“[Fotografar] É por sobre a mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração. É uma maneira de viver.” (Henri Cartier-Bresson)
Uma mulher que carrega um bebê. Resquícios de um velho carrossel abandonado. Uma estátua capturada em um ângulo tão bem escolhido que passa a impressão de estar prestes a se mover. Esses são apenas alguns dos momentos registrados por Cartier-Bresson entre os anos de 1932 e 1935 e que se encontram em exibição em uma das galerias do Centro Cultural Fiesp.
Iniciada em meados de abril, a exposição intitulada “Henri Cartier-Bresson, primeiras fotografias” traz cerca de 70 das obras iniciais daquele que veio a se tornar um dos grandes mestres da oitava arte. “Queria fazer uma aproximação na parte do processo criativo. Daí a ideia de pegar as primeiras fotografias, de fazer esse recorte”, explica João Kulcsár, curador responsável pela produção da mostra.
Primeiramente apaixonado pela pintura, Bresson considerava a fotografia como um “meio de desenhar” e talvez seja por isso que há uma forte presença das formas geométricas em algumas de suas fotos. Entretanto, muito além de qualquer geometrismo, o que realmente salta aos olhos de quem observa as imagens é o caráter social destas. E foi justamente isso que cativou e motivou Elza de Carvalho Teixeira e sua amiga Leda Maria Pacheco a visitarem a exposição. “Ele retrata uma época muito bem. Você vê que havia pobreza também e ele fotografou o povão”, afirmou Elza, que soube do evento através de uma revista e estava tendo seu primeiro contato com o artista. Leda, ao contrário, já conhecia o trabalho do francês através de seu filho, que é fotógrafo amador. Mesmo assim, não pôde deixar de se impressionar com a expressividade captada no olhar das pessoas fotografadas.

Além dessa força vital registrada, Cartier Bresson é, sobretudo, reconhecido por sua excelência em capturar flagrantes do cotidiano, os chamados momentos decisivos. A primeira vista, imaginamos se tratar de sorte, ou mesmo um dom especial que o levava a estar na hora e no lugar certo. Para ele, todavia, tudo não passava de pura intuição, de saber usar a criatividade existente em si para imortalizar as cenas espontâneas e fugazes dos lugares por onde passava. Fosse em seu país natal, a França, na Espanha, Itália ou no México, a rua era sempre seu grande teatro.

Para apreciar a exposição não existem requisitos. Seja como velho admirador ou marinheiro de primeira viagem, como fotógrafo profissional ou amador em busca de inspiração, vale a pena descer os degraus que levam até a galeria e se deixar envolver pelo clima único dos retratos de Henri Cartier-Bresson. Além disso, para quem deseja uma experiência mais completa, é possível participar de visitas monitoradas nas quais se pode saber algumas curiosidades e detalhes dos métodos de Bresson.
A mostra fica em exibição diariamente até o dia 25 de junho, das 10h às 20h, na Galeria de Fotos do Centro Cultural Fiesp (Av. Paulista, 1313 – em frente à estação do metrô Trianon-Masp). A entrada é gratuita e as visitas monitoradas podem ser agendadas pelo site ou pelo telefone (11) 3146-7439.
Para mais informações, acesse o site: www.centroculturalfiesp.com.br
Por Gabriela Teixeira
gabstaraujo@gmail.com