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‘Terrifier 3’: um especial natalino que, definitivamente, não é para toda a família

Estreia internacional é marcada por boas bilheterias e reações intensas do público à violência extrema do filme
Por Luiz Dias (lhp.dias11973@usp.br)

Nova sequência da franquia de Damien Leone, Terrifier 3 (2024) traz o palhaço Art em uma aventura sangrenta de natal. Entre cenas de humor e violência extrema, o terceiro filme demonstra evolução em relação aos seus antecessores, porém ainda carrega algumas de suas falhas crônicas.

A estrela do show

Sendo um filme do gênero slasher, Terrifier possui uma obrigação, ter um assassino memorável, e esse é o maior acerto do filme, e de toda a franquia. O palhaço Art (David Howard Thornton), com traços derivados de grandes assassinos slasher dos anos 80, em especial Freddy Krueger de A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 1984), continua a funcionar muito bem no filme e se consagra como um dos maiores ícones do terror do século 21.

A atenção do público é capturada quando o palhaço entra em cena, sua presença é magnética e mantêm o foco, mesmo nas cenas mais tediosas, graças à atuação excepcional de David Howard Thornton. O público fica apreensivo a cada nova sequência do personagem. Os espectadores sabem que ele irá atacar, mas a tensão fica impressa no momento e na forma com que a carnificina irá começar.

Com experiência como mímico, Thornton entrega um assassino mudo, mas repleto de fisicalidade, uma presença aterrorizante e hilária, em igual medida [Imagem: Reprodução/IMDB]

Gore grotescamente bem feito

Marca da franquia — desde suas raízes na antologia All Hallow’s Eve (2013) — o gore, ou violência gráfica, segue presente neste terceiro título. Desta vez com ainda mais qualidade técnica graças ao orçamento de mais de 2 milhões de dólares, um aumento considerável aos 250 mil de seu antecessor. No entanto, é nessas cenas, que residem grandes fraquezas e méritos do filme.

Com o aumento de verba, Damien Leone — diretor, produtor, editor e roteirista do filme — demonstra sua experiência em direção de maquiagem através de ótimos efeitos práticos, mesclados a eventuais correções de CGI, dando vida a cenas de horror brutalmente realistas. O realismo empregado no longa, assim como em seu anterior, causou episódios de vômitos e desmaios na plateia, o que levou  autoridades, como o governo australiano, a emitir uma nota de aviso ao público.

A média das atuações dos coadjuvantes se mostra medíocre, no entanto, eles convencem como vítimas desesperadas, em especial quando gritam [Imagem: Reprodução/IMDB]

As cenas de assassinato se destacam pela qualidade visual e pela diversidade, raramente se repetindo, — desde armas brancas, pistolas, nitrogênio líquido e ratos — porém também levantam uma potencial fraqueza do filme. É necessária tanta violência? Apesar deste ser o foco do filme, muitas das cenas não possuem necessidade narrativa para existir.

Algumas sequências parecem existir apenas para chocar o espectador, o que faz o filme tender perigosamente ao subgênero de torture porn, filmes de terror com violência gratuita para o deleite de uma parcela bem nichada de pessoas. Até mesmo nas cenas essenciais para a construção da narrativa há excessos, através da prorrogação desnecessária da sequência de gore, algo que torna a experiência torturante ao espectador, e muitas vezes entediante, o que é ainda pior.

Victoria Heyes (Samantha Scaffidi) protagoniza junto de Art, uma cena desnecessária que explicita, de forma literal até demais, o subgênero torture porn presente no filme [Imagem: Divulgação/Diamond Films]

Uma curva de evolução, porém ainda com falhas

Apesar de longe da excelência, a terceira entrada da franquia demonstra uma clara ascensão na qualidade. O longa adota uma estratégia de dois núcleos, na mesma linha narrativa deixada por Terrifier 2 (2022): de um lado temos Sienna Shaw (Lauren LaVera) que lida com os problemas psicológicos decorrentes do filme anterior; e do outro lado, temos Art em sua trilha de matança, configuração que torna o filme mais orgânico, embora às vezes bipolar.

Lauren LaVera, se destaca como Sienna Shaw e entrega boas cenas de drama mesmo ao lado de Thornton e seu icônico palhaço [Imagem: Reprodução/IMDB]

A divisão de núcleos funciona de forma mais harmoniosa nesse terceiro filme, com ambos se desenvolvendo separadamente, até se unirem no desfecho — morno com cenas de ação pouco inspiradas. Em determinados momentos, no entanto, a estrutura se mostra desconjuntada, ao quebrar suas linhas narrativas para transitar entre os núcleos, principalmente com o objetivo de adicionar mais cenas de matança ao núcleo do palhaço.

O longa ainda ensaia alguns outros elementos, que funcionam em partes. Assim como seu antecessor, o filme tece críticas ao mercado de true crime e a romantização de serial killers através da personagem Mia (Alex Blair), uma crítica melhor desenvolvida que no anterior. Porém, essas sutis melhorias contrastam com outras tentativas mal-trabalhadas, como os aspectos sobrenaturais que envolvem os antagonistas, que carecem de desenvolvimento e se tornam dispensáveis na trama.

Ao final da sessão, o longa é uma experiência agridoce, que conquista o feito de ser divertida, bem realizada, hilária, repulsiva e desagradável, ao mesmo tempo. Uma obra que definitivamente não é para qualquer um, cuja apreciação depende bastante do espectador, em especial, sua suspensão a desmembramentos e litros de sangue falso. Um filme que agradará os fãs do subgênero e colocará o público casual em fuga para vomitar no banheiro mais próximo.

O filme está disponível nos cinemas. Confira o trailer:

*Imagem da Capa: Divulgação/Diamond Films

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