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50 anos de seu primeiro título em Los Angeles: conheça o início da trajetória dos Lakers rumo à dominação da cena

Celebração de marco na história da franquia mostra que os louros de 72 são referências para o time atual

O começo de tudo: quem eram os Lakers antes da NBA?

Los Angeles Lakers, fundado como Minneapolis Lakers, é um dos times de maior sucesso da NBA (National Basketball Association), com o recorde de 17 títulos conquistados (ao lado de seu rival Boston Celtics) e uma extensa lista de astros do basquete figurando na história do clube, como Shaquille O’Neal, Kobe Bryant e LeBron James. 

A popularidade da equipe não é por acaso. Eles iniciaram na NBL (National Basketball League) dos Estados Unidos na temporada de 1947, quando Ben Berger e Morris Chalfen resolveram comprar uma franquia que estava à beira da falência, o Detroit Gems. Com poucos recursos e os antigos jogadores sendo pleiteados para outros clubes, a dupla precisou criar uma estratégia para colocar o então Minneapolis Lakers no páreo competitivo. 

Além de contratarem Max Winter e John Kundla como gerente e técnico, respectivamente, e a primeira estrela do time Jim Pollard, um fator inesperado serviu para dar continuidade à ascensão pretendida por Berger e Chalfen: a adesão de George Mikan à equipe. O pivô, que dominava a quadra com seu grande porte físico (2,08m de altura e 111 kg), foi draftado pela NBL após o desmantelamento da Professional Basketball League of America, de Maurice White, que durou menos de um mês. Ele liderou as pontuações da liga, facilitando a vitória dos Lakers no campeonato de 1947-48.

Nos anos seguintes, a NBL dispunha dos melhores times e jogadores profissionais de basquete da época, embora disputasse com uma liga rival, a BAA (Basketball Association of America). Esta última ocupava enormes cidades do leste, como Nova Iorque e Boston, e se articulava para melhorar o seu elenco.

Não tardou para que a BAA conseguisse persuadir quatro dos clubes da NBL, incluindo os Lakers, a participarem de seus quadros na temporada de 1948-49. Isso reafirmou a dominância da equipe, mesmo em uma outra liga, e conferiu a eles o título do campeonato de 49, sob a liderança de Mikan.

Destituída de alguns de seus melhores times, a NBL parecia fadada ao fracasso. No entanto, o grupo uniu-se à BAA para formar uma única liga:  a NBA. 

A rivalidade Lakers-Celtics e mudança para Los Angeles

Ainda que consagrados em Minneapolis, os Lakers passaram por altos e baixos ao longo dos anos 50. Com uma campanha fraca entre 1956 e 1957, o clube foi eliminado pela terceira vez consecutiva nos playoffs, e teve seu pior desempenho no ano seguinte, durante a estadia de George Mikan como técnico. Por outro lado, o último lugar na disputa permitiu a primeira escolha nos drafts, e a equipe selecionou Elgin Baylor, que se provou uma adição essencial para a retomada do ritmo que o time havia perdido. 

Baylor, Chambers e West. Imagem: [Wikimedia Commons]
Em 1959, através da liderança de Baylor e Vern Mikkelsen, o time conseguiu ultrapassar o St. Louis Hawks — um empecilho nos anos anteriores — e chegar às finais. O título, no entanto, acabou indo para o ascendente Boston Celtics, o que deu início a uma longa rivalidade entre as duas equipes. 

Recobrar seu espaço perdido entre as temporadas não era o único desafio: os Lakers sofriam com uma diminuição gradativa de torcedores em Minnesota. Bob Short, então dono do clube, inspirado na recente mudança do Brooklyn Dodgers para Los Angeles (time da Major League Baseball), e seu expressivo sucesso comercial, decide levar, também, sua equipe para lá, transformando-os na primeira equipe da NBA na Costa Oeste.

Além da realocação para Los Angeles, os Lakers anunciaram Jerry West, armador que, junto ao Baylor, levou a equipe para o segundo lugar da Divisão Oeste. A dupla ainda integrou o top 10 de melhores pontuadores da NBA pelos quatro anos seguintes.

Wilt Chamberlain e o prelúdio da vitória

Em 1965, Bob Short vendeu os Lakers para Jack Kent Cooke por cinco milhões de dólares. Cooke, com o objetivo de contrapor o Celtics, escala Wilt Chamberlain para o elenco, também como medida de substituição a Baylor, que estava doente. Apesar de Chamberlain conduzir a equipe às finais do campeonato, junto de West e Baylor, o time perdeu para os Knicks e estabeleceu o recorde de sete derrotas nas finais em nove anos.

No ano seguinte, Pat Riley foi integrado ao time (este que viria a ser treinador do time na década de 80). Mesmo assim, os Lakers voltam a perder, desta vez para o Milwaukee Bucks, liderado por Kareem Abdul-Jabbar (à época Lew Alcindor). 

Ricardo Bulgarelli. Imagem: [Reprodução/Facebook]
Essa sequência de derrotas só foi revertida na temporada seguinte, com alterações na parte técnica e um novo modelo de treinamento.

Em entrevista ao Arquibancada, Ricardo Bulgarelli, comentarista esportivo da ESPN, relata que se supõe que o novo treinador “convenceu Wilt Chamberlain a trabalhar todos os dias de manhã, alegando que só dessa forma ele conseguiria vencer Kareem Abdul-Jabbar”. A derrota traumática, sob a ótica de Bulgarelli, serviu de combustível para que o astro se reinventasse. 

A temporada 71-72 e o caminho nos playoffs

O Los Angeles Lakers teve um início de temporada marcado por duas significativas mudanças: a aposentadoria de Elgin Baylor, motivada por razões médicas, e a chegada de Bill Sharman como novo técnico. O ex-jogador do Celtics trouxe novidades para o comando técnico, que foram decisivos para uma mudança na postura da equipe, como explica Bulgarelli: “Imaginem um time envelhecido, experiente, que tinha chegado à várias finais seguidas na década anterior. Alguns não tinham ganhado nada praticamente, como Jerry West e Wilt Chamberlain, e disciplinar esses caras, para que arremessassem todo dia de manhã, trabalhassem condicionamento físico no dia do jogo, foi implementado algo totalmente novo para alguns dos caras mais velhos da liga.”

Bulgarelli ainda salienta que o método de treinamento de Bill interferiu no rendimento do time, não somente nas vitórias: era o melhor ataque e pace da liga, com um time que acelerava e defendia bastante, apresentando um aproveitamento muito grande.

Sharman aprendeu muito com Red Auerbach, grande técnico da história do Celtics, que tinha como qualidade o arremesso. Ele traz,  para o então envelhecido time de 72 do Lakers, a disciplina de treinamento que teve com seu ex-treinador. “Ele foi precursor em fazer aquecimento para treinar arremesso no dia do jogo, antigamente não tinham esse costume, e o Bill Sharman, ao assumir o comando técnico do Lakers [em 72], traz isso como novidade”, afirma o comentarista.

O resultado foi notável. Emplacaram 33 vitórias seguidas, recorde até hoje. O desempenho ao final da temporada foi espetacular: 69 vitórias e 13 derrotas, marca que permaneceu insuperável até o Chicago Bulls de 95-96 (72-10).     

Nos playoffs, venceram a semifinal contra o forte time do Chicago Bulls (4-0) e a final contra o atual campeão Milwaukee Bucks (4-2), sagrando-se campeões da Conferência Oeste. Restava, então, um último desafio: vencer o New York Knicks, campeão da Conferência Leste, para conquistar o primeiro título após a mudança da franquia para a Califórnia. 

Wilt Chamberlain. Imagem: [Wikimedia Commons]

Os adversários: New York Knicks

Os Knicks tinham como treinador o consagrado Red Holzman, além de um elenco composto por nomes como Walt Frazier, Bill Bradley e Dave DeBusschere. Terminaram a temporada regular em segundo lugar pela Divisão do Atlântico, atrás apenas do Boston Celtics, e em terceiro na tabela do Leste com 48 vitórias e 34 derrotas

Nos playoffs, venceram o Baltimore Bullets na semifinal (4-2) e levaram o título de campeões do Leste sobre o Celtics (4-1). O próximo adversário seria o Los Angeles Lakers, pelo título de campeão da NBA.

A final  

O jogo de abertura aconteceu na Califórnia e foi vencido pelos nova-iorquinos. O descontentamento da torcida com a derrota inicial, em casa, pressionou fortemente os Lakers para que igualassem a série no jogo seguinte, ainda na “Cidade dos Anjos”. Com uma incrível partida de Chamberlain, a série chegaria a Nova Iorque empatada.

O time de Los Angeles dominou o Madison Square Garden. Frustrando os quase vinte mil torcedores dos Knicks presentes nos jogos, os californianos conseguiram vencer as duas partidas fora de casa.

A série voltaria para Los Angeles com uma vantagem dos Lakers por 3-1. O que seria o último jogo da temporada chegou ao intervalo com o placar empatado em 53. Os Lakers, porém, conseguiram manter a habilidade técnica frente a um já cansado Knicks. Por 114–100, a franquia conseguiu seu primeiro título de Campeão da NBA desde 1954.

Bill Sharman foi eleito melhor técnico da temporada, enquanto Wilt Chamberlain ganhou o prêmio de “Jogador Mais Valioso” (em inglês, Most Valuable Player ou MVP) da final.  

O legado

A vitória em 1972 foi fundamental para consolidar a presença dos Lakers na Califórnia. Foi um marco na história da NBA, não apenas pela presença de outro “Troféu Brown” (nome dado ao prêmio da NBA à época) na prateleira do time, mas também por ter implementado novas dinâmicas no basquete americano.

“A presença dele [Bill Sharman] por bastante tempo conseguiu criar essa cultura, foi o precursor do Showtime.  Eles começaram a buscar novos jogadores para substituir aqueles nas mesmas posições e com a mesma qualidade, isso reverbera nos 80 com a época do Showtime, e a época mais vencedora”, explica Bulgarelli.       

A franquia enfrenta, atualmente, uma má fase. Ainda que a escalação do time apresente nomes de gigantes do basquete, como LeBron James e Anthony Davis, os Lakers não conseguiram atingir, na temporada 21-22, a classificação necessária para avançar diretamente para os playoffs ou mesmo para participar da repescagem, conhecida como play-in.   

Perguntado sobre a possibilidade de a franquia recorrer, então, à sua própria história em busca de um caminho para a superação, o comentarista opina “Era uma época diferente, a paixão e o amor, de fazer o melhor de acordo com o que ama a cada dia, se entregar, não só fazer mais ou menos. Tentar se entregar, isso é fundamental, e os resultados vão acabar aparecendo. […] O Lakers precisa tomar um caminho no aspecto de não se cobrar tanto. É melhor fazer uma coisa pra perdurar uma década do que fazer uma coisa pontual. […] Não são 20 anos sem ganhar, eles têm que ter na cabeça: é melhor montar um time pra essa década ou ganhar agora?”

 

 

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2 comentários em “50 anos de seu primeiro título em Los Angeles: conheça o início da trajetória dos Lakers rumo à dominação da cena”

  1. Matéria muito interessante e bem-escrita! Parabéns aos jornalistas. Quando criança, eu era um grande fã dos Lakers! Muito bom ler novamente sobre eles.

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