Forte. Insensível. Bruto. Briguento. Esses são alguns dos adjetivos utilizados comumente para definir o comportamento masculino. Quando ensinados desde a infância e não questionados ao longo da vida, esses padrões do que é “ser homem” contribuem para o desenvolvimento de um homem que performa a masculinidade tóxica, afetando sua vida em diversas esferas.
A masculinidade tóxica diz respeito a uma série de comportamentos perpetuados por e entre homens, que prejudicam não só as pessoas à sua volta, mas também eles próprios. Para entendê-la, porém, é preciso primeiramente ter em mente o que é masculinidade.
Esse conceito é definido como um conjunto de comportamentos, atitudes e papéis sociais normalmente atribuídos a homens. Segundo Patrícia Kruger, pesquisadora de pós-doutorado no Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo (USP), ao analisar classe, raça, identidade de gênero e orientação sexual dominantes, tem-se um modelo esperado de masculinidade, entendido como “masculinidade hegemônica”. Sendo imposto estruturalmente pelo patriarcado capitalista, esse padrão legitima a subordinação das mulheres aos homens, apresentando o modo ideal de ser um homem.
Patrícia explica que dentro desse cenário a masculinidade tóxica pode ser compreendida como condutas culturais importantes da masculinidade hegemônica. Em outras palavras, “misoginia, homofobia, normalização da violência, restrição ou repressão de emoções (excetuando-se a raiva), recusa em admitir fragilidades e a necessidade de dominar outros corpos são a legitimação e desdobramento do machismo – estrutura social baseada na supervalorização desses atributos.” Para ela, nesse contexto, a única forma de masculinidade associável ao machismo é a masculinidade tóxica.
“O machismo assassina as mulheres, mas suicida os homens”
Tendo em vista os comportamentos esperados de um homem, a masculinidade tóxica tem a violência como a consequência mais séria. Seja entre homens que também performam a masculinidade hegemônica, seja contra aqueles que, de alguma forma, colocam a posição do poder masculino à prova ou performam uma masculinidade não aceita.
A homofobia é uma dessas manifestações de violência. Ao não apresentarem algumas das características esperadas dentro da concepção ideal de masculinidade – a heterossexualidade e a demonstração de poder sobre as mulheres, além da virilidade, agressividade, comportamento dominador e insensibilidade usualmente atribuídos ao homem hétero –, os homens homo e bissexuais são vistos como “menos homens”, sendo alvos de violência psicológica, moral e até mesmo física.
Segundo pesquisa da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Faculdade Getúlio Vargas (FGV DAPP), 1720 denúncias de casos de violência homofóbica por 100 mil habitantes foram realizadas pelo Disque 100 no ano de 2017. Além disso, a homofobia reforça a visão machista de que ser mulher é menos, e portanto, para ser homem, é preciso se afastar de toda e qualquer manifestação que o faça parecer “menininha”.
Também é esperado dentro desse padrão de comportamento a subjugação e objetificação da mulher como demonstração de poder. “Tanto o machismo quanto a masculinidade tóxica são aspectos de uma sociedade patriarcal que estabelece a esfera do valor no homem e de tudo o que não gera valor na mulher”, explica Patrícia. A pesquisadora aponta que, no patriarcado capitalista, as mulheres são desvalorizadas uma vez que esse sistema determina suas ações como socialmente inferiores em relação às dos homens. “Os atos de violência contra a mulher se vinculam ao processo de ‘desumanização’ destas. A noção de masculinidade tóxica ajuda a garantir a hierarquização entre os gêneros, que é imposta por um sistema que depende, para a sua perpetuação, dessa hierarquia.”
Tais relações de poder não se manifestam somente na violência física, psicológica, moral e sexual propriamente dita, mas também em ferramentas que legitimam e ensinam essa dominação desde cedo. Claudio Serva, criador do projeto Prazerele, que debate a desconstrução do machismo através da sexualidade positiva, explica que a pornografia, por exemplo, é consumida muito cedo e acaba sendo utilizada como meio de saciar dúvidas e curiosidades que garotos possuem em relação ao sexo. “Esse menino de 9, 10, 11 anos de idade recebe uma série de referências violentas que reforçam a objetificação da mulher, em que, naquele contexto, há um objeto que ele pode usar para o seu próprio prazer e depois descartar.” Nessas produções, o homem está em uma condição na qual pode agredir e subjugar a mulher, que aparenta estar gostando. Ao levar, então, esse comportamento para as relações reais, “cria-se a expectativa de que o homem estará sempre disposto ao sexo, enquanto a mulher é um mero objeto para o seu prazer. O resultado disso são relações abusivas, não apenas sexualmente”.
Além disso, nas discussões sobre masculinidade tóxica, outras manifestações violentas são debatidas: as presentes nas relações entre homens que também se encaixam dentro da masculinidade esperada, e a violência contra si mesmo. As duas podem ser explicadas, de certa forma, por alguns fatores comuns, entre eles, a supressão de emoções e a impossibilidade de demonstrar e de articular fraquezas, medos, inseguranças e vulnerabilidades, que juntos, impõem a obrigatoriedade de conformar-se a um padrão físico e psíquico de força e resistência, conforme pontua Patrícia Kruger. “Para ajustarem-se a um modelo de masculinidade hegemônica, os homens aderem a comportamentos extremamente destrutivos, prejudicando a si mesmos e aos outros. Tais demandas se tornam fardos e o alívio dos conflitos passa, geralmente, pela violência.”
Como resultado, é construído um homem que não se relaciona com suas emoções, adentrando em um modelo social que exige a performance e a competição constante. “Ao reprimi-la, essa emoção vai ter que ‘sair por algum lugar’. Em geral, sai por agressividade. Ele não consegue refletir e organizar o pensamento”, aponta Claudio Serva. A consequência disso pode ser extrema, e é visível estatisticamente: os homens são a maioria esmagadora das vítimas de homicídio, além da taxa de suicídio entre homens ser quase 4 vezes maior do que entre mulheres. “O machismo assassina as mulheres, mas suicida os homens. É ruim pra todo mundo.”
“O homem sempre ‘teve que ser’ e agora está podendo identificar ‘o que quer ser’”
Outro motivo pelo qual a masculinidade tóxica continua se perpetuando é a falsa ideia de que há apenas uma manifestação possível para masculinidade. “Já que estamos vivendo uma desconstrução de alguns mitos, hoje fala-se muito em masculinidades”, pontua Regina Truffa Tarabay, psicóloga e integrante da Equipe Gender Group do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq). “O homem sempre ‘teve que ser’ e agora está podendo identificar aos poucos ‘o que quer ser’”. Entendendo as possibilidades de expressar a masculinidade, é possível permitir-se ir além da definição usual do termo, a qual passa a ideia de que só é possível ser homem performando a masculinidade tóxica. Para Regina, os grupos e rodas de conversa são ambientes que permitem a vivência e entendimento das masculinidades de forma mais leve e afetiva.
Nos últimos anos, tem crescido o número desse tipo de espaço formado por homens que desejam debater os diversos males da masculinidade tóxica – tanto para eles próprios quanto para a sociedade como um todo. No portal Papo de Homem, um dos precursores no assunto masculinidades, há uma lista colaborativa iniciada em 2018 com 129 projetos que procuram promover a troca de experiências acerca do tema, sendo que 28 deles foram adicionados neste ano. Uma vez que eu, como mulher, não me encaixo nesses encontros, entrevistei os criadores de dois projetos, o Diálogo Masculino e o Ressignificando Masculinidades, para entender um pouco mais sobre as iniciativas.
O primeiro foi criado por Thiago Santoro (ou Agni). Seu projeto nasceu como um desdobramento de sua profissão e vivências. Trabalhando com autoconhecimento através da função de terapeuta há 15 anos, Agni já enxergava a necessidade de debater sobre o assunto, mas não se sentia pronto para fazê-lo. Algumas questões foram moldando essa motivação.
“Primeiro teve a gravidez da minha ex-companheira”, conta Agni. Ele começou então a estudar sobre o assunto, o que o fez enxergar a pequena participação do homem no processo. Como desdobramento, ele se tornou doulo e aprendiz de parteira. “Quando me formei, senti uma coisa muito especial quanto à importância do homem nesse processo, e ao mesmo tempo, sua insignificância. É muito importante que o homem veja isso, já que ele, dentro da nossa cultura patriarcal, é sempre o protagonista”, ele pontua.
Já o Resinificando Masculinidades nasceu de uma conversa do Fabio Sousa, criador do projeto, com a sua companheira Jéssica. “Eu já estava estudando o tema das masculinidades há um tempo, e ela me perguntou o que eu ia fazer com as coisas que eu estava aprendendo”, aponta Fabio. Jéssica sugeriu que ele montasse um grupo de compartilhamento de experiências entre homens, já que ela sabia de reuniões formadas por mulheres, mas não conhecia nenhum com esse propósito voltado para o público masculino. “A princípio achei que seria bobagem falar sobre isso, que era algo que todo mundo sabia. Depois fui enxergando diversos pontos em que abordar essa temática seria importante tanto para homens quanto para mulheres.”
Fabio conta que, no primeiro encontro, apareceram 7 homens, alguns dos quais ele e Douglas, o outro organizador, nem conheciam. “Já o último encontro que fizemos estávamos em 33 homens, então existe demanda e procura por espaços como esse. Os homens precisam se reunir, conversar, formar outros grupos e multiplicar esses espaços.”
O objetivo de ambos os projetos é o mesmo: criar um ambiente seguro e de acolhimento para que os homens trabalhem seus questionamentos de forma saudável. Não é apenas um espaço para desabafos; aprende-se muito a cada encontro. “A partir do tema, compartilhamos experiências pessoais e assim vamos construindo novos caminhos e oportunidades para resoluções de conflitos, mudanças de comportamentos e melhor compreensão do nosso papel social enquanto homens”, explica Fabio.
“É necessário se conectar com a sua sombra”
Quanto à adesão dos encontros, a resistência em se mostrar vulnerável é uma das razões que dificulta a participação de muitos homens. Assuntos como sexualidade, paternidade, relações abusivas e afeto entre homens exigem exposição daqueles que os discutem. Como aponta Claudio Serva, é mais fácil para o homem seguir por um caminho imaturo e zombar daquele que se mostra vulnerável e sentimental do que se colocar à disposição para ouvir sem julgamentos. “Por se posicionarem como superiores, os homens não conseguem perceber o efeito nocivo de seus atos. A agressividade e a indiferença são máscaras para esconder a insegurança e o medo”, explica Regina Truffa.
Mas engana-se quem acha que a vulnerabilidade é o fator mais difícil de ser superado; enxergar os privilégios também é uma obstáculo que poucos se dispõem a enfrentar. A reflexão acerca do papel dos homens ajuda a entender o impacto de suas ações na sociedade, e assim, visualizar maneiras de mudá-lo. Fabio explicita a necessidade dos homens reverem suas histórias para entender a responsabilidade que têm em relação a um futuro melhor para todos e todas. “Olhar para si e reconhecer algumas coisas que podem ser desagradáveis é doloroso. Quando falamos de masculinidades, falamos de privilégios que homens têm apenas pelo fato de serem homens e a maioria não quer abrir mão deles.”
Além disso, o processo de admitir tamanhos privilégios está relacionado a enxergar um lado não tão positivo que muitos carregam dentro de si. “Não é algo tão agradável. É necessário se conectar com a sua sombra, principalmente. Com a sombra do masculino, do machismo, do patriarcado, para entender o quanto isso é danoso para a sociedade”, expõe Agni. Muitos homens acham que seus comportamentos não são a causa, mas sim a consequência de problemas externos. “Despir-se dessa postura de invencível significa propor-se a ver as próprias fragilidades, por isso é necessário que esse processo, ainda que urgente, seja feito no tempo de cada um.”
“Falta comunhão entre os homens”
Mesmo com o número crescente de projetos do gênero, muitos homens não aderem às iniciativas por motivos externos. Como continuar promovendo esse debate de modo a alcançar cada vez mais homens? A resposta está na Internet.
Utilizando as redes sociais, muitos homens compartilham suas experiências e pensamentos sobre o tema, aproveitando para mostrarem, através de suas vivências, que é possível desconstruir comportamentos nocivos e criar um ambiente seguro também virtualmente. Entre eles, está o cozinheiro Hugo Merchan.
Depois de chegar à final da quinta temporada do reality show MasterChef Brasil, Hugo passou a usar seus perfis na Internet, em especial o Instagram, com o objetivo de dividir seus pensamentos sobre masculinidade e seus processos na construção de uma vivência saudável sendo homem. “O programa me deu essa comunidade, e eu encarei isso como uma responsabilidade. Achei que era importante usar essa voz no espaço virtual para falar sobre assuntos que eu julgasse importantes e ajudar outras pessoas a repensarem hábitos e atitudes.”
Na cozinha, espaço de trabalho ocupado por Hugo, ainda é possível ver muitas disparidades entre homens e mulheres. “O cenário da gastronomia é complicado, porque em muitos restaurantes o homem ocupa a posição de chefe, de líder, enquanto essa mesma função no espaço doméstico é atribuída à mulher.” Aliás, a cozinha o ensina muito sobre lidar com a sua masculinidade, uma vez que o processo de preparar o alimento de alguém está muito ligado à partilha, ao cuidado e ao afeto – aspectos ligados comumente à figura feminina. “Falta esses momentos de comunhão entre os homens”, aponta.
“Se não fosse pelas mulheres, esse movimento não tinha nem começado”
O que Hugo percebeu na cozinha, Claudio, Fabio e Agni perceberam nos encontros que promovem: é necessário um processo constante de autoavaliação para não perpetuar comportamentos típicos da masculinidade tóxica e assim, enxergar sua “masculinidade possível”, dentro do que mais os representam.
Quando perguntei a eles sobre a presença da masculinidade tóxica em suas vidas, todos tinham memórias ligadas ao assunto, seja como alvo ou perpetuador do comportamento nocivo. Claudio, por exemplo, reproduzia discursos e ações machistas, como piadas misóginas e homofóbicas e o consumo de pornografia. “Eu fazia isso porque era o esperado de mim, como homem, pelo grupo com quem eu convivia.” A partir da autorreflexão, ele passou a rever seus comportamentos, seja repreendendo um amigo que comentava ou brincava desrespeitosamente com alguém, seja questionando o porquê de suas ações.
Já Fabio sofreu quando jovem por conta de seus gostos, o que o fez reprimir muita coisa durante a adolescência e descontar seus sentimentos de maneira agressiva. “Gostava de escrever poemas, mas não podia falar nem mostrar isso pra ninguém porque teria minha masculinidade questionada. Não tinha muito com quem conversar sobre o que eu sentia. Em relacionamentos, não conseguia me expressar; reprimia tudo e uma hora explodia da pior maneira possível”.
Hugo, por sua vez, questionava-se sobre ser “menos homem” pela maneira com a qual se expressava. “As pessoas achavam que eu era gay, como se isso fosse me fazer menos homem que outros.” Esse pensamento também era levantado por Agni, que na adolescência era visto como rebelde. “Eu gostava de usar saias e usava o cabelo comprido. Era também uma forma de protesto.”
Ainda que hoje eles enxerguem a importância do debate da masculinidade tóxica entre os homens, para que situações como as que enfrentaram não se repitam, todos reconhecem que o assunto engloba, ainda mais urgentemente, as mulheres. Como elucida Claudio: se não fosse pelas mulheres, esse movimento não tinha nem começado. “O homem estaria lá, tranquilo, no seu lugar de privilégio, como sempre esteve.”
“Quando se pensa em projetos como o Ressignificando Masculinidades, acredito que o principal objetivo é ser uma ferramenta para o enfrentamento à violência contra a mulher. Falar sobre masculinidades é fundamental para pensarmos em uma sociedade com mais equidade”, explicita Fabio. Ele considera indispensável que esse comportamento consciente se mantenha não somente para o bem do próprio homem, mas principalmente, para entender a responsabilidade do espaço que ocupa e os reflexos da masculinidade tóxica na sociedade ao longo dos tempos.
A educação é uma aliada para colocar esses apontamentos e reflexões em prática. “É na infância e adolescência que esses comportamentos vão sendo construídos, em pequenos gestos”, explica Regina Truffa. Quando perguntei aos entrevistados se havia um momento certo para promover a discussão sobre o tema entre os homens, Hugo foi o mais enfático: “Tem uma hora certa, e essa hora é agora. Não é mais aceitável a ideia de que é mais fácil culpabilizar as mulheres do que ensinar os homens a respeitarem. Acho que todos devem participar desse debate, porque foi ouvindo mulheres que reconheci meus privilégios”.
“Aquela roda de conversa foi sair da escuridão”
Claro que mudar esse quadro é um processo que envolve muito tempo e a dedicação da sociedade como um todo, mas o primeiro passo para fazê-lo é se colocar à disposição da mudança. Em conjunto, como mostrado ao longo dos depoimentos, é possível promover a reflexão através do diálogo e do reconhecimento dos lugares de privilégio ocupados pelo homem na sociedade. Porém, quais são os caminhos que podem ser tomados individualmente?
Todos eles levam ao mesmo propósito: o autoconhecimento. Ele pode ser trabalhado através da terapia, por exemplo. Agni e Fabio enxergam bem os efeitos da prática, uma vez que atuam também como terapeutas. Agni, ao frequentar trabalhos relacionados ao autoconhecimento, se perguntava frequentemente quando percebia a escassa participação masculina: “cadê esses homens que não se trabalham?”
Hugo conta que foi fazendo terapia que ele passou a reconhecer não só os seus comportamentos tóxicos, mas também o efeito que a pressão social para ser “masculino” exercia em sua vida. Mas essa não é a única ferramenta que ele usa a seu favor; a prática de sua espiritualidade também o auxilia nessa caminhada. “A espiritualidade nos ensina a ser empático com o outro. Através da empatia, nós nos colocamos no lugar do outro e entendemos como nossas ações afetam não só nós mesmos, mas as pessoas à nossa volta”. Agni compartilha desse processo – a maior prova disso é o seu nome, recebido em um desses encontros espirituais.
Talvez falar sobre terapia e espiritualidade não faça sentido pra muitos homens, ainda mais dentro do debate da masculinidade tóxica. A sugestão que eu deixo, então, é o documentário “O silêncio dos homens”, desenvolvido pelo Papo de Homem.
Um dos entrevistados no documentário, ao falar sobre a roda de conversa que participou, esperava que a dinâmica continuasse dali pra frente, porque “primeiramente a gente se descobre. Aquilo que está oculto dentro de nós, passa a se expandir, se esclarecer. Aquela roda de ontem foi isso, foi sair da escuridão”.
Excelente teexto. Contemporâneo, profundo e muito esclarecedor.