Hoje (12), a premiada cantora Taylor Swift lançou a regravação de seu quarto álbum de estúdio, Red. Composto por 30 músicas, sendo nove delas inéditas, o álbum tem duração de 2 horas e 10 minutos, além de contar com uma versão estendida da música All Too Well, uma das preferidas entre os fãs. Entretanto, não são somente os swifties — nome dado aos fãs da cantora pop — que estão felizes: a torcida corintiana também aguardava com expectativa esse lançamento.
Com jogo importante nessa semana, contra o Atlético-MG, os corintianos começaram a fazer pedidos para a sua “padroeira” interceder pela vitória. Internautas, no Twitter, chegaram a dizer que, se o Timão ganhasse, escutariam a música de dez minutos, All Too Well. Hoje, eles devem estar gastando esses minutos de maneira diferente — o Corinthians foi derrotado —, mas os adeptos à teoria não acordaram desmotivados e já distribuem explicações e correções para as teorias. E com o assunto viralizando novamente em meio a essas condições, vêm à dúvida o surgimento e o histórico dessa ligação de sorte.
Corinthians e Taylor Swift: como tudo começou?
No futebol, assim como na vida, o ser humano se apega a números, promessas e superstições, por vezes irreais, que tragam esperança de vitórias, tanto no esporte quanto na vida. Usar a mesma camisa, escutar o jogo pelo rádio ou chegar ao estádio com o pé direito são só alguns dos exemplos. É dentro dessa mística que a história entre Taylor Swift e Corinthians começou a se construir; mais precisamente, com um perfil no Twitter.
Danilo Soares é o dono da página Timão Dados, com mais de 12 mil seguidores nas redes sociais. Nela, além de falar sobre o Corinthians, ele é responsável por trazer estatísticas curiosas e inusitadas, em geral do mundo pop, para o futebol.
“Gosto de acompanhar esportes americanos e, sempre que possível, eles trazem nas transmissões alguns dados curiosos. Percebi que isso faltava no futebol brasileiro e resolvi trazer esse tipo de conteúdo com dados relacionados ao meu clube”, conta Danilo.
E seu repertório de curiosidades é vasto: ele já juntou dados que relacionam o Corinthians à Lana del Rey, ao One Direction, ao ator Adam Driver e até ao premiado diretor Martin Scorsese. Todas essas estatísticas obtiveram grande repercussão, mas nenhuma foi maior que a da cantora Taylor Swift.
No dia 22 de julho de 2020, o Corinthians derrotou seu maior rival, Palmeiras. No dia seguinte à vitória, Taylor Swift anunciou, de surpresa, o lançamento de seu oitavo álbum: Folklore. Dessa forma, Danilo, que já buscava essas estatísticas há algum tempo, foi atrás da relação de jogos do Corinthians com os lançamentos de álbuns de estúdio da norte-americana e descobriu a curiosidade: o clube nunca havia perdido uma partida antes ou após um álbum da artista ser lançado.
• Corinthians está INVICTO ANTES e DEPOIS do lançamento de um álbum de estúdio da Taylor Swift pic.twitter.com/p1FjvYsFxM
— Timão Dados (@TimaoDados) July 24, 2020
A partida seguinte seria importantíssima para a equipe do Parque São Jorge. Contra o Oeste, o Corinthians precisava de uma combinação de resultados para se classificar para as quartas de final do Campeonato Paulista. E foi o que aconteceu. Com a vitória, a estatística se concretizava e a relação ganhava força. “A repercussão naquele dia foi grande, mas ainda ficou meio que restrita entre os seguidores da página”, relatou Daniel.
Somente no final do ano essa história alcançaria maiores proporções. Em 11 de dezembro, Taylor Swift lançava, mais uma vez de última hora, seu nono álbum, intitulado Evermore. Assim, Daniel voltou a se lembrar da curiosidade e, em 13 de dezembro de 2020 — aniversário de 31 anos da cantora —, o Corinthians conseguiu uma importantíssima vitória contra o São Paulo, até então líder do Campeonato Brasileiro e favorito para o confronto, e seguiu em frente na competição.
“Eu fiquei eufórico ao ver que isso tomou proporções gigantescas. Foi assunto de sites internacionais antes mesmo da bola rolar e, depois da consolidação do resultado, se tornou maior ainda. Até hoje não consigo dimensionar esse acontecimento histórico”, relata Daniel. Além disso, alguns fãs da artista entraram na brincadeira com suas próprias curiosidades e abraçaram a história, algo que “geralmente não acontece entre os mundos do pop e do futebol, que não se misturam”.
Com o sucesso de seu trabalho reconhecido, Daniel ficou feliz com o crescimento de sua página e, principalmente, com outras torcidas buscando estatísticas semelhantes para seus clubes. “Nunca ganhei dinheiro com a página e esse não é meu objetivo; só de ter o Timão Dados como um precursor desse tipo de conteúdo no Brasil é muito gratificante”, completa.
O inesperado impacto da cantora na torcida
Desde então, alguns corintianos passaram a se interessar pelas músicas da loirinha — apelido da cantora entre os fãs brasileiros —, fazendo mutirões de stream no Spotify e até opinando sobre suas produções. Foi assim que uma thread do torcedor Lucas Nascimento, conhecido pelo nome de usuário “Capita”, viralizou. Ele fez resenhas de todos os álbuns até então lançados pela cantora. Ele contou, no texto, que havia feito uma promessa e, caso o Corinthians ganhasse, ele escutaria toda a discografia de Taylor e publicaria suas opiniões.
“Resenhar não era algo que eu imaginei, pensei apenas em ouvir e escrever minha percepção geral, mas os álbuns foram melhorando, então, decidi dar uma atenção maior às músicas”, contou Lucas ao Sala33.
Ele ressaltou a versatilidade da Taylor Swift em utilizar diversos gêneros musicais em cada uma de suas eras, do country ao indie/folk, passando pelo pop. Sendo a primeira artista feminina a ocupar o topo da Billboard 200 (de álbuns) e o Hot 100 (de faixa) com Folklore e Cardigan, respectivamente, em sua estreia, “ela reúne o melhor de cada estilo e encaixa tudo isso em uma música”, opinou Lucas, fazendo jus às críticas positivas de especialistas.
Agora, como um swiftie, Lucas relata estar ansioso para ouvir as regravações de álbuns cujos direitos autorais a cantora não mais detém, lançados agora como “Taylor’s Version”, e para ver as vitórias do seu time do coração.
Embora houvesse dúvida se os relançamentos ainda seriam válidos para a garantia de vitórias ao Timão, o lançamento de Fearless Taylor’s Version, em abril de 2021, adicionou mais um sucesso à estatística. Esse foi o relançamento do segundo álbum de estúdio da cantora, comercializado pela primeira vez em 11 de novembro de 2008. Mas esse pode ter sido apenas um acaso.
No jogo contra o Atlético-MG nesta quarta (10), às vésperas do relançamento de Red, a torcida viu a certeza dessa sorte cambalear: o time sofreu uma derrota de três a zero no estádio do rival, o Mineirão. Ao fim do jogo, a página Timão Dados publicou sua hipótese para esse resultado.
Seguinte galera… Relançamento não vale para a teoria
Fonte: Timão Dados
— Timão Dados (@TimaoDados) November 10, 2021
Mas se engana quem pensa que não houveram outras coincidências relacionadas à loirinha nesse jogo atípico. Primeiramente, o Atlético-MG tem como mascote o galo, que, no ilegal jogo do bicho, é representado pelo número 13 — número da sorte da cantora. Esse foi um confronto da 31ª rodada do Brasileirão e o primeiro gol, de Diego Costa, foi marcado aos 13 minutos de jogo. Além disso, essa foi a também a 13ª vitória consecutiva do Galo em casa.
E com o sucesso dessa coincidência, até o perfil oficial do Corinthians entrou na brincadeira. Desde a repercussão da publicação do Timão Dados, o time posta comentários bem humorados relacionando a prosperidade do time às produções da cantora até às suas aparições nas redes sociais.
Ela postou foto e o Timão goleou!
Coincidência? Eu acho que não 🤔#SemiConhece#VaiCorinthians https://t.co/AtxBKPhCir— Corinthians (@Corinthians) May 11, 2021
A sorte existe?
Diante da consistência dessa improvável relação, a fé na continuidade dela já se tornou uma superstição e, sim, superstições têm sua funcionalidade psicológica. Segundo o diretor do Centro de Desenvolvimento Cognitivo da Escola de Psicologia da Universidade de Bristol Bruce Hood à Uol, procuramos associações que justifiquem padrões que vemos diariamente e, quando algo não tem uma justificativa clara, tendemos a criar associações irracionais.
Quando desejamos a repetição de um evento positivo, tentamos reproduzir suas condições e daí se originam as crenças e rituais associados à sorte. Mesmo quando o resultado é desconhecido, as superstições geram uma sensação de controle e conforto.
Nesse caso, a popstar também tem suas superstições. Apesar da má-fama no senso comum, Taylor Swift considera 13 o seu número da sorte e faz inúmeras referências a ele em suas produções e carreira, como no curta metragem de All Too Well, que terá 10 minutos e 13 segundos de duração.
Então, se a fé na sorte não faz mal algum e até mesmo a “padroeira” do Timão tem uma superstição para chamar de sua, a torcida não tem nada a perder enquanto vibra a cada lançamento — e a cada gol!
Taylor Swift tem 11 Grammys, sendo a primeira cantora a ganhar três vezes a categoria “Álbum do Ano”, com Fearless, 1989 e Folklore, mais incontáveis prêmios em diferentes competições como American Music Awards (AMAs), MVT Video Music Awards (VMA) e Prêmio Billboard. Já o Corinthians foi campeão do Mundial de Clubes em 2000, é atualmente o maior campeão do Campeonato Paulista, com 30 taças e conquistou mais quatro Campeonatos Brasileiros.
Uma padroeira de alto nível para um time grandioso. Como ela diz: não os culpe “o amor os deixou loucos”, e é um amor dourado.