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O Roubo da Taça: apenas outra comédia sobre o jeitinho brasileiro

por Breno Deolindo breno.deolindo.silva@gmail.com “A comédia é um gênero fino”, diz o diretor Caíto Ortiz sobre seu novo filme, O Roubo da Taça (2016), que estrela Taís Araújo e Paulo Tiefenthaler. Vencedor de quatro Kikitos no Festival de Gramado (Melhor Ator, Melhor Fotografia, Melhor Roteiro e Melhor Direção de Arte), o longa mistura elementos ficcionais …

O Roubo da Taça: apenas outra comédia sobre o jeitinho brasileiro Leia mais »

por Breno Deolindo
breno.deolindo.silva@gmail.com

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“A comédia é um gênero fino”, diz o diretor Caíto Ortiz sobre seu novo filme, O Roubo da Taça (2016), que estrela Taís Araújo e Paulo Tiefenthaler. Vencedor de quatro Kikitos no Festival de Gramado (Melhor Ator, Melhor Fotografia, Melhor Roteiro e Melhor Direção de Arte), o longa mistura elementos ficcionais e verídicos para contar a história do roubo da Taça Jules Rimet, entregue à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) em 1970 como prêmio pelo tricampeonato em Copas do Mundo.

A finesse apontada por Ortiz realmente aparece na tela. Notamos um cuidado com a cinematografia raramente visto nas comédias; a utilização de cores, enquadramentos e movimentação de câmera fazem jus ao Kikito de Melhor Fotografia. Porém, o apelo técnico não é suficiente para compensar outros aspectos decepcionantes da película.

Logo no início, o espectador é apresentado à voz de Taís Araújo, dando pinceladas da situação política e econômica nos anos 1980. Existe uma clara preocupação em ilustrar a importância do futebol como fuga da crise inflacionária brasileira e o crime central à trama algo que comoveu a população. No entanto, boa parte das muitas cenas como potencial para aprofundar esse sentimento não saem do básico, e falham em imergir o público na emoção. Exceção feita ao personagem de Mr. Catra: apesar do pouco tempo em tela, o funkeiro consegue passar tal indignação.

Peralta, interpretado pelo premiado Tiefenthaler, é o típico malandro que se vê encurralado por dívidas acumuladas de jogatina, levando-o a arquitetar o furto da Taça. Após concretizar seus planos, o protagonista passa por dificuldades para vender o artefato, e as notícias sobre a grande investigação feita para recuperá-lo apenas aumentam seu medo. O investigador Cortez (Milhem Cortaz) aparece como responsável pelo caso, e abusa das características do “policial malvado” – aprendidas em Tropa de Elite (2007): Cortaz transmite a truculência militar com maestria, sendo um dos pontos altos da produção.

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Taís Araújo, por outro lado, decepciona encarnando Dolores, mais um dos esteriótipos das comédias brasileiras que aparecem a rodo em O Roubo da Taça. Praticamente todas as cenas com participação da atriz têm conotação sexual, tanto nas falas, quanto no posicionamento da câmera, reforçando o machismo ainda muito presente nas produções audiovisuais do Brasil. Ainda assim, Dolores mostra a força da mulher como “voz da razão” para o namorado Peralta, ao tentar remediar as maluquices cometidas por ele.

As situações criadas para o humor beiram o absurdo, evidenciando o maior problema desta comédia: ela fracassa em arrancar risadas durante quase toda sua extensão. Piadas previsíveis, muitas vezes restritas a quem acompanha futebol, unidas aos repetitivos arquétipos dos personagens tornam o filme cansativo, expondo um roteiro fraco e nada atrativo para quem já se acostumou a pastelões nacionais. O legado deixado por Caíto Ortiz é majoritariamente negativo, ainda que haja uma luz no fim do túnel acesa pela alta dedicação às tecnicidades do filme.

O Roubo da Taça estreia em 8 de Setembro. Confira o trailer!

https://www.youtube.com/watch?v=ZI9xI6eKHjI

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