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Croácia aposta em experiência e renovação para repetir campanha histórica de 2018

Seleção da camisa xadrez perdeu atletas desde o vice-campeonato na Rússia, mas conta com um trabalho consistente e uma geração que une caras novas a figuras carimbadas para surpreender o mundo mais uma vez

Vice-campeã em 2018, a Croácia chega para a Copa do Mundo de 2022 ocupando a 12ª colocação do Ranking da Fifa e com altas chances de avançar de fase. No Catar, a seleção conhecida por Time Xadrez ou Os Ardentes está no Grupo F, ao lado de Bélgica, Marrocos e Canadá

Croácia em Copas do Mundo: a mais bem sucedida das ex-repúblicas iugoslavas

Enquanto país independente, a Croácia vai para sua sexta copa em sete oportunidades. Em 1998, na primeira participação, foi terceira colocada. Em 2002, 2006 e 2014, caiu na primeira fase, e em 2018 alcançou o vice-campeonato. É o maior feito e o maior número de Mundiais disputados entre as ex-repúblicas iugoslavas. Enquanto componente do Reino da Iugoslávia – posteriormente República Socialista Federativa da Iugoslávia – foram outras nove participações, sendo as mais bem sucedidas 1930 e 1962 (quarto lugar). Ainda que a Sérvia tenha sido reconhecida pela Fifa como a sucessora da Iugoslávia, a região também englobava outros cinco países e dois territórios independentes.

Naquele contexto, os croatas foram um dos povos que mais sofreu com as instabilidades da Guerra Fria. Na década de 1990, alguns países declararam independência, que só foi se concretizar para a Croácia após mais de quatro anos de guerra e de um processo de genocídio, refúgios e exílios promovido por Slobodan Milošević. A guerra fez parte ativa da infância de nomes como o do capitão Luka Modrić e do zagueiro Dejan Lovren.

A histórica campanha de 2018

A Croácia chegou para a Copa da Rússia motivada após uma boa campanha na Euro 2016, quando passou em primeiro lugar no grupo da Espanha e acabou eliminada pela seleção campeã, Portugal. Sob o comando de Zlatko Dalić desde 2017, passou com tranquilidade na fase de grupos do Mundial de 2018, ao derrotar a Argentina (3 a 0), a Nigéria (2 a 0) e a Islândia (2 a 1).

Após a primeira fase, nada foi fácil. Nas oitavas, vitória diante da Dinamarca nos pênaltis, em jogo tenso e com direito a pênalti perdido por Modrić na prorrogação. Nas quartas, mais angústia, sofrendo o empate para a Rússia no final da prorrogação e vencendo novamente nas penalidades. Já nas semifinais, virada diante da Inglaterra na prorrogação. Na grande final, todo o carisma e a luta do Time Xadrez não foram suficientes para segurar uma França mortal, que venceu por 4 a 2. 

Campanha pós-2018

O resultado conquistado em 2018 foi tão impactante e o teto atingido tão alto que o pós-Copa da Croácia pareceu evidenciar um sentimento de limite alcançado,  com uma vertiginosa queda de desempenho e de resultados. Na Liga das Nações do ano seguinte, Os Ardentes terminaram em último lugar em seu grupo, escapando do rebaixamento graças a uma mudança no regulamento.

Após se classificar em primeiro lugar para a Euro, a campanha foi fraca, com classificação no saldo de gols no grupo da Inglaterra e eliminação contra uma Espanha remodelada nas oitavas, em um dos melhores jogos do torneio. Em seguida, mais uma fuga do rebaixamento na Liga das Nações.

A recuperação veio com a classificação em primeiro lugar para a Copa do Catar, e se comprovou na última Liga das Nações: primeiro lugar e classificação para o Final Four (semifinal) em grupo difícil, com Dinamarca, França e Áustria. 

Destaques!

Perdas em relação a 2018

Após a impressionante jornada de 2018, a Croácia iniciou um processo de renovação em seu grupo de jogadores. Aposentaram-se da seleção o goleiro Danijel Subašić, decisivo nas duas disputas de pênaltis da Copa; o lateral esquerdo Ivan Strinić; o meio-campista Ivan Rakitić, referência técnica do time; e o atacante Mario Mandžukić, artilheiro da equipe.

Outra ausência a ser sentida é a do atacante Ante Rebić, do Milan (ITA). Titular do time finalista na Rússia, não vem sendo chamado devido a problemas de relacionamento com o treinador. Se a melhora da seleção tem relação com a ausência do atacante, é difícil saber. O fato é que Rebić tem bons números no Milan e que o time não tem um titular 100% definido nem para a ponta direita, nem para a posição de centroavante – dois papéis que ele cumpre. 

Defesa: confronto de gerações

Apenas 20 anos. Gvardiol é o grande nome da defesa xadrez para 2022. [Foto: Reprodução/Twitter @HNS_CFF]

Dalić mantém mistério sobre a dupla de zagueiros que deve utilizar no Mundial: de um lado, Domagoj Vida (AEK-GRE) e Dejan Lovren (Zenit-RUS), experientes e protagonistas em 2018. Do outro, os jovens Joško Gvardiol (Leipzig-ALE), Josip Šutalo (Dinamo Zagreb-CRO) e Martin Erlić (Sassuolo-ITA). Gvardiol deve ser titular pelo lado esquerdo, enquanto os outros quatro duelam por um lugar na equipe principal, que deve ter Josip Juranović (Celtic-ESC) na lateral direita e Borna Sosa (Stuttgart-ALE) na esquerda. A tendência é que esses jogadores estejam ainda mais bem preparados para um próximo ciclo.

Trio de ferro que vale ouro

Em meio a tantas dúvidas, três certezas. Brozović, Modrić e Kovačić (da esquerda para a direita) compõem um dos melhores trios de meio-campo do Mundial. [Fotos: Reprodução/Instagram @marcelo_brozovic e Twitter @Footylight_ e @ChelseaNewsID]

O meio-campo croata dispensa apresentações. Kovačić (Chelsea-ING) amadureceu seu futebol e supriu a saída de Rakitić, aliando física, técnica e tática para jogar com o refinado Marcelo Brozović (Internazionale-ITA) e o craque da equipe: Luka Modrić. O camisa 10 se mostra cada vez mais completo, genial e decisivo. Aos 36 anos, segue como um dos destaques do Real Madrid, campeão da última Champions League. Ele jogou até melhor do que em 2018, quando foi eleito o melhor jogador da Copa e do mundo, também em ano de título europeu do Real

Ataque versátil 

O lado bom da moeda. Embora tenha sofrido com mudanças no elenco, Zlatko Dalić ganhou uma gama de opções táticas para montar seu ataque, liderado por Perišić (foto). [Foto: Reprodução/Twitter @BrasilPremierL]

O trio de ataque croata deve ter Ivan Perišić (Tottenham-ING), que tem 10 jogos, cinco gols e duas assistências em três mundiais, incluindo participações na semifinal e na final de 2018. Ambidestro, ele pode fazer o corredor pela esquerda com intensidade e velocidade, além de atacar a área. 

Pelo meio, Andrej Kramarić (Hoffenheim-ALE) não foi titular por todo o ciclo, mas desponta para iniciar as partidas no Catar. Ele não é um centroavante como Mandžukić, mas saindo da área pode permitir a infiltração dos pontas e meio-campistas, além de poder jogar pelos lados. São 20 gols pelos Ardentes até o momento. 

Mario Pašalić (Atalanta-ITA), sequer atacante é. Meio-campista, apareceu como um dos testes de Dalić com o afastamento de Rebić da seleção, e se mostrou a opção mais consistente, podendo atuar da direita para o meio, promovendo uma dinâmica interessante com o lateral direito e com os meias da equipe.

Banco poderoso 

Na defesa, seja a opção do treinador pelos mais veteranos, seja pelos mais jovens, o banco estará bem servido de alternativas. No meio-campo, Lovro Majer (Stade Rennais-FRA), Nikola Vlašić (Torino-ITA) e o próprio Pašalić podem entrar no lugar do trio intocável, se necessário, mas não devem ter muitos minutos.

Duas fotos, um símbolo. À esquerda, o jovem Luka Modrić entra em campo pelo Dinamo Zagreb ao lado de um menino de 10 anos, Lovro Majer, em 2008. À direita, Lovro, hoje apontado como o ‘novo Modrić’, reencontra seu ídolo Luka e joga ao seu lado pela seleção croata, 14 anos depois. [Foto: Reprodução/Twitter @ProFutureStars1]

No ataque, há nomes para diferentes circunstâncias de jogo. Mislav Oršić (Dinamo Zagreb-CRO) tem 29 anos, é opção para as pontas, mas só passou a integrar a seleção em 2019. Marko Livaja (Hajduk Split-CRO) também ganhou mais chances recentemente, mas vem em ótima temporada e é opção pelo meio e pelos lados. Para o centro, Dalić tem opções de menos mobilidade, como Bruno Petković (Dinamo Zagreb-CRO) e Ante Budimir (Osasuna-ESP). 

Como joga a Croácia?

O lado esquerdo deve ser o foco do ataque croata, com Sosa, Kovačić e Perišić. Para que esse trio consiga funcionar, é necessário que Brozović se junte aos zagueiros e ao próprio Sosa (que deve avançar menos do que Juranović) para iniciar a saída de bola. [Arte: Ricardo Thomé/Jornalismo Júnior] 

Com Kramarić e Pašalić titulares, a Croácia não terá a força física e nem as referências que tinha na última Copa, o que faz da equipe mais leve e, ao mesmo tempo, mais frágil na transição defensiva. Para se defender dessas situações, é importante que os volantes e laterais façam a recomposição com excelência, especialmente se o time atacar com muitos homens de uma vez.

O 4-3-3 original da Croácia pode ganhar diferentes diagramações conforme a necessidade da equipe: com Modrić mais a frente, torna-se 4-2-3-1; com o movimento de Pašalić para dentro, pode ter um losango no meio e Perišić fazendo uma dupla no ataque; em situações de maior exigência defensiva, os pontas podem ser recuados para jogar como alas, em um 5-4-1 – variando para 4-4-1-1 se Perišić e Modrić tiverem menos obrigações sem bola. [Arte: Ricardo Thomé/Jornalismo Júnior]

Expectativas para a Copa

Projeta-se uma briga ferrenha entre a seleção belga, terceira colocada em 2018, e a croata, pela primeira colocação do grupo. Nem por isso, porém, deve-se desprezar as demais equipes. Os marroquinos vem para sua segunda Copa do Mundo consecutiva tendo feito a melhor campanha das Eliminatórias Africanas, enquanto os canadenses vão a seu primeiro mundial em 36 anos com o melhor desempenho nas Eliminatórias da América do Norte, Central e Caribe, e lutarão até o fim por uma classificação às oitavas de final.

Alguns quadrados a menos. A Nike anunciou as novas camisas da Croácia para o Mundial. [Foto: Reprodução/Twitter @HNS_CFF] 

Datas, horários e locais das partidas

A estreia da Croácia ocorre no dia 23 de novembro, às 7h, contra Marrocos, em Al Khor. No dia 27, joga diante do Canadá, em Doha, às 13h. O último e decisivo jogo da fase de grupos, contra a Bélgica, será em Al Rayyan, no dia 1º de dezembro, às 12h. Os horários seguem o Horário de Brasília. Caso avance em primeiro, o Time Xadrez enfrentará o segundo colocado do Grupo E (Espanha, Alemanha, Japão e Costa Rica). Se passar em segundo, terá pela frente o primeiro do Grupo E. Podemos ter, portanto, o terceiro confronto entre croatas e espanhóis em quatro competições de grande porte consecutivas. No último compromisso antes do Mundial, os comandados de Zlatko Dalić venceram a Arábia Saudita por 1 a 0 em amistoso, com gol de Kramarić.

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