Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

O Haiti não é (apenas) aqui

Martina Cavalcanti Jovens e crianças pobres participam do tráfico de substâncias ilícitas para ascenderem socialmente. Disputa entre facções rivais por pontos de drogas colocam a vida de moradores de comunidades carentes em risco. Mão-de-obra é explorada na produção têxtil de falsificações. Pessoas são contaminadas ao fazerem transporte ilegal de resíduos tóxicos. Manchetes como essas poderiam …

O Haiti não é (apenas) aqui Leia mais »

Martina Cavalcanti

Jovens e crianças pobres participam do tráfico de substâncias ilícitas para ascenderem socialmente. Disputa entre facções rivais por pontos de drogas colocam a vida de moradores de comunidades carentes em risco. Mão-de-obra é explorada na produção têxtil de falsificações. Pessoas são contaminadas ao fazerem transporte ilegal de resíduos tóxicos.

Manchetes como essas poderiam ser vistas facilmente em qualquer jornal de países subdesenvolvidos, mas foram reveladas como ingredientes perversos da atual máfia italiana no filme Gomorra. Inspirado no best-seller homônimo do escritor Roberto Saviano, o filme desvela as atrocidades cometidas para sustentar a máfia de Nápoles, Camorra. A falência social do país europeu governado pelo conservador Silvio Berlusconi é evidenciada e o glamour da moda italiana desce do salto, revelando uma Itália oculta para muitos.

gomorra1

Não é à toa o uso da paronímia Gomorra, cidade bíblica que teria sido punida por Deus devido aos atos imorais de seus habitantes. O diretor Matteo Garrone quer alertar para a necessidade de punir os responsáveis pela terrível condição na qual napolitanos e imigrantes chineses são meras mercadorias para obtenção de lucro e poder.

Apesar de não ser citada, Sodoma também está presente. Os integrantes da máfia, predominantemente homens, têm “Scarface” como ícone, fazem as unhas, as sobrancelhas e bronzeamento artificial. A alta cúpula também anda em carros caríssimos e freqüenta prostíbulos. A preocupação estética, a prostituição e a adoração a ídolos norte-americanos são, portanto, alguns dos outros elementos que incentivam a participação nessa cadeia complexa e desumana.

gomorra-posterO filme não conta com grandes nomes como Francis Ford Coppola, Marlon Branco, Al Pacino e Diane Keaton, cineasta e intérpretes do ícone da máfia na Itália, O Poderoso Chefão. Muito pelo contrário, o estreante diretor Matteo Garrone escalou alguns não atores para compor o elenco.

Justamente por revelar a nova safra da máfia e do cinema italiano, Gomorra foi um dos mais premiados no continente europeu neste ano. Em Cannes, onde foi vencedor do Prêmio do Juri, o filme foi comparado com o brasileiro Cidade de Deus, o qual também utiliza a experiência pessoal de não atores e apresenta a realidade dos morros cariocas. Não à toa, a estréia de Gomorra espera que a realidade brasileira esteja, de alguma maneira, no registro quase documental das quebradas napolitanas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima