O resultado de 3 a 0 entre as equipes mais bem posicionadas no grupo B – até esse jogo — escancarou uma situação já há muito alertada pelos telespectadores brasileiros: o nível da equipe já não é o mesmo, e a garantia de medalhas douradas pela seleção do Brasil pode não ser mais tão certa assim.
Antes da ROC, o Comitê Olímpico Russo, a equipe de Renan Dal Zotto já havia enfrentado a Tunísia e a Argentina, ambos jogos complicados para os brasileiros. Contudo, as vitórias foram garantidas, posicionando o Brasil, até o último jogo, em segundo lugar na classificação do grupo B do masculino. As expectativas eram altas antes da partida, uma vez que, dos 96 confrontos entre essas duas equipes, 51 foram vitoriosas para o time verde e amarelo.
Com o resultado negativo diante da Rússia, o Brasil cai na classificação em relação aos Estados Unidos, passando a ocupar o terceiro lugar, apenas um ponto acima da França. As quatro equipes com o maior número de pontos passam para a próxima fase.
O Jogo
Durante o primeiro set, os jogadores brasileiros pareciam tentar se encontrar em quadra, despreparados para lidar com a estratégia russa — a equipe usufruiu até o último segundo de sua melhor qualidade, o forte bloqueio formado por jogadores altos e experientes, pontuando em cima do Brasil.
Apesar do plano de jogo inadequado e de, nas palavras do jogador Lucão em entrevista após a partida para a SporTV “terem alimentado o bloqueio russo”, o Brasil conseguiu contra-atacar, finalizando o set em 22 contra 25 pontos do ROC.
No segundo set, a expectativa era de melhora pelo time brasileiro, que teve tempo de analisar como poderiam atacar os russos — o que aparentava não ter sido feito antes daquela partida, mesmo com as vitórias da ROC sobre a França e os Estados Unidos.
O set foi aberto pelo Brasil, que soube se impor, mas os russos não ficaram para trás, deixando o placar em 4 a 1. No restante do set, a diferença entre as equipes chegou a 5 pontos, sem que o Brasil conseguisse pressionar a Rússia em nenhum momento.
Já no terceiro set, o bloqueio brasileiro se posicionou melhor e conseguiu acompanhar os pontos russos, mas perdeu-se no final, sendo derrotado por 25 a 20, o mesmo placar do segundo set e acabando com um placar de 3 sets a 0, o que não ocorria desde 2000 para a seleção de Vôlei masculino do Brasil.
O treinador brasileiro, buscando formas de furar o bloqueio russo, fez inúmeras substituições ao longo da partida, sendo Douglas a mais significativa delas: seu aproveitamento no jogo foi total e sua velocidade, decisiva, mas não suficiente para salvar o Brasil da segurança do Comitê, que apenas crescia.
Várias substituições também foram feitas pelo técnico finlandês, mas a maioria não obteve os resultados esperados. Os jogadores entravam em quadra apenas para saques, e acabavam pontuando em favor do time adversário no erro do fundamento.
Além de Douglas, o destaque da partida foi Lucão, que chamou atenção por seu aproveitamento de quase 100%. Do lado russo, Aleksandr Volkov foi o maior pontuador do jogo, acertando 12 bolas certeiras no chão. Também, Maksim Mikhailov também se destacou, atacando e utilizando sua experiência e confiança em quadra para derrotar o Brasil.
As estatísticas finais da partida foram insatisfatórias para a equipe liderada por Bruno de Rezende, com apenas 27 pontos de 76 ações de ataque, em comparação com os 43 pontos em relação a 81 ações de ataque do ROC.
Tudo perdido para o Brasil?
Nos próximos dias 29 e 31, o Brasil enfrentará os EUA e a França, respectivamente, em jogos decisivos para definir quais equipes vão para as quartas de final da Olimpíada de Tóquio. A seleção brasileira de Vôlei masculino é a atual campeã olímpica e possui seis medalhas na modalidade.
Em entrevista para o SporTV após o jogo com a ROC, o treinador Renan Dal Zotto afirmou que os estadunidenses possuem a mesma excelente defesa que os russos, e que será necessária muita estratégia para garantir a vitória na próxima partida.