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Fantasmas do passado

Bruna Buzzo Um Conto de Natal (Un Conte de Noel) não é um filme leve, desses que talvez você deseje assistir no dia 25, envolto pelo espírito natalino que te deixou cheio de bons pensamentos e esperanças para o ano que se aproxima. Se o Natal tem este poder redentor, assistir a este filme com …

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Bruna Buzzo

Um Conto de Natal (Un Conte de Noel) não é um filme leve, desses que talvez você deseje assistir no dia 25, envolto pelo espírito natalino que te deixou cheio de bons pensamentos e esperanças para o ano que se aproxima. Se o Natal tem este poder redentor, assistir a este filme com roteiro de Emmanuel Bourdieu e Arnaud Desplechin nesta quinta-feira pode lhe causar certo desconforto.

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Este é um filme como poucos: seus 150 minutos passam de forma rápida, quase imperceptível. A história é envolvente e os personagens vão se revelando aos poucos, em suas nuances e particularidades. Da fantástica Catherine Deneuve aos pequenos irmãos Thomas e Clémente Obled (Basile e Baptiste, filhos de Ivan e Sylvia (Chiara Mastroianni)), o elenco dirigido por Arnaud Desplechin atua de forma brilhante, construindo um cenário familiar às vezes desolador, às vezes esperançoso.

O enredo poderia ser a história de qualquer família normal, recheada por uma pitada de tristes coincidências. Junon (Catherine Deneuve) e Abel Vuillard (Jean-Paul Roussillon) tiveram 4 filhos. Joseph, o primogênito, morreu aos 6 anos de idade, vítima de um raro distúrbio genético onde sua única salvação seria um transplante de medula, porém, nenhum dos membros de sua família era compatível. Ficando como irmã mais velha, Elizabeth (Anne Consigny) não se entende com o irmão Henri (Mathieu Amalric), que foi concebido como última esperança de compatibilidade para salvar a vida de Joseph, mas o menino morre antes que este seja possível. Depois veio o jovem Ivan (Melvil Poupaud), que nasceu após toda a tragédia familiar, uma esperança de vida nova.

um-conto-natal2A história gira em torno de uma noite de Natal que reúne toda a família após anos de um afastamento imposto a Henri por sua irmã mais velha. O motivo de tal reunião é a doença com a qual a matriarca da família é diagnosticada: Junon tem o mesmo problema de seu primeiro filho e precisa de um transplante de medula. A família toda (inclusive os pequenos filhos de Ivan) se mobiliza para fazer os exames de compatibilidade e, no Natal, os problemas familiares serão expostos à mesa, com toda a sensibilidade própria aos filmes franceses. Os fantasmas do passado se revelam nos olhares trocados entre os personagens, no triste perambular de Elizabeth pela casa.

O Natal dos Vuillard não tem a melancolia de uma avó com a vida ameaçada, nem terríveis barracos de irmãos que se odeiam. Os ódios são tratados de forma mais seca, irônica, cínica. Os personagens, mesmo os pequenos Basile e Baptiste, compõem um quadro familiar povoado de intrigas. Seja entre irmãos, cônjuges, mãe e filho ou falando das antigas mágoas entre Ivan e seu primo Simon, a família e sua unidade são questionadas e exploradas, sem dramas emocionais, com uma frieza psicológica que sabe conter as emoções e colocar o foco deste filme na instabilidade da vida que dispensa esclarecimentos finais.

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