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45ª Mostra Internacional de SP | ‘Murina’

Com ajuda da produção de Martin Scorsese e do brasileiro Rodrigo Teixeira, Murina foi vencedor do prêmio Camera d’Or para melhor primeiro longa-metragem no Festival de Cannes. A obra de Alamat Kusijanović questiona o patriarcalismo na esfera familiar

No filme Murina (2021), Julija (Gracija Filipovic) é uma adolescente que apresenta uma boa relação com a sua mãe, Nela (Danica Curcic), e uma péssima relação com o seu pai Ante (Leon Lucev). O patriarca da família oprime e abusa psicologicamente das duas, o que gera um sentimento comum de repulsão do próprio público e dos demais personagens. 

Julija encarando Ante. [Imagem: Divulgação/RT Features]
Julija encarando Ante. [Imagem: Divulgação/RT Features]
O ponto de maior destaque de Murina é a abordagem da relação conflituosa de Julija com Ante. Enquanto o pai, egocêntrico, quer ter posse de tudo e de todos. A filha que vai amadurecendo, busca se rebelar de tal lógica, usando todos os recursos que forem disponíveis para obter a sua liberdade. 

Esse conflito é a temática central da história e é bem desenvolvido. Mérito disso em partes se justifica à atuação dos atores. Leon Lucev vive um pai desiludido, sempre com face ranzinza e entonação de voz agressiva. Gracija Filipovic envoca Julija usando bem o silêncio e a linguagem não verbal para expor toda angústia da protagonista.

Dos pontos que englobam a técnica, também vale destacar a boa fotografia que foi capaz de ajudar no desenvolvimento do roteiro de Murina. Na trama, existem cenas bonitas que mostram Julija submersa no mar. São nesses momentos que a protagonista expressa seus desejos internos e íntimos, uma vez que é um das poucas ocasiões de privacidade.

A fotografia ainda cumpre uma função estética no cenário, isso significa uma ampliação da imersão no enredo. A história aproveita a natureza e o visual do litoral da Croácia: praias, ilhas, o mar e a arquitetura local; para que assim consiga impressionar quem assiste.

Ao valorizar o cenário, é possível compreender o objetivo principal do antagonista Ante: vender suas propriedades valorizadas e conseguir uma ascensão. Nesse sentido, a preocupação paterna é subjugada por seu forte desejo de obter riquezas. E isso se explicita quando surge o seu amigo rico Javi (Cliff Curtis) na história, que, mesmo ameaçando o posto de patriarca da família e flertando tanto com Nela e Julija, ainda detém o respeito de Ante.

Javi conversando com Julija. [Imagem: Divulgação/RT Features]
Javi conversando com Julija. [Imagem: Divulgação/RT Features]
Ao contrapor à figura paterna para ser bem quisto pelas mulheres, a índole e motivações de Javi se tornam misteriosas e geram mais interesse com o enredo do longa Murina. Há uma dúvida: será que ele quer seduzir a mãe e a filha se aproveitando do seu glamour social e poder econômico ou simplesmente é simpático, gosta delas e quer fornecer um refúgio?

Por todos os lados, Murina é um bom filme, que expressa e problematiza a relação de posse das relações humanas: no relacionamento abusivo, na relação de propriedade sobre a terra e na relação de concretude que restringe o lado afetivo das pessoas.

Esse filme faz parte da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto. Confira o trailer: 

 *Imagem de capa: Divulgação / RT Features

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