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FilmePalooza – Evento reúne adeptos da fotografia analógica

Abre a traseira da máquina. Coloca de um lado o rolo de filme e puxa a ponta do negativo até o outro lado da máquina. Gira a alavanca, esticando bem o filme, para então fechar a traseira, que faz um “clic!”. Olha pelo visor. Enquadra. Ajusta a abertura, o foco, prende a respiração e… dispara: …

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Abre a traseira da máquina. Coloca de um lado o rolo de filme e puxa a ponta do negativo até o outro lado da máquina. Gira a alavanca, esticando bem o filme, para então fechar a traseira, que faz um “clic!”. Olha pelo visor. Enquadra. Ajusta a abertura, o foco, prende a respiração e… dispara: o obturador faz outro “clic!”, dessa vez mais alto e prazeroso.

O que para muitos pode ser apenas tirar uma foto, para os amantes da fotografia analógica é parte de um verdadeiro ritual. Isso se tornou muito claro durante a segunda edição do FilmePalooza, festival de fotografia analógica que aconteceu neste último domingo (16) em São Paulo.

Stand do KombiNação, museu itinerante de fotografia que levou diversas máquinas e lentes analógicas para o FilmePalooza. Foto Ana Carla Bermúdez

O festival, que tem como objetivo promover o conhecimento da fotografia analógica e a troca de experiências entre fotógrafos experientes e amadores, é resultado de uma parceria entre o blog Queimando Filme e o Instituto Internacional de Fotografia, o IIF. Em um clima de bastante descontração e intimidade, os participantes do evento puderam visitar os stands de expositores e vendedores e também participar de várias palestras – e o melhor: tudo de graça. Para André Correa, do Queimando Filme, o FilmePalooza “é um evento para reunir pessoas e oportunidades”. Aliás, trocas de ideias definitivamente não faltaram no festival. Era possível ver, em cada canto da charmosa casa em que fica o IIF, vários grupinhos de pessoas (conhecidos, amigos de data anterior ou até mesmo recém-apresentados) conversando sobre a paixão comum. O vocabulário peculiar – 35 mm, médio formato, TLR, lomo… – entre eles fluía de maneira mais normal possível.

Alex Villegas montou uma câmera de grande formato durante sua palestra. Fotos Ana Carla Bermúdez

Dentre as palestras programadas, uma das mais lotadas foi a de Alex Villegas, que levou para discussão a fotografia de grande formato (foto acima). Apesar de parecer difícil a princípio, Villegas afirma que qualquer pessoa pode fotografar nesse formato. “Tem um período de adaptação, em que se faz muita besteira, e é comum se obter chapa fora de foco, filme velado. Mas, respeitando esse processo de adaptação, qualquer pessoa faz”, acrescenta. A fotografia de grande formato é bastante lenta e demanda paciência – tanto do fotógrafo quanto do fotografado – devido à montagem da câmera, que é toda manual. Segundo Villegas, isso torna a foto mais natural, pois o fotografado não consegue sustentar por muito tempo a pose forçada para a foto. Sobre a robustez intimidadora dessas câmeras, ele brinca: “se acontecer uma guerra nuclear, só vão sobrar os escorpiões, as baratas e as câmeras de grande formato… Funcionando!”.

O evento também contou com um varal de escambo de fotos – era só chegar com uma foto própria, ampliada, e trocar por outra que estivesse pendurada. Foto Ana Carla Bermúdez

O evento também contou com um varal de escambo de fotos – era só chegar com uma foto própria, ampliada, e trocar por outra que estivesse pendurada

Mas, afinal, quem são as pessoas que se interessam por fotografia analógica hoje? Olívia de Castro, diretora de teatro que participou do evento, diz que desde pequena o pai a incentivou a fotografar. À época, as máquinas eram todas de filme. Assim, ela pegou gosto pela fotografia analógica, e hoje, com a Nikon que era do pai e que ele deu a ela de presente, gosta de fotografar as peças que dirige. Ela afirma que o filme a atrai “pela estética, pela textura das fotos”. Ricardo Yamada, designer, conta que entrou no mundo da fotografia analógica também na época da infância. No caso dele, a mãe era quem o incentivava, deixando-o brincar com a câmera dela. Hoje, o que o atrai na fotografia com filme é a parte técnica – ele afirma que as câmeras analógicas são melhores de se manusear, e que o digital entrega algo muito pronto.

Vídeo intitulado "Digital x Film", que mostra, de maneira criativa o porque de ser manter a fotografica analógica.
Vídeo intitulado “Digital x Film”, que mostra, de maneira criativa o porque de ser manter a fotografica analógica.

Roberto Miglioli, engenheiro que também estava presente no evento, fotografa com filme há mais de vinte anos. Mesmo com o surgimento da fotografia digital, Miglioli nunca deixou de usar filme. Para ele, o digital desvaloriza muito a foto: “é possível tirar milhares de fotos do mesmo assunto, então cada foto acaba não valendo muita coisa”.

Ou seja, há uma grande relação afetiva com a fotografia analógica – seja por meio de fotos antigas da infância (quem não se lembra das caixas de sapato que costumavam guardar todas as fotos da família?), ou pela herança da câmera dos pais, dos avós… André Correa vai ainda mais longe e afirma que se interessam por fotografia analógica hoje aqueles que têm um “espírito de artesão”, já que há, na fotografia com filme, todo um ritual de se escolher, pensar, fazer e esperar: um verdadeiro escape do imediatismo em que hoje estamos mergulhados.

por Ana Carla Bermúdez
anacarlabermudez@gmail.com

1 comentário em “FilmePalooza – Evento reúne adeptos da fotografia analógica”

  1. O evento foi incrível, fazia tempos que não encontrava no mesmo lugar tanto tipo de fotógrafo diferente!
    Nos eventos de lomografia costuma ter o mesmo tipo de fotógrafo, mas lá tinha gente fotografando com médio formato, grande formato, com câmeras lomográficas, com rangefinders.
    Tinha gente fotografando gente, câmera fotografando câmera, e o mais incrível foi a quantidade de gente querendo trocar informações sobre fotografia analógica.
    Um evento para marcar mesmo…

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