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I couldn’t help wonder: ‘Sex and the City’ e a volta dos anos 2000

Após duas décadas, o estilo da virada do século está de volta e promete não repetir os erros de seu passado

Plataformas, cinturas baixas, bolsas baguetes, lenços e frentes únicas: a moda dos anos 2000 está de volta. Essas tendências ocuparam as redes sociais nos últimos meses, em um movimento que faz lembrar os clipes da cantora Britney Spears. Embora não haja notícias sobre um remake da Britney, o público já está preparado para o reboot da série televisiva Sex and the City: o fenômeno que marcou a geração dos fim dos anos 1990, e ditou estilo e comportamento, já tem volta confirmada pelo canal HBO. No entanto, os questionamentos atuais também se voltam para a gordofobia e o racismo que acompanharam os looks da época.

Tendências do começo do milênio 

Os primeiros cinco anos da década de 2000 foram repletos de strass, tops baby look e cintura baixa. Esses itens têm origem na moda das periferias, mas até aquela época eram considerados vulgares e “trashy” no mainstreaming, como aponta Verena Figueiredo, ex-estilista e atual criadora de conteúdo. O enaltecimento dessas tendências ocorreu no início dos anos 2000, acompanhado por sua incorporação por ícones brancos e magros da cultura pop e pela popularização da tecnologia. O começo do milênio foi o período em que a internet, por exemplo, se tornou alcançável para boa parte da classe média no Brasil e o embate entre real e digital fez com que ícones de moda deixassem de estar apenas na televisão e no impresso e tomassem blogs e fotoblogs. 

Foi com o boom de referências fashionistas que surgiu o emblema do período: Paris Hilton. Uma socialite jovem, loira e milionária, que fez sucesso usando roupas oriundas dos guetos do hip hop e do rap

 

Sex and the City: colagem com cinco fotografias de Paris Hilton, que usava estilos que também apareciam na série da HBO
O visual da celebridade Paris Hilton contrasta o estilo delicado com referências do hip hop, como o casaco de pele, os grandes óculos escuros, a cintura baixa e as ondas no cabelo.

 

De volta para a geração Z 

Em 2021, não há dúvida da retomada da estética dos anos 2000, o que se relaciona à característica cíclica da moda. Ou seja, peças que eram usadas antes, voltam à moda com o passar do tempo. Existem várias teorias que tentam explicar a razão desse movimento, chamado de nostalgia pendulum. Verena explica que quando somos adolescentes, criamos afetos para com aquilo que usamos, por se tratar de uma fase divertida da vida. Ao amadurecermos, nós cultivamos essa relação de carinho com essas lembranças, o que favorece o retorno. Além disso, a geração mais nova por vezes aspira ser como a mais velha, o que reforça o movimento de volta. 

 

Sex and the City: imagens de famosas com top sem alça. uma peça recorrente na série

Sex and the City: imagem lado a lado de looks dos anos 2000 e dos anos 2021
Comparações entre peças dos anos 2021 e 2000 evidenciam o reaparecimento de tendências estilísticas

 

Mas e os preconceitos ligados à moda? Podem voltar? Verena explica que há duas situações possíveis. Na primeira, o retorno pode reforçar padrões de beleza femininos esterotipados. Ao passo que, na segunda, o retorno pode vir de forma ressignificada. Neste sentido, a ex-estilista ressalta: “Não é porque usamos um sapato estilo década de 20, por exemplo, que a gente propaga os valores da época”. Assim, ela torce para que a volta seja mais inclusiva, mas pontua que, para isso, seria necessário que a mídia mostrasse mais pessoas fora dos padrões tradicionais com essas peças, influenciando novos tipos de corpos a usarem-nas na vida real, em um processo que requer conscientização. A moda dos anos 2000 foi um movimento muito inocente, segundo Verena: “[As pessoas pensavam] ‘é só uma calça que mostra mais a barriga, é sexy, está usando’. Ninguém imaginaria a onda de distúrbios alimentares que seria causada pelas calças menores do que a numeração 34″. 

Para um cenário mais consciente, a moda deve ser vista como mais do que uma ferramenta frívola e um pedaço de tecido. A moda engajada, mesmo que retome modelos antigos, avança na luta pela diversidade.

 

Sex and the City: comparação entre roupas de 2021 e 2000, com estilos típicos da série de televisão

Sex and the City: imagem de celebridades com roupas similares nos anos 2000 e 2021
A retomada de estilos dos anos 2000 nos anos 2021 envolve não só o formato das peças de roupa, mas também estampas e acessórios.

Mas qual a relação com Sex and the City

Com uma abordagem extremamente feminina que traz a moda como elemento principal em muitos momentos, Sex and the City foi um seriado gravado entre 1998 e 2004, e, depois, transformado em uma franquia de filmes. Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis e Cynthia Nixon incorporavam as personagens Carrie Bradshaw, Samantha Jones, Charlotte York e Miranda Hobbes, respectivamente. O enredo era baseado no dia a dia de quatro melhores amigas na cidade de Nova York, a qual era praticamente uma quinta personagem. Yasmim Garcia, fã assídua da série, encara a narrativa como revolucionária para os anos 90. A produção recebeu esse caráter emblemático por apresentar quatro protagonistas mulheres, com cerca de 30 anos, fato incomum para as produções hollywoodianas da época.

A importância da moda faz parte, inclusive, da caracterização das personagens. Carrie é obcecada por sapatos, principalmente quando se trata de Manolos Blahnik, a ponto de despertar problemas em relacionamentos apenas para manter seu closet intacto. Porém, a obsessão não se esgota em Carrie: todas as personagens fazem compras constantes durante a narrativa e muito esporadicamente aparecem desarrumadas. A série trabalha a imagem da mulher nova-iorquina e a moda é apresentada como uma parte essencial dessa figura: você é o que você veste. 

Dessa forma, a série é encarada por parte do público como elitista, assim como suas personagens. Para Yasmin, Sex and the City é um retrato branco, hétero, rico e consumista da vida luxuosa e totalmente americanizada na Big Apple. 

Apesar dos tópicos que hoje seriam considerados “canceláveis”, Sex and the City ainda é fonte de conforto para muitos fãs como Yasmin. Ela reconhece que alguns temas poderiam ter sido abordados de forma mais consciente, mas a série continua a ter charme e um legado de impacto: não era sempre que quatro mulheres tinham voz, mutuamente, pra discutir sexo, empoderamento fincanceiro e machismo nos anos 90. 

O processo de retomada de tantas tendências reacendeu também quem as ditava. Sarah Jessica Parker, que interpretava a protagonista , ainda é considerada um ícone da moda, mas nos anos 2000 sua influência era ainda maior, com looks reproduzidos em vários lugares do mundo.

O reboot da série se mostra, então, uma oportunidade de colocar essas personalidades novamente no mercado.

 

Colagem comparativa entre peças usadas no seriado “Sex and the City” e em versões atuais. (@etsy, @nataliacangueiro, @ju_romano)

 

E o reboot?

Depois de os dois filmes da franquia Sex in the City receberem muitas críticas negativas, a minissérie And Just Like That  — que ainda não tem data de lançamento pela HBO — causa apreensão entre os fãs. Apesar do receio, Yasmim diz que está um pouco mais esperançosa, pois a atriz Sarah Jessica Parker exigiu personagens e uma produção mais diversificada.

Assim, a expectativa é de um reboot consciente e com muitos looks marcantes, aspecto no qual a franquia nunca deixou a desejar.

1 comentário em “I couldn’t help wonder: ‘Sex and the City’ e a volta dos anos 2000”

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