Na quarta-feira (9 de outubro), estudantes realizaram um protesto pacífico, que teve início no vão do Masp (na Avenida Paulista) e tinha como eixos principais a democracia e as diretas para reitor. O movimento se dirigiu à Alesp (Assembleia Legislativa de Estado de São Paulo), onde ocorreria uma audiência pública entre os estudantes e o Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, juntamente com o atual reitor da USP, João Grandino Rodas. A manifestação contava com a presença dos próprios estudantes da USP, e também estudantes da Unicamp e da Fatec. A contagem oficial (feita pela Polícia Militar) foi de 500 manifestantes, porém, os integrantes do DCE estimavam a participação de mais de 2 mil pessoas.

Por volta das 17h50, os estudantes que se reuniram na Paulista começaram a marchar e bloquearam a Avenida no sentido Paraíso levando cartazes, tocando instrumentos como tambores e trompetes enquanto cantavam e diziam palavras de ordem. Entre os gritos se ouviam reivindicações como o fim da lista tríplice, diretas para reitor, a saída do reitor Grandino Rodas, o fim da repressão, retirada da Polícia Militar dos campi das Universidades Públicas, a devolução de dois blocos da moradia da universidade (Crusp), críticas ao Governador do Estado e até menções ao governo tripartite – forma de governo que anda sendo debatida entre os estudantes em greve e que divide o poder entre estudantes, funcionários e professores..
Quando o movimento chegou à ALESP, os estudantes se depararam com a ausência do governador Geraldo Alckmin e do reitor João Grandino Rodas. Os manifestantes se aglomeraram em frente ao edifício e foi iniciado um discurso em que foi exposta a falta de diálogo por parte da reitoria e do atual Governo do Estado. “Havíamos proposto uma audiência pública, porém, eles não apareceram (…). Não aceitam o diálogo”. Também foram ditas algumas das condições para que os estudantes desocupem o prédio da reitoria, que tiveram como resposta: “não iremos aceitar nada menos que diretas para reitor”. O discurso se finalizou de maneira positiva: “a luta por democracia, por voz, só cresce! (…) Amanhã vai ser maior”, e também convocou os estudantes para a assembleia geral dos estudantes da quinta-feira.
A manifestação terminou de maneira pacífica. Parte das pessoas se dispersaram pela própria região da ALESP, enquanto outras delas foram juntas pela Av. Brigadeiro Faria Lima para a Av. Paulista. Não houve repressão por parte da polícia, assim como não houve nenhum caso de depredação por parte dos manifestantes.
No dia anterior (terça-feira, dia 8 de outubro) a audiência de conciliação realizada na 12ª Vara da Fazenda Pública do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) acabou sem acordo. Enquanto os estudantes pediam a mudança na postura da reitoria de modo a se iniciar um diálogo, os representantes enviados pelo reitor declararam que não haverá diálogo até que aconteça a imediata desocupação do prédio da reitoria. A liminar de reintegração de posse feita pela USP foi negada pela Justiça e o edifício continua ocupado.

Por que democracia?
Na USP, a manifestação começou por conta da não abertura da reunião do Conselho Universitário que decidiria quais seriam as mudanças no processo de escolha do reitor e da falta de diálogo da reitoria com os alunos. Os estudantes, que estavam em uma manifestação pacífica do lado de fora da reitoria, ao ouvir a recusa da abertura do conselho para que pudessem defender a sua proposta, decidiram ocupar a reitoria até que se abrisse diálogo.
Na Unicamp se deu por conta do acordo feito com a PM para que ela fizesse parte da estrutura de segurança da Universidade. A reitoria da Unicamp também está atualmente ocupada. Os estudantes das duas Universidades defendem o fim da repressão e querem ser escutadas pelos seus representantes administrativos.
por Arthur Aleixo
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