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As histórias brasileiras nas quadras azuis de Nova York

Bia Haddad Maia, Felipe Meligeni, Luisa Stefani e João Fonseca demonstraram o poder do tênis brasileiro para o mundo no US Open

No último Grand Slam de 2023, realizado em Nova York, os tenistas brasileiros garantiram resultados promissores para o futuro do tênis nacional. Mesmo em solo americano, a torcida brasileira motivou os atletas e comemorou suas conquistas nas quadras rápidas do US Open. 

Beatriz Haddad Maia e a consolidação de sucessos

A eliminação na segunda rodada no simples pode tirar o brilho da campanha de Beatriz Haddad Maia no US Open, mas avançar até as quartas de final nas duplas femininas é símbolo dos grandes resultados da tenista brasileira no ano. Após uma lesão nas costas que a tirou de Wimbledon, eliminações precoces nos WTAs de Montreal e de Cincinnati, e desistência do WTA 250 de Cleveland, a semifinalista de Roland Garros chegou pressionada para disputar o último Grand Slam do ano.

Na chave simples, Bia avançou para a segunda rodada ao vencer a resistente norte-americana Sloane Stephens, campeã em 2018 do torneio. Encontrou na segunda rodada Taylor Townsend, experiente duplista, mas que surpreendeu no simples. Com uma postura de jogo agressiva, subindo muito à rede, Townsend venceu por um placar de 77/61 e 7/5, em um partida de muitos erros não forçados da brasileira. Se a pressão já estava grande, com certeza aumentou após a eliminação por 61/77 e 5/7. 

Bia Haddad Maia depois de vencer Sloane Stephens e avançar para a segunda rodada [Imagem: Reprodução/YouTube/US Open Tennis Championships] 

Depois de se despedir da competição individual, Beatriz Haddad Maia focou na competição de duplas femininas, em que jogou ao lado de Victoria Azarenka, ex-número um do mundo e campeã de dois Grand Slams. Bia e Vicka (apelido de Azarenka) avançaram com tranquilidade nos três primeiros jogos. Com parciais de 6/3 e 6/0 no primeiro confronto, a dupla ganhou um descanso com a vitória por W.O na segunda fase. Venceram as 15as do ranking de duplas, Miyu Kato e Aldila Sutjiadi, na terceira rodada também com facilidade em um placar de 6/2 e 6/0. Nas quartas de final, perderam de virada para as futuras vice-campeãs do torneio, Laura Siegemund e Vera Zvonareva, por 7/5, 5/7 e 4/6, em uma disputa acirrada, encerrando a participação da brasileira no US Open. 

Porém, avançar até as quartas de final deste último Grand Slam é a certificação dos bons resultados de Beatriz Haddad Maia em 2023. Mesmo com momentos em baixa, Bia conquistou o vice-campeonato no Aberto da Austrália ao lado da cazaque Anna Danilina, venceu o WTA 1000 de Madri ao lado de Vicka, chegou à semifinal de Roland Garros e alcançou sua melhor posição no ranking de simples e de duplas. Então, apesar de sair de “mãos vazias” de Nova York, a brasileira consolidou seu alto nível de tênis nos últimos tempos. 

Bia Haddad Maia avançou à semifinal de Roland Garros (à esquerda) e venceu o WTA 1000 de Madri ao lado de Azarenka (à direita) [Imagem: Reprodução/YouTube/ESPN Brasil] 

Felipe Meligeni e os resultados da persistência

Se o nome já não bastava, Felipe Meligeni seguiu surpreendendo nas quadras. Sobrinho de Fernando Meligeni (Fininho), ex-tenista e comentarista, Felipe “furou” a barreira das qualificatórias, participou pela primeira vez de um Grand Slam e ainda sentiu o gosto da vitória na primeira rodada.

Para quem vem das “qualis”, a trajetória já é mais longa. Felipe teve de bater três adversários para garantir uma vaga na chave principal do US Open. Na primeira rodada das qualificatórias, bateu o tcheco Dalibor Svrcina de virada em 2/6, 6/2 e 6/3. O segundo jogo foi mais tranquilo, com vitória diante do argentino Facundo Bagnis por 6/4 e 6/2. Toda a emoção estava reservada para a partida decisiva. Contra o também argentino Federico Coria, o brasileiro se irritou, jogou sua raquete no chão, mas salvou dois match points do adversário, venceu e conseguiu um lugar no Grand Slam.

Oficialmente em um jogo do US Open, Meligeni enfrentaria Kei Nishikori, mas o tenista japonês desistiu da partida em decorrência de uma lesão no joelho, dando lugar ao australiano James Duckworth. Em 2h15min, Felipe venceu por 3 a 0 (6/4, 713/611 e 6/3).  Se estar na competição já era inédito, avançar à segunda fase foi a “cereja do bolo”. Em um tie-break logo no primeiro set, o campinense arrancou um set contra Sebastian Baez, nº 28 no ranking, porém, infelizmente, o brasileiro não concluiu sua participação no segundo jogo da melhor maneira. Com dores na perna esquerda, o campineiro abandonou a partida logo após sofrer a virada do argentino e finalizou sua campanha no Aberto dos Estados Unidos em uma parcial de 79/674/6 e 4/6. 

Apesar da eliminação ainda na segunda rodada, o feito de Felipe Meligeni é um indicador do que pode estar por vir. O sobrinho de Fininho já havia batido na trave (ou ficado na rede) nas qualificatórias de Roland Garros e Wimbledon, perdendo na última rodada em ambas as ocasiões. Assim, o US Open não se tornou apenas seu primeiro Grand Slam, mas também um sinônimo dos resultados da sua persistência.

Felipe Meligeni recebe o apoio da torcida brasileira depois de vencer James Duckworth em seu primeiro jogo de Grand Slam [Imagem: Reprodução/YouTube/ESPN Brasil] 

Luisa Stefani e uma superação mais que bem-sucedida

Dois anos atrás, Luisa Stefani saía do Louis Armstrong Stadium chorando e de cadeira de rodas. No US Open deste ano, saiu de pé com uma campanha semifinalista que pode garantir um lugar no top 10 no ranking de duplas. Apesar de não sair com a vaga na final, a brasileira tem muito o que comemorar depois da sua participação no último Grand Slam do ano.

Luisa Stefani sai de cadeira de rodas após ruptura do ligamento do joelho direito, no US Open de 2021 [Imagem: Reprodução/YouTube/ESPN Brasil] 

A caminhada nas duplas femininas começou contra Anna Kalinskaya e Anastasia Pavlyuchenkova. Ao lado da americana Jennifer Brady, venceu as russas em parciais de 6/1 e 6/4. Nas duplas mistas, Luisa e seu parceiro Joe Salisbury sucumbiram contra os americanos Taylor Townsend — que tinha eliminado Bia Haddad Maia e Ben Shelton (semifinalista no simples contra Djokovic). Na segunda rodada, Luisa e Brady disputaram uma vaga nas oitavas de final e precisaram de três sets para vencer as russas Veronika Kudermetova e Liudmila Samsonova por 78/66, 5/7 e 6/4. 

Na terceira rodada/oitavas de final, um jogo equilibrado de três sets de 6/3 deu a vitória à dupla da brasileira em cima da alemã Tatjana Maria e da holandesa Arantxa Rus. Uma vitória no próximo jogo levaria Luisa para o mesmo ponto onde havia parado há dois anos atrás. Jogando contra Magda Linette (POL) e Bernarda Pera (EUA), a brasileira sustentou um jogo instável de Brady, mas garantiu o seu retorno à semifinal do US Open. 

Jennifer Brady e Luisa Stefani comemoram a classificação para a semifinal de duplas femininas [Imagem: Reprodução/YouTube/ESPN Brasil] 

As adversárias para o confronto, Laura Siegemund (ALE) e Vera Zvonareva (RUS), que na rodada anterior haviam eliminado Bia Haddad Maia e Victoria Azarenka, não baixaram a guarda. Com parciais de 6/4 e 6/1 para a alemã e a russa, Luisa Stefani e Jennifer Brady se despediram das quadras rápidas de Nova York. Porém, para a medalhista olímpica, campeã do Australian Open, a volta à semifinal do Aberto dos Estados Unidos pode lhe garantir um espaço no top 10 das duplas femininas e uma superação mais bem sucedida do que os resultados anteriores à lesão. 

João Fonseca e sua preparação para grandes conquistas

Por fim, e, definitivamente, não menos importante, João Fonseca. O jovem de 17 anos conquistou o US Open juvenil masculino e se tornou o número 1 no ranking de sua categoria. Foram nove jogos entre duplas e simples, calor e umidade intensos nas quadras de concreto de Nova York, mas o carioca superou todas as adversidades. 

Nas duplas masculinas, jogou ao lado do búlgaro Iliyan Radulov. Na primeira rodada, o brasileiro e seu parceiro enfrentaram os americanos Alexander Frusina e Adhithya Ganesan, vencendo por 77/62, 4/6 e [10]/[5]. Os adversários da próxima rodada foram os chineses Tianhui Zhang e Yi Zhou, derrotados em parciais de 6/1 e 78/66 a favor de Fonseca e Radulov. Em um jogo disputado, João e seu parceiro, então,  vice-colocados do ranking de duplas juvenil, despediram-se do campeonato de duplas ao perderem para Max Dahlin e Oliver Ojakaar. Mas a história de João Fonseca no US Open ainda não havia acabado.

Em paralelo aos jogos de duplas, Fonseca disputou a chave simples. As primeiras rodadas foram mais tranquilas e menos demoradas. O brasileiro venceu o holandês Mees Rottgering, o suiço Patrick Schoen e o italiano Fabio De Michele com 2 a 0 em sets nas três ocasiões em menos de 1h30 cada. A partir das quartas de final, João começou a ser testado. Enfrentou o então número três do ranking juvenil Cooper Williams em parciais duras, mas venceu com 710/68, 3/6 e 6/3. A semifinal também foi uma batalha equilibrada, porém a vitória para o carioca em cima do italiano Federico Cina veio com o placar de 6/4, 3/6 e 6/4, garantindo um lugar na final. 

O último jogo foi digno de uma final. João Fonseca e o americano Learner Tien disputaram ponto a ponto a vitória. O brasileiro se mostrou nervoso em muitos momentos, errou muitos primeiros saques, perdeu o primeiro set, mas se mostrou superior ao virar a partida em 4/6, 6/4 e 6/3, conquistar o título e também o posto de nº 1 no ranking juvenil. Com o fim do Grand Slam, o tenista carioca afirmou que vai agora focar na carreira profissional. A torcida brasileira — que também merece aplausos pela participação no evento — agradece; afinal, o jovem atleta já provou ser merecedor de grandes conquistas.

Uma curiosidade: João Fonseca é um de apenas três tenistas no circuito a usar a marca de roupas esportivas “ON” de Roger Federer. Os outros dois são Iga Swiatek e Ben Shelton. [Imagem: Reprodução/Instagram/@joaoffonseca]

*Imagem de capa: Reprodução/X @AlemTenis

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