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Sem tempo ruim

“Quando chamaram meu nome eu tive a sensação de que eu podia ouvir metade da América dizer ‘Ah, não, por que ela de novo?’… Mas não importa!”. Com essa frase, que arrancou risos da plateia durante a 84ª edição do Oscar, Meryl Streep começou seu terceiro discurso na história da premiação. Meryl é recordista de …

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“Quando chamaram meu nome eu tive a sensação de que eu podia ouvir metade da América dizer ‘Ah, não, por que ela de novo?’… Mas não importa!”. Com essa frase, que arrancou risos da plateia durante a 84ª edição do Oscar, Meryl Streep começou seu terceiro discurso na história da premiação.

Meryl é recordista de indicações ao Oscar de atuação, tanto entre homens quanto entre mulheres – até agora foram 17. Sua primeira vitória foi em 1979, como melhor atriz coadjuvante em Kramer VS Kramer (Kramer VS Kramer, 1989), o drama familiar de um casal que briga pela guarda do filho. Já como melhor atriz, ganhou o Oscar por A escolha de Sophia (Sophie’s Choice, 1982), em 1983, interpretando uma polonesa sobrevivente do holocausto. Em 2012 arrematou sua terceira estatueta pelo papel da controversa Margaret Thatcher, em A Dama de Ferro (The Iron Lady, 2011).

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Tanto a sua lista de filmes quanto a de premiações é extensa. Além do Oscar, Meryl também é recordista no Globo de Ouro, com espantosas 26 indicações, das quais venceu oito. Ela conta ainda com dois Emmy, dois Bafta, cinco indicações ao Grammy e uma ao Tony. Ufa!

Não é à toa que Meryl Streep é considerada uma das melhores atrizes da atualidade. Ela é famosa por seu perfeccionismo e profundidade nas atuações. Conhecida como “camaleoa”, a atriz transita do drama ao musical, passando por romance e comédia.  Nascida em Nova Jersey, em 1949, sua carreira teve início no teatro, sobre os palcos de Nova Iorque, no final da década de 60. No cinema, estreou em 1977, com o drama Júlia (Julia, 1977).

Hoje com 62 anos, Meryl Streep abre caminho para outras atrizes mais velhas no mundo do cinema. Ela afirma que a idade avançada é positiva para sua carreira, pois lhe rendeu a capacidade de encarnar com propriedade todas as faixas etárias pelas quais já passou. Em 1989, quando completou 40 e recebeu três propostas para interpretar bruxas em filmes diferentes, ela pensou que sua carreira estava acabada. A luz no fim do túnel veio em 1995, com o convite de Clint Eastwood para As Pontes de Madison (The Bridges of Madison County, 1995). Meryl ainda tinha muitos papéis pela frente.

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Em 2006, ela beirou a insuportabilidade na pele de Miranda Priestly, em O diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada, 2006). Na trama, Miranda é a nada simpática editora-chefe da revista de moda Runway. Extremamente exigente, ela faz Andrea Sachs (Anne Hathaway), sua assistente, se desdobrar para satisfazer seus caprichos.

O papel de Miranda é considerado um ponto de mudança na carreira de Meryl, que até então havia feito praticamente dramas e alguns romances. Dois anos depois veio Mamma Mia! (Mamma Mia!, 2008), primeiro musical de sua carreira. No papel de Donna Sheridan, mãe de Sophie (Amanda Seyfried) que comanda sozinha um hotel nas ilhas gregas, Meryl cantou, dançou e se entregou ao ritmo frenético dos musicais, ganhando algumas torcidas de nariz por parte da crítica, por ser “uma mulher de 60 anos correndo na praia” – o que não abalou em nada a carreira da atriz. Merece destaque a canção “The winner takes it all”, que ela canta sozinha e com toda a interpretação dramática que lhe é característica.

Film Title: Mamma Mia!

No ano seguinte, a comédia romântica Simplesmente Complicado (It’s Complicated, 2009) vem engrossar a lista de filmes mais light da atriz. Ao lado de Steve Martin e Alec Baldwin, ela interpreta Jane, mãe de três filhos que tem um caso com o ex-marido, que já se casara de novo.

Personalidade forte?

A dama de ferro tem sido considerado a grande consagração de Meryl Streep. Mesmo nas críticas desfavoráveis que o filme recebeu, sua atuação era sempre identificada como o ponto alto da produção.

A oportunidade de representar uma mulher que enfrenta todos os obstáculos para chegar a uma posição de destaque foi um grande atrativo para Meryl, que é declaradamente ativista pelos direitos femininos. “Cada mulher que consegue bater o pé, se fazer ouvir e se tornar uma líder abre um pouco mais a porta para as que virão depois”, contou ela à revista Istoé.

Em entrevista à CBS, Meryl revelou que não lhe agrada quando enfatizam que ela já representou diversas mulheres  fortes. “Ninguém nunca diz a um ator ‘Você representa muitos homens de personalidade forte’. Nós presumimos que os homens são assim. Mas uma mulher decidida é um ‘animal diferente’”, diz.

Ela doou seu cachê por A dama de ferro para o Museu Nacional da História da Mulher, museu virtual que a atriz apoia desde 1998 e batalha para transformar em um espaço físico em Washington. “Se você quer que falem sobre alguma coisa, peça a um homem. Se você quer que ela seja feita, peça a uma mulher”, diz Meryl Streep, fazendo coro com Margaret Thatcher.

Pode culpar a Meryl

A combinação de perfeccionismo com grande habilidade levou a atriz a ficar conhecida pela capacidade de desenvolver diversos sotaques, que contribuem para uma atuação ainda mais realística. Essa característica foi tão bem aceita pelo público e pela crítica, que virou moda. Diane Pitblado, treinadora vocal de estrelas como Hilary Swank e Richard Gere, afirma que a crescente pressão para que os atores desenvolvam um sotaque específico para cada filme teve início com Meryl Streep.

Tudo começou em 1981, com um sotaque britânico em A Mulher do Tenente Francês (The French Lieutenant’s Woman, 1981), drama-romântico ambientado no século XIX. Desde então, o arsenal cresceu muito e começou a incluir não só países, mas regiões e até mesmo pessoas.

Meryl aprendeu sotaque polonês para A Escolha de Sophia, dinamarquês em Entre Dois Amores (Out of Africa, 1985), australiano em Um Grito no Escuro (Evil Angels, 1988), italiano para As pontes de Madison e irlandês em A Dança das Paixões (Dancing at Lughnasa, 1998).

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Já em A Última Noite (A Praire Home Compenion, 2006), ela estudou o sotaque da região dos estados americanos de Minnesota e Wisconsin, e para A Dúvida (Doubt, 2008), imitou os falantes do condado de Bronx, em Nova Iorque. Como algumas personagens possuem um jeito de falar que vai além do lugar onde nasceram, em Julie & Julia (Julie & Julia, 2009) Meryl se inspirou a própria Julia Child, autora de livros de culinária e apresentadora de televisão americana. Mais recentemente, em A Dama de Ferro, a atriz copiou o jeito de falar de Thatcher, com direito a transformações de entonação ao longo do filme, quando a primeira-ministra faz aulas para falar melhor em público.

Apesar de ter dito no discurso de agradecimento ao seu mais recente Oscar que “sabe que nunca mais vai receber aquela premiação”, Meryl não dá o menor sinal de querer se aposentar. Pelo contrário, ela continua ativa como sempre. Depois de A Dama de Ferro a atriz marcou presença novamente nos cinemas (ao menos nos Estados Unidos), mas de um jeito diferente: ela é a narradora do documentário To The Arctic 3D (To The Arctic 3D, 2012), cujos atores principais são três simpáticos ursos polares.

E como versatilidade pouca é bobagem, seu próximo filme, Hope Springs (ainda sem título em português), já está em fase de pós-produção. Trata-se de uma comédia romântica sobre uma mulher casada há mais de 30 anos, que convence o marido a participar de terapia de casal para recuperar a “intimidade dos velhos tempos”. A estreia nos Estados Unidos está marcada para o dia 10 de agosto, mas aqui no Brasil vamos ter que esperar até 5 de outubro para rever Meryl nas telonas. A expectativa é alta: desde O Diabo Veste Prada, Meryl Streep tem mostrado que não existem gêneros pequenos para grandes atores.

Juliana Santos
juliju-santos@hotmail.com

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