Por Isabel Briskievicz Teixeira (belbrisk@usp.br)
No último sábado (27), Marcos Silveira Buckeridge ministrou a palestra “Sustentabilidade: vamos falar de florestas urbanas” aos participantes do módulo “Descobrir São Paulo, descobrir-se repórter” do Projeto Repórter do Futuro. Marcos é professor do Instituto de Biociências (IB) e membro do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, onde criou e atualmente coordena o programa USP – Cidades Globais.
“É impossível falar de florestas urbanas sem falar em mudanças climáticas”
Marcos Silveira Buckeridge
O especialista em Biologia Molecular diz que o Estado é ausente nas políticas públicas das periferias: “há menos atuação do poder público, no sentido de fazer um planejamento estratégico”. A solução para a sensibilização popular é uma educação mais democrática, abrangente e que facilite o entendimento da população acerca dos problemas enfrentados, comenta o pesquisador. “É preciso que a gente tenha mecanismos de informar essa população usando a linguagem que ela entenda”.
Na cidade de São Paulo, regiões extremamente arborizadas podem variar a temperatura ambiente em até 10° C em relação às sem áreas verdes, segundo uma pesquisa publicada pelo programa USP – Cidades Globais. Mudanças climáticas como as ondas de calor, que fazem os conglomerados urbanos atingirem até 40° C em épocas incomuns, são percebidas de forma desigual.
As árvores, organismos vivos constituídos por raízes, caules, troncos e folhas, são fatores determinantes para a melhora da qualidade de vida urbana. Elas reduzem a temperatura local, aumentam a frequência de chuvas e “assimilam toneladas de CO2 durante o crescimento, contribuindo com a mitigação das mudanças climáticas”. Segundo a pesquisa, “também contribuem com a redução do escoamento superficial da água da chuva, potencialmente reduzindo os impactos ocasionados por enchentes”. Além disso, florestas urbanas são capazes de melhorar o bem-estar da população.
No entanto, a densidade de árvores na capital paulistana é muito maior em regiões com alta concentração de renda – como o centro – do que em regiões pobres e periféricas. A exceção é o extremo sul, localizado perto de áreas de proteção ambiental da Mata Atlântica. A arborização urbana se configura, assim, como um marcador social.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em regiões mais arborizadas também é maior. Segundo o pesquisador, “não é uma relação de causa e efeito, mas as árvores urbanas são um indicador do IDH”.
Imagem de capa: rajarajaraja/ Flickr