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Paraíso: holocausto em preto e branco

Em 2015, o longa polonês Ida (2013), venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em uma produção que contava a história intimista de uma mulher em busca do túmulo dos pais, mortos durante a Segunda Guerra Mundial. Já em 2017, a Academia resolveu não repetir a história e o russo Paraíso (Ray, 2016) não passou da …

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Em 2015, o longa polonês Ida (2013), venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em uma produção que contava a história intimista de uma mulher em busca do túmulo dos pais, mortos durante a Segunda Guerra Mundial. Já em 2017, a Academia resolveu não repetir a história e o russo Paraíso (Ray, 2016) não passou da fase de pré-selecionados e não foi indicado à categoria. Uma pena, já que seria de uma importância imensa premiar um filme, que apesar de falar de momentos históricos do século passado, se mantém como um alerta atual em um mundo com o assustador crescimento de discursos de ódio.

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Assim como Ida, o diretor Andrey Konchalovskiy optou pelo uso do preto e branco em seu filme. Mas diferente do longa polonês, o uso estético aqui dá um tom mais documental. Aliás, o longa se divide entre depoimentos dos três personagens principais, Olga (Elena Kiseleva), Helmet (Christian Clauss) e Jules (Peter Kurth) e suas experiências. Não é dito onde eles estão dando esses relatos, já que a câmera foca nos atores apenas sentados de frente para uma mesa em plano médio, o que aumenta ainda mais a relação com a realidade, dura e cruel.

Olga é a protagonista, uma aristocrata russa que durante a Segunda Guerra ajudava crianças judias na França a se esconderem da polícia nazista, durante a ocupação no país. Ela é pega e vai parar em um campo de concentração, onde reencontra Helmet, um oficial de alta patente da SS, com quem viveu um romance no passado.

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A relação entre os personagens é só um mero coadjuvante, quando o mais envolvente na trama é a tragédia a qual eles estão condenados. Tanto nos depoimentos quanto nas ações, o que causa repulsa no espectador é a condição na qual se encontram as vítimas e em como seus algozes se sentiam tão certos e seguros de si, sem nenhuma culpa.

Ao final da sessão, o nó no estômago permanece. A Academia perdeu a chance de, além de inserir nos indicados a Melhor Filme Estrangeiro um ótimo longa, mostrar um alerta de como a história pode ser cíclica e de como os mesmos discursos ditos por líderes de extrema direita atualmente foram usados no passado.

Paraíso estreia nos cinemas no dia 26 de janeiro.

por Mel Pinheiro
mel.pinheiro.silva@gmail.com

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