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Um mergulho em Shawn Mendes: honesto e pessoal, álbum auto intitulado traz evolução

Deitado no chão do banheiro sem sentir nada: foi assim que Shawn Mendes escolheu iniciar a narrativa retratada em seu terceiro álbum de estúdio. A imagem não poderia ser mais representativa do que estava por vir. In My Blood abre o disco, apresentando Mendes completamente despido de barreiras e escancarando toda a sua vulnerabilidade. Com …

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Deitado no chão do banheiro sem sentir nada: foi assim que Shawn Mendes escolheu iniciar a narrativa retratada em seu terceiro álbum de estúdio. A imagem não poderia ser mais representativa do que estava por vir. In My Blood abre o disco, apresentando Mendes completamente despido de barreiras e escancarando toda a sua vulnerabilidade. Com uma pegada rock de Kings of Leon, a faixa alterna momentos de calmaria e explosões enquanto narra a luta do jovem contra a ansiedade. A melhor parte da canção, segundo o próprio Mendes, é o fato de que não é apenas sobre sofrimento, mas sobre o processo de superação que vem a partir dele. Ao final, desistir não é uma alternativa. A opção por um álbum auto intitulado faz jus ao seu conteúdo: o canadense retorna mais aberto e verdadeiro do que nunca, e retrata a sua evolução musical e pessoal em letras sinceras e de fácil identificação. “A única maneira de evoluir, independente do meu canto, da forma que as melodias soam, de tudo isso… O único modo de as coisas melhorarem, é se elas forem mais honestas.” afirmou Mendes ao Beats 1, expondo o tom pessoal e sincero de seu mais novo trabalho.

(Clipe de In My Blood / Reprodução)

O álbum segue com a contagiante Nervous. Composta em parceria com Julia Michaels e Scott Harris, a canção retrata o sentimento de animação e nervosismo de uma relação juvenil. Aos 19 anos e no auge de sua popularidade, Shawn Mendes sabe bem o que é isso e traduz em palavras toda a inquietação das famosas borboletas no estômago. Com um estilo característico de Michaels, a canção seduz com versos quase falados, referenciando outros trabalhos da compositora: Bad Liar, cantada por Selena Gomez, segue a mesma linha, assim como Issues, hit da própria Júlia. Ao fundo, a base instrumental remete às batidas de um coração, trazendo o ouvinte para dentro de seu nervosismo. A música caminha para a sua fase dançante e empolga com um refrão preenchido de agudos e vozes que se sobrepõem, arriscando e acertando em um pop envolvente e moderno.

Lost In Japan chega como um mergulho profundo nas influências de Justin Timberlake. Liberada semanas antes, em um primeiro momento, a música não soa muito como Mendes e poderia estar facilmente na discografia do príncipe do pop. A letra, entretanto, segue a narrativa: após encantar-se com a garota em Nervous, Mendes não consegue tirá-la da cabeça e mostra-se disposto a atravessar o mundo por uma noite ao seu lado, divagando sobre como seria viajar até o Japão para encontrá-la.

Particular Taste e Mutual trazem à tona todo um jogo de sedução. Na primeira, Shawn vê-se obcecado por uma garota de gosto peculiar. A musa da canção parece decidida a brincar com Mendes: “ela vai pegar seu nome e número e então vai apagá-lo e ir embora. Mas ela é tão específica quando está na minha casa. Ela tem gostos peculiares, ela é tão obcecada com a perseguição.” canta o garoto não menos animado com o desafio. Referenciando Kanye West e com descrições detalhadas, a letra é específica demais para uma história hipotética, mas o cantor diz não revelar sua inspiração. Ryan Tedder assina como produtor e impõe seu estilo: carregada de um tom sexy envolvente e um refrão que promete não sair da cabeça, a música é um hit em potencial. A animação com a conquista perde-se em Mutual e é substituída pela inquietude da indeterminação: “Eu preciso saber se esse sentimento é mútuo antes que eu me envolva demais. Eu te quero muito, você pode dizer o mesmo?” dispara Mendes em um misto de esperança e dúvida, indo da suavidade inicial ao pop chiclete de forma certeira.

Queen assume a polêmica ao vilanizar a menina desinteressada. Mendes falha na tentativa de passar uma imagem debochada e ácida, soando infantil ao lidar com a rejeição. “Eu não entendo porque todos pensam que você é meiga, porque eu vejo o oposto. Não, você não é tão inocente”. canta em tom indignado para a garota descrita como alguém que se acha boa demais. Só ele parece enxergá-la de verdade. A canção, entretanto, é bem construída, e não seria surpresa se surgisse como um sucesso nas paradas. Ainda sobre rejeição, na balada Where You In The Morning, o personagem de garoto apaixonado é abandonado pela primeira vez no álbum, dando espaço a um Shawn melancólico que traz à cena seu coração partido. As guitarras de John Mayer ditam o ritmo da música: intimista e sentimental, a melodia casa perfeitamente com a dor do garoto abandonado na manhã seguinte de uma noite de amor: “Como você pôde me fazer acreditar que havia algo entre você e eu? Eu olho em volta e não te vejo. Onde você estava pela manhã, baby?” canta ele em tom contido.

Shawn Mendes e John Mayer performam Where Were You In The Morning em premiere do disco para a Apple Music (JustJared.com / Reprodução)

A parceria com Khalid destoa um pouco da temática do disco: a canção é um tributo às vítimas do atentado ao show de Ariana Grande em Manchester, Reino Unido. Apesar da tragédia, assim como In My Blood, Youth não é apenas sobre sofrimento. Com uma letra simples, a música pega fácil e é um grito de sobrevivência: “Você não pode tirar minha juventude, a minha alma nunca vai se quebrar. Enquanto eu acordar para um novo dia, você não pode levar minha juventude embora.” entoam Mendes e Khalid durante toda a canção, transmitindo força e resistência no lugar de ódio e tristeza.

Like To Be You surge com uma equipe de peso: colaboração com Julia Michaels, a faixa conta também com a produção de John Mayer. O romance, aqui, é visto de forma mais real e complexa, mostrando o amadurecimento do cantor, que não fala apenas sobre amores juvenis e idealizados. Julia e Shawn dão voz a uma relação cercada de conflitos, levando-os a questionar as emoções mais íntimas um do outro. “Me conte o que se passa na sua cabeça. Não importa o que você diga, eu não vou amá-lo menos” cantam em coro ao tentar entender o que se passa na relação. Com uma vulnerabilidade delicada e uma composição poderosa de Michaels, a balada é a representação sensível de um casal que se vê perdido em meio a discussões e tenta encontrar no outro uma saída para a situação. Outra parceria importante é Ed Sheeran. Não é difícil adivinhar que Fallin’ All In You tem dedo do britânico. Com uma composição narrativa clássica, aqui, o romantismo atinge o seu ponto mais alto. O arranjo não soa novo ou original, lembrando muito as baladas do ruivo, como Perfect e Thinking Out Loud, com Shawn explorando técnicas vocais também muito utilizadas por Ed.

Imagem: Capa do álbum / Reprodução

Surgindo como furacões emocionais, Why e Perfectly Wrong são baladas marcantes: sem grandes explosões e com instrumentais limpos, proporcionam os momentos mais sentimentais do álbum. Caminhando por uma narrativa de amor e orgulho, Why disseca uma relação estagnada que se mantém em uma zona cinza entre superar e seguir em frente ou apegar-se ao que restou. “Eu não sei por que agimos como se isso não significasse nada. Eu queria poder te dizer que você é tudo que eu quero.” solta Mendes em um sussurro doloroso. A melodia cumpre o papel de emocionar e transborda todo sentimento contido na letra. Sincera e pessoal, a música é definitivamente capaz de levar às lágrima os mais sensíveis. Perfectly Wrong chega trazendo a consciência de uma situação tóxica. Shawn sabe que a relação é errada e está fadada ao fracasso, mas não consegue desapegar-se daquilo. “Eu e você fomos feitos para dar errado. Eu sei que é verdade, mas é tarde demais.” reconhece em um verso da canção. Com uma base toda em piano, a música segue um ritmo quase homogêneo, crescendo ao final quando Mendes coloca na voz uma mistura de sofrimento e indignação frente à sua dependência emocional.

Apostando na visão romântica de amores inesquecíveis, Because I Had You e When You’re Ready destacam-se pelo misto de esperança e melancolia. A primeira coloca Mendes em uma posição de aceitação: o garoto nunca vai amar alguém como no passado, mas é hora de seguir em frente. Com acordes simples, a faixa encanta por retratar um momento recorrente na vida de muitos; a realização de que independente do que tenha ficado para trás, seguir em frente é necessário. Sentado em um bar, When You’re Ready fecha o álbum retratando um Shawn Mendes após alguns drinks. Aqui, ele aparece despido de todo o seu orgulho ao reconhecer o teor insubstituível da amada que jura esperar por toda a eternidade. “Me diga quando você estiver pronta. Estou esperando, estou esperando.” canta ele ao emitir os últimos versos do álbum mais pessoal de sua carreira.

O disco se encerra junto à última frase, sem prolongamentos, como quem pede para que o ouvinte puxe uma cadeira e lhe faça companhia na espera. Enquanto Mendes aguarda pela garota dos sonhos, ficamos felizes em juntar-nos a ele e ouvir tudo o que o astro tem a dizer na conversa mais sincera já estabelecida com o seu público. Se ela está pronta ou não, não saberemos, mas nós estamos sempre dispostos a ouvi-lo.

Por Amanda Capuano
amandacapuano@hotmail.com

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