Juliana Paes retorna às telonas encarnando outra personagem de Jorge Amado. Depois de estrelar como a protagonista na minissérie Gabriela, da Rede Globo, inspirada no livro Gabriela, Cravo e Canela, a atriz volta na pele de Dona Flor, em torno de quem gira a trama de Dona Flor e Seus Dois Maridos (2017). Dirigido por Pedro Vasconcelos, o filme conta a história da personagem interpretada por Paes, que, após a morte de seu marido, Vadinho (Marcelo Faria), casa-se novamente, desta vez com o farmacêutico Teodoro (Leandro Hassum). No entanto, quando Vadinho retorna em forma de espírito, Flor encontra-se dividida entre seus amores.
Dotada de uma sensualidade ímpar, a atriz principal empresta à protagonista um carisma e leveza marcantes. Convincente, a atuação é competente e agradável, e tem como principal resultado a atração da simpatia do público. Marcelo Faria também é eficiente como um mulherengo instável e viciado no jogo, e as cenas que contam com sua presença em tela são as que mais entretêm. Por outro lado, Leandro Hassum, ainda que interpretando um homem pacato e comum, traz um importante alívio cômico ao longa metragem e serve como principal divertimento da plateia.
A maior responsável por fazer o filme ser crível é a química entre os três atores. Tanto as vontades carnais de Flor por Vadinho quanto seu amor inocente por Teodoro são reais o suficiente para fazer com que o público acredite na veracidade do que vê. E, para um longa-metragem que trata principalmente do amor, vender essa ideia de um trio amoroso verdadeiro é essencial. Assim, cria-se o principal embate da trama: os dois diferentíssimos tipos de paixão que Dona Flor sente por seus maridos a fazem duvidar de quem é e a guiam por uma jornada de autodescoberta.

Um dos aspectos que mais chama a atenção ao longo dos aproximadamente 100 minutos de filme é a trilha sonora. Quase incessante, os sons e tons melódicos infiltram o enredo de forma a servir de apoio para a trama. Por exemplo, durante algumas das cenas de sexo, a música acompanha o ritmo dos movimentos corporais das personagens. Além disso, em mais de uma cena, pode-se escutar músicas muito conhecidas, como É o Amor, de Zezé Di Camargo e Luciano. Desse modo, fica quase impossível não notar a existência de um lado musical em Dona Flor e Seus Dois Maridos .
A iluminação dos corpos dos atores também é muito atraente. Enquanto, durante cenas íntimas e sensuais, a luz se torna mais escassa, acentuando-se as silhuetas e instigando o espectador a imaginar o que há por trás das sombras, em passagens mais cômicas ou descontraídas a iluminação é plena. As cores são outro elemento de grande participação no longa-metragem: as casas, carros e estabelecimentos da vizinhança são coloridíssimos, em tons de rosa, amarelo, verde e azul que atraem o olhar e dão ao cenário um aspecto alegre. O figurino, por outro lado, baseia-se em tons de branco e bege.

Na coletiva de imprensa que sucedeu a exibição do filme, o diretor Pedro Vasconcelos não poupou elogios à obra que inspirou o enredo, e complementou: “Quem escreveu o roteiro foi o Jorge Amado”. Questionado sobre uma possível comparação entre seu trabalho e o outro longa chamado Dona Flor e Seus Dois Maridos, de 1976, Vasconcelos afirmou: “Este não é um remake, é uma releitura do livro. Espero que hajam outras, porque essa obra tem muitas histórias para contar, e é riquíssima. Eu tenho o maior respeito do mundo pelo outro filme.”

Com atuações imponentes e prestativas e excelentes aspectos técnicos, Dona Flor e Seus Dois Maridos vale o seu tempo. O longa metragem estreia no dia 07 de dezembro. Assista ao trailer abaixo.
https://www.youtube.com/watch?v=quDjQ3yyXCk
por Sabrina Brito
sabrinagabrieladebrito@gmail.com