus Party Brasil 2024: presença da tecnologia no cotidiano é destaque na 16ª edição nacional
Campus Party Brasil 2024: o impacto das novas tecnologias e a regulamentação da IA
Imagem de capa: Acervo pessoal/Fernanda Zibordi