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Do moletom ao corset: a mudança de Billie Eilish na Vogue

O afastamento do streetwear simboliza uma nova era na carreira da cantora, dessa vez mais próxima de nossa realidade

O ícone feminino do oversized, Billie Eilish, que abusava dos moletons, calças largas e bucket hats, apareceu vestindo corset e peças super femininas na edição de junho da Vogue Britânica. 

Em entrevista, a cantora afirmou ser muito insegura com seu corpo e como seu estilo piorava ainda mais a situação, por não se sentir desejável. Após a mudança, ela foi acusada de trair o movimento body posivity — ação social que luta pelo fim da opressão estética sobre os corpos — , por usar peças modeladoras. No entanto, Billie afirmou: “é tudo sobre o que te faz se sentir bem”, e mostrou sua nova proposta: autoconfiança.

O ensaio gerou um impacto no meio pop, obviamente pela mudança drástica da artista, a qual disse que vai levar essa estética para seu novo álbum. Fato que já ocorreu, visto em seu clipe Lost Cause, com os figurinos mais justos e decotados.  Além disso, os modelos escolhidos por Billie são muito atuais, ainda que paradoxalmente inspirados nas antigas “pin-ups”. Eles  carregam tendências presentes na vida de todo fashionista de hoje, mesmo aqueles que só estão se arrumando para ir ao mercado.

 

A escolha de estilista

Billie fez a escolha perfeita para seu novo visual: Alexander McQueen, Mugler e Burberry foram os responsáveis pelos looks da cantora. Todos os modelos compartilham de certa feminilidade, mas não muita delicadeza, e essa mistura  foi a peça-chave da artista. Além da clássica Burberry, as duas outras marcas, não tão difundidas no senso-comum, são a alta do momento e fazem sucesso nas passarelas. A Mugler, por exemplo, está vestindo muitas celebridades, como Megan Fox, Kim Kardashian e Kylie Jenner. Assim, a estrela selecionou ótimas grifes, as quais foram propulsoras para a publicidade do seu “renascimento” e vice-versa. 

 

Os corsets

Todos os looks de Eilish são muito bem acinturados, tudo pela presença dessa nova (e velha) tendência. Qualquer semelhança não é mera coincidência: a peça difundida durante o século 16, voltou para as passarelas e foi diretamente para o nosso guarda-roupa, no qual é usada no modelo de cropped e menos apertada, para facilitar o uso fora do tapete vermelho. No entanto, a proposta continua sendo a mesma da Idade Média e Moderna: além de modelar a cintura, o corset cria uma sustentação para o busto — finalmente, esse modelo fugiu do padrão de desfile, e passou a comportar um tamanho maior na artista e no mundo.


 

A transparência

O efeito sensual promovido pela transparência, com certeza, é um dos motivos pelos quais o ensaio não ficou nem um pouco delicado, apesar da feminilidade. Além de deixar o look menos pesado, o tecido traz uma visão de “mulher poderosa”, que a Billie diz buscar na entrevista. A transparência já entrou nos requisitados, vide a marca nacional Another Place. A tendência promove fluidez e uma semelhança com lingeries, mesmo sendo usada em público.

 

As jóias de corpo

Muito além dos colares e anéis, a cantora apostou em joias que cobriam seu colo e sua mão. Esse novo jeito de usar acessórios tomou as redes sociais e virou febre, empregado até na barriga ( chamado de body chain e belly jewelry). Esses itens oferecem maior sensualidade para o look, até porque foram extraídos da cultura stripper, ou seja, são reformulações das lingeries de cristal.

 

As luvas

Billie usou luvas longas, uma trend importada da inspiração da artista: as “Pin-Ups”. Uma delas foi emborrachada, assim como a que Olivia Rodrigo usou no clipe de good 4 u. Com certeza, essa tendência é mais complexa de adequar-se ao dia a dia, mas pode gerar alguns ecos no cotidiano, como uso de mangas compridas mais apertadas e menos bufantes, muitas vezes, cobrindo até as mãos.

Olivia Rodrigo em seu clipe de 'Good for you', vestindo luvas pretas de látex
[Imagem: YouTube/ Reprodução Olivia Rodrigo]
Assim, o ensaio de Billie Eilish foi marcante para sua carreira, mas também para a concretização de tendências. Por ser algo tão cotidiano, não paramos para analisar como esse estilo que está sendo criado agora será chamado de moda dos anos 20 no futuro. Logo, é preciso analisar, dentro e fora das passarelas, as conexões entre épocas, que foram muito bem abordadas nesse photoshoot. A análise da moda como uma arte cíclica, a qual retoma, constantemente, tendências antigas torna-se extremamente delicada. Mesmo que o retorno de uma peça, por exemplo, não signifique a volta de uma década toda e de sua forma de pensar, ele carrega consigo toda uma aura desse tempo. Por isso, Billie Eilish usar um espartilho não significa que ela retoma o século 16 ou até os anos 50, mas que ela evoca essas referências para dar peso e validação para seu look.

*Imagem de capa: Reprodução/Vogue UK

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