Sebastian Vettel é um dos pilotos mais vencedores da Fórmula 1. Apesar de vir apresentando um baixo rendimento desde que mudou para a Scuderia Ferrari, em 2014, o piloto é tetracampeão da Fórmula 1, além de se tornar o campeão mais jovem da história quando conquistou seu primeiro título em 2010.
Pedro Henrique Marum, editor do portal Grande Prêmio, conta que Vettel já era considerado um dos principais pilotos em 2010 e que Vettel já se destacava desde 2008, quando foi campeão de Toro Rosso. Além disso, o piloto alemão foi o vice-campeão em 2009.
Vettel era visto como “a grande esperança alemã” depois de Michael Schumacher, segundo Pedro Henrique. Muito dessa expectativa foi alimentada pelo fato de Vettel ter “saltado à frente” de muitos de seus concorrentes mais experientes. Pedro destaca também o estilo técnico, e ao mesmo tempo arrojado, de Vettel como um traço que o destacou rapidamente. O editor menciona a boa entrada em curvas do piloto, além de suas saídas rápidas destas.
Pedro complementa ainda que isso pode ser um dos fatores que contribuem para a dificuldade de Sebastian Vettel em se adaptar com a mudança para a era híbrida, ocorrida recentemente quando o freio passou a ser o break by wire, em que a frenagem tem que ser feita com o pé até o fundo do pedal. Após essa mudança, o freio passou a servir para promover uma recuperação de energia do carro.
Além de piloto profissional, Sebastian Vettel é um profundo conhecedor da história da modalidade e de seus carros históricos. Pedro também destaca que há grandes chances de ele continuar no automobilismo depois da aposentadoria, além de ser possível observar que o piloto acompanha com frequência a atuação de jovens talentos de outras categorias.
O contexto
A temporada de 2010 da Fórmula 1 começou, segundo Pedro, com um mistério. Ainda se recuperando dos danos sofridos da crise mundial de 2008, com perdas de algumas montadoras, a Fórmula 1 teve uma temporada atípica em 2009, com a Brawn GP sendo campeã com algumas “traquitanas tecnológicas”, como pontua Pedro. Isso se torna relevante para a temporada seguinte, pois a Brawn foi vendida para a Mercedes, o que gerou dúvidas em cima da dobradinha, “porque se sabia que a Mercedes não viria tão forte como a Brawn começou o ano anterior”.
Continuando, Pedro diz que Vettel “era favorito, mas era cotado como um candidato possível”. Até porque, além dele e da Red Bull Racing, havia outras equipes bem preparadas e com pilotos experientes. Muito se especulava em cima da Ferrari e da McLaren. A montadora inglesa formou uma dupla campeã mundial, com Lewis Hamilton e Jenson Button, enquanto a Ferrari tinha o experiente Felipe Massa, já recuperado de seu acidente em 2009, e o bicampeão mundial Fernando Alonso. “Muita gente esperava que Alonso e Hamilton fossem voltar a brigar por um título mundial como fizeram em 2007”.
Além disso, a já citada Mercedes, grande coringa da competição, contava com a volta de Michael Schumacher, grande nome do automobilismo alemão, e Nico Rosberg, outro alemão que naquela época “já era visto como um piloto talentoso”.
Entretanto, Pedro pontua que a Red Bull era também uma das favoritas. Considerando a temporada de 2009, das primeiras oito corridas, Button vence seis e o Vettel vence duas, sendo que essa vantagem acabou diminuindo, o que levou ao vice-campeonato de Sebastian em 2009. Além disso, o piloto também havia feito grande campanha pela Toro Rosso em 2008, o que depositava grande esperança nele.
O carro
Não há dúvidas que o carro da Red Bull Racing de 2010 era competitivo, do contrário, torna-se improvável a conquista de um título mesmo com um piloto talentoso. No entanto, Pedro Henrique Marum destaca que o carro da equipe não era muito acima dos demais. Em 2010, Vettel teve maturidade com o carro. O piloto não passa sufoco na última etapa e não se complica, ao contrário do que ocorreu com Alonso e Button no começo de suas carreiras,
A emoção
O campeonato de 2010 então começa com as duas McLarens na frente e as duas Red Bulls atrás, com Alonso ameaçando em cinco. Sendo que nesse início, Webber encontrava-se na frente de Vettel. Então, com o decorrer da temporada, Alonso e Vettel se descolam desse meio e passam a disputar a primeira posição.
O embate entre o espanhol e o alemão manteve-se acirrado durante todo o mundial. Porém, o experiente e já bicampeão Fernando Alonso mantinha-se na primeira posição durante todo o campeonato, sendo que Vettel chegou na última corrida não tendo liderado uma rodada sequer da temporada.
“A maioria da opinião pública, e mesmo a imprensa, esperava que o Alonso fosse ser campeão, porque ele era o bicampeão mundial. Mesmo com alguns anos passados desses títulos, o pessoal ‘passava um pano’ para ele”. Tendo isso em consideração, pode-se perceber que havia uma grande pressão sobre as pernas do homem que aspirava a ser o mais jovem campeão da história da modalidade.
Então, começa o Grande Prêmio Etihad Airways de Abu Dhabi sem muita tensão, já que o quarto lugar bastava para o tricampeonato de Alonso. O primeiro grande nome da corrida foi Schumacher, porém não do jeito que ele gostaria. Com uma discreta nona classificação na temporada, o alemão roda logo no início da prova, fazendo com que o italiano Vitantonio Liuzzi escalasse seu carro, o que levou a cinco voltas com o Safety Car.
Vettel havia dominado desde antes da corrida, largando em pole position, que conseguiu manter ao longo da corrida. Enquanto isso, Alonso chegou a cair à 11° posição, devido a alguns carros que ainda não haviam parado no box. Os principais, e reais, adversários de Alonso foram Vitaly Petrov e Nico Rosberg, que não facilitavam para o espanhol.
Mais ao fim da corrida, Robert Kubica, que havia parado na 47° volta, retornou à corrida também na frente de Alonso. Sem ter pit stops e tendo que reganhar seu título na base do acelerador, Alonso viu o título escapar de suas mãos e cair aos pés de Sebastian Vettel, que com 23 anos, 4 meses e 11 dias, se tornou o campeão mais novo da história da Fórmula 1, além de se tornar o primeiro a ganhar o título sem liderar nenhuma rodada.
Alonso, chegando atrás do aplaudido Petrov, foi vaiado e não participou da festa do título, assim como nenhum outro membro da Ferrari, festa essa que conta com a presença de todas as equipes. Ao receber um banho de champanhe de Button e Hamilton, Vettel começava a cimentar seu nome entre os grandes do esporte, sendo acompanhado pelo título da Red Bull Racing, sua montadora, que já tinha o título garantido ao início do GP.
O legado
Além do evidente legado existente em seu tetracampeonato e título de campeão mais jovem da história, o editor do portal Grande Prêmio destaca a importância de Sebastian Vettel para uma mudança de patamar da equipe da Red Bull Racing. Na época, a empresa não representava o conglomerado esportivo que é atualmente, mas consistia uma equipe “experimental”. Ele destaca que a partir de um distanciamento temporal maior, será mais evidente o quão importante Vettel é para a modalidade.
Pedro não questiona a genialidade e dominância geracional de Lewis Hamilton, mas pondera que as condições dadas a Vettel nos últimos anos não eram favoráveis a nenhuma conquista sua: “A maneira desrespeitosa da Ferrari com o Vettel certamente não será esquecida”.
O perfil de Vettel também é visto por Pedro como um legado. Mesmo considerado “low profile”, ou seja, discreto e sem muito destaque midiático, Sebastian Vettel também teve momentos de brigas e discussões com outros pilotos. Talvez o exemplo mais famoso é quando bate no carro de Alonso no Azerbaijão em 2017 e discutem seriamente. Também contrariando um pouco desse perfil “padrão”, o piloto tem se posicionado ao lado de Lewis Hamilton, que obviamente deve ser a voz de liderança na Fórmula 1 na discussão racial, o que contribui positivamente para seu legado no esporte.
Algumas estatísticas de Sebastian Vettel tornam inquestionável o seu legado na Fórmula 1. O piloto é um dos cinco maiores vencedores de corridas, e está entre os três maiores vencedores da Ferrari – mesmo não sendo campeão pela Scuderia. Na próxima temporada, o piloto passa a integrar o time da Aston Martin.