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‘Você’: a busca excessiva pela aceitação de psicopatas

Trama retorna de forma inesperada, mas perde força ao decorrer dos episódios

Depois de quase dois anos de espera, a terceira temporada de Você (You, 2018-) finalmente chegou à Netflix. A série surpreende positivamente em alguns pontos, mas reforça receios que a conclusão da segunda temporada deixou no público, além de concretizar erros já antes cometidos.

Após descobrir o lado obscuro de Love (Victoria Pedretti) e que juntos terão seu primeiro filho, Joe (Penn Badgley) se muda com a mulher para um subúrbio rico de São Francisco. Os dois pretendem, na medida do possível, deixar para trás o passado de crimes e traumas a fim de dar uma família e um ambiente saudável ao recém-nascido. No entanto, os planos do protagonista são frustrados devido às dificuldades de seu papel como pai e marido, sobretudo após a aparição de uma vizinha misteriosa.

Logo no primeiro episódio, nossas expectativas quanto à nova obsessão de Joe são quebradas — o que é um ponto positivo, ao considerar que a temporada anterior deixou a entender que a série poderia se resumir somente a um círculo vicioso de stalking por parte do protagonista. Mas Você demonstra estar interessada em entender ainda mais a complexidade de Joe e de sua relação com Love e, para isso, afasta-se de sua fórmula (pelo menos a princípio).

Ao longo dos episódios seguintes, os absurdos cometidos por Joe e Love e suas consequências são contrapostos às tentativas de manter as aparências de uma família suburbana comum. Apesar de ser interessante explorar as múltiplas camadas do casal, sobretudo ao levar em conta que o lado possessivo da mulher ainda não era tão desenvolvido quanto o do protagonista, a série peca no ritmo e na forma com que isso acontece.

 

You: homem branco, jovem, com blusa branca e calça escura, ao lado de mulher branca, de cabelos presos, macacão azul. Ambos estão atrás de uma porta de vidro.
Love, Joe e mais uma de suas jaulas de vidro, utilizadas para realizar os atos criminosos do casal. [Imagem: Reprodução/Netflix]


A impressão é de que os roteiristas estariam fazendo questão de que os atos dos protagonistas fossem justificados a todo custo. Isso acontece também na temporada anterior, ao colocar Joe como uma espécie de “justiceiro” de crianças e mulheres (
ao menos quando não é ele mesmo a matá-las), mas na terceira temporada esse aspecto fica ainda mais evidente. Ao focar tanto nos esforços de Joe e Love em serem bons um para o outro e também para o seu filho, e nas tentativas de se enquadrarem em uma comunidade rica, superficial e hipócrita, Você acaba por criar uma tolerância aos personagens por parte do público. Em diversos momentos, torcemos para que os dois escapassem das investigações de sequestros e assassinatos, mesmo ciente do caráter de psicopatia.

A terceira temporada de Você é a mais arrastada da trilogia. A série foca em tramas paralelas e demora para engatar aquilo que realmente importa. A vida sexual de Joe e Love recebe tamanha atenção que em determinado ponto acaba por se tornar enjoativa. A exemplo disso, a cena do swing é excessivamente longa, ao ponto que torna-se previsível que algo de relevância irá acontecer ali. Então, quando de fato acontece, já era esperado.

 

You: em um quarto com paredes claras, homem branco, jovem, de cabelos curtos e escuros, com blusa azul de manga comprida, está ao lado de mulher branca, jovem, de blusa listrada em branco e vermelho. A mulher segura um bebê.
Joe e Love, apesar dos esforços de criarem uma boa relação parental com Henry, expõem o filho a um mundo desequilibrado e sanguinário. [Imagem: Reprodução/Netflix]


Ao assistirmos a tudo pelo ponto de vista de Joe e de Love, por vezes reagimos às situações assim como eles, e essa compreensão pode acabar resultando em uma repercussão problemática de seus atos violentos. Nesse sentido,
as atuações de Pedretti e de Badgley se tornam pontos positivos, já que não deixam de convencer o público em momento algum.

Apesar disso, o maior problema de Você é repetir excessivamente sua própria fórmula, e isso fica ainda mais claro ao final da temporada. O gancho para uma continuação não é inovador (pelo contrário, é algo já visto inúmeras vezes) e não entusiasma o telespectador o suficiente para acompanhar uma quarta parte que, provavelmente, cairá nas mesmas falhas insistentes. No fim das contas, a série desperdiça suas chances e se agarra a um ciclo de stalking sem fim.

*Imagem de capa: Reprodução/Netflix

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