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As histórias reais por trás de Game of Thrones

Imagem: Samantha Prado/ Comunicação Visual   Por Samantha Padro (sampradogp@gmail.com) Uma das maiores séries da atualidade e vencedora de inúmeros recordes – como de transmissão simultânea, indicações e vitórias no Emmy – Game of Thrones caminha para sua oitava e última temporada. Baseado na série de livros As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. …

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Imagem: Samantha Prado/ Comunicação Visual

 

Por Samantha Padro (sampradogp@gmail.com)

Uma das maiores séries da atualidade e vencedora de inúmeros recordes – como de transmissão simultânea, indicações e vitórias no Emmy – Game of Thrones caminha para sua oitava e última temporada. Baseado na série de livros As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, o programa teve início em 2011 e conta com um enredo complexo e muito bem trabalhado. Apesar da extensa legião de fãs, nem todos tem conhecimento que o trama inspirou-se em diversos acontecimentos históricos reais.

George R. R. Martin, que estudou um pouco de história quando universitário de jornalismo, já admitiu ter usado como modelo para sua série de livros a Guerra das Rosas e outros episódios reais. Desde então, diversos entusiastas de suas obras passaram a criar paralelos e comparações entre elas e acontecimentos documentados. Até mesmo a Universidade de Harvard passou a oferecer um curso que traça correspondências entre os enredos de ficção e a realidade – dado pelo historiador Sean Gilsdorf, especialista em estudos medievais, e por Racha Kirakosian, professor assistente de estudo da religião.

A seguir é possível conferir alguns desses paralelos entre o mundo fictício e nosso passado histórico.

 

Guerra das Rosas

A Guerra das Rosas foi, na realidade, uma sucessão de diversas guerras que aconteceram ao longo de boa parte do século XV. O conflito girava em torno da disputa pelo trono inglês entre duas famílias nobres: os York (representados por um rosa branca) e os Lancaster (representados por uma rosa vermelha) – ambas descendentes da família Plantageneta, que governou a Inglaterra por mais de 300 anos. Sendo assim, as duas casas achavam que tinham direito ao trono por advirem da mesma casa real.

As semelhanças não ficam restritas apenas aos nomes das famílias: os York – assim como os Stark – são do Norte, enquanto os Lancaster – assim como os Lannisters – são do Sul e com uma fortuna muito maior.

Imagem: viajeemteorias.blogspot

 

Mapa de westeros

Os sete reinos de Westeros possivelmente foram inspirados na heptarquia da Inglaterra – que consistiu na presença de sete reinos medievais que vieram a fundir-se para formar o Reino da Inglaterra no início do século X.

Além disso, o próprio mapa de Westeros tem inspirações reais: ele é equivalente ao da Grã Bretanha somado com da Irlanda de cabeça para baixo.

 

Imagem: eduardojunior.wordpress

 

Muralha de adriano

A grande muralha de Game of Thrones é inspirada em uma muralha verdadeira e erguida pelo Imperador Adriano, de Roma, na atual Inglaterra para barrar invasões de tribos que habitavam a Escócia e eram tidas como bárbaras.

Os escoceses foram considerados um grande problema durante a Guerra das Rosas, pois invadiam territórios que não lhes pertenciam – assim como o povo livre da história de Martin. Nessa época, inclusive, houve um frio intenso que foi chamado de “Pequena Era do Gelo” – uma possível base para o “winter is coming” da série.

Imagem: mapadelondres.org

 

Religião

A tensão entre os Velhos Deuses e os Novos Deuses presente na obra também pode ser comparada à tensão entre pagãos e cristãos durante este período medieval da Inglaterra.

A religião do Senhor da Luz tem muitos elementos inspirados no zoroastrismo – uma religião persa, baseada no dualismo e nas ideias de ressurreição, paraíso e vinda do messias. É apontada como base para as demais religiões monoteístas e tem como seu principal nome o profeta Zaratustra.

É possível também apontar similaridades com a chegada do cristianismo no mundo antigo – não apenas na tensão presente, mas também pela potencial vantagem política na conversão religiosa, como se dá com os seguidores do Senhor da Luz.

 

Bravos

É em Bravos onde encontramos o lar dos chamados homens sem rostos – que possuem características semelhantes aos assassinos de Veneza do século XV. Nessa época, para “encomendar” um assassinato se falava com O Conselho dos 10, que faria uma votação sobre a execução. Os assassinos de Veneza também eram conhecidos pela utilização de veneno, assim como os homens sem rosto.

Imagem: divulgação

 

Patrulha da noite

Já na patrulha da noite – da qual Jon Snow faz parte – é possível notar paralelos com os cavaleiros templários medievais. Esses tinham a função de proteger peregrinos que iam à Jerusalém e possuíam votos parecidos com os da patrulha: de pobreza, castidade e obediência. Além disso, em ambas as ordens, ao integrar-se a elas eram perdoados todos os seus pecados anteriores – em Westeros, por exemplo, é oferecido aos criminosos a possibilidade de entrar para patrulha como maneira alternativa de pagar sua pena. Entretanto, os cavaleiros do templário era uma ordem religiosa, enquanto a patrulha da noite, não.

 

Acontecimentos

A batalha de blackwater

Em Game of Thrones, quando Stannis Baratheon tenta invadir Porto Real, Tyrion usa fogo vivo – substância altamente inflamável que incendeia até mesmo água – para derrotar os navios do oponente. Essa batalha – conhecida como Blackwater – foi inspirada na segunda ofensiva árabe de Constantinopla, em 717, na qual os gregos usaram artifício semelhante para derrotar os invasores.

O casamento vermelho

Na vida real, um episódio levemente semelhante ao Casamento Vermelho foi o Jantar Negro. Dois jovens do clã Douglas foram convidados para um banquete pelo rei da Escócia – havendo desavenças como plano de fundo. Durante a refeição, começa-se a tocar música e os soldados reais trazem uma cabeça de javali preto à mesa – o símbolo da morte. Em seguida os nobres são levados até o pátio e executados.

No enredo de Game of Thrones o episódio é muito mais drástico, com a morte de vários personagens centrais da casa Stark e de boa parte de seu exército – mas há semelhança do toque de música como “anúncio” do massacre.

É importante lembrar que episódios como esses – reais e fictícios – quebram a tradição de hospitalidade medieval, na qual os hóspedes supostamente estariam seguros dentro do lar de seu anfitrião, em respeito aos deuses. Desrespeitos e brutalidades teriam como pena a maldição divina.

 

Personagens

Ned Stark

O principal candidato da vida real que inspirou o rei da casa Stark foi Ricardo de York, que era Protetor do Reino até ter sido decapitado de forma humilhante – que incluiu pendurar sua cabeça em uma lança com uma coroa de papel.

 

Robert Baratheon

O inicial dono do trono de ferro ao começo da primeira temporada de Game of Thrones, Robert tem várias semelhanças com Eduardo IV. Este é um representante da família York que usurpou o trono do antigo rei, tido como louco – assim como Robert Baratheon fez com Aerys Targaryen. Após a morte de seu irmão, Eduardo IV passa a ter comportamento similar ao de Baratheon: exagerando na comida, na bebida e no sexo com prostitutas. Acaba morrendo depois de comer muito em uma pescaria, enquanto Robert morre após beber muito em uma caçada.

 

Cersei Lannister

Imagem: Reprodução

A rainha de descendência Lannister possivelmente tem como inspiração Margarida de Anjou – da família Lancaster, casada com o rei Henrique VI, tido como fraco e louco. Ela era conhecida por ser altamente manipuladora e por manter relacionamentos fora do casamento – do qual seu filho, Eduardo de Lancaster, era fruto. Paralelamente, Cersei é uma rainha que manipula seu marido – Robert Baratheon – e tem relações com seu irmão, sendo seus filhos oriundos do incesto.

 

Rei Joffrey

O filho de um incesto entre Cersei e Jaime Lannister é a versão ficcional de Eduardo de Lancaster. Este era filho ilegítimo de Henrique VI e Margarida de Anjou, sendo descrito como um governante muito cruel apenas da pouca idade. Assim como seu personagem, morre cedo – aos 17 anos – com golpes de espada, na frente da mãe. Cersei, entretanto, vê Joffrey morrer em seus braços por envenenamento.

Imagem: Reprodução

 

Jaime Lannister

É possivelmente inspirado em Luís de Valois, o Duque d’Orleães, amante de Isabel de Baviera – rainha que assumiu trono após seu marido ser incapacitado e pouco amada pelo povo, assim como Cersei. Quando a relação entre o casal vem a público, torna-se um escândalo e chega a tentativas de golpes para tomar o trono. Luís teve a própria mão cortada como punição – o mesmo que acontece com Jaime, mas em outras circunstâncias que não a punição pelo incesto.

 

Theon Greyjoy

Na série, Theon começa a Guerra dos Cinco Reis lutando ao lado da família Stark, mas acaba voltando-se contra eles e invadindo Winterfell. É um paralelo com George Plantageneta, conde de Warwick, que lutava pelo rei Eduardo IV, da casa York, mas depois conspira contra eles, ajudando os Lancaster. Ao tentar retornar para o lado dos York, é executado como traidor.

 

Bran Stark

A criatura que consegue saber tudo que passou e o que se passará – agora um papel desempenhado por Bran – não existe de fato, mas é inspirada na mitologia nórdica: o deus Odin. Toda a ideia de winter is coming vem do Ragnarok, o fim do mundo da crença nórdica, que previa três invernos de frio extremo sem verão no meio.  

 

Imagem: Reprodução

Sansa Stark

A filha mais velha de Ned Stark tem uma vida parecida com a de Anne Neville, filha e herdeira do trono de York. Ela é obrigada a se casar com 14 anos com um membro da família Lancaster e, depois do casamento, seu pai e seu marido são mortos em batalhas. Sansa casa-se muito jovem com Joffrey – de descendência Lannister – e fica viúva cedo graças ao seu assassinato.

 

Aerys Targaryen

Aerys tem muitas semelhanças com o imperador romano Calígula. Ambos assumem o poder por direito de sangue e são vistos como bons líderes até acabarem enlouquecendo, ganhando título de “Rei Louco”, e sendo executados por seus próprios homens.

 

Daenerys Targaryen

A única descendente viva com sangue Targaryen tem uma trajetória paralela a de Henrique VIII. Ele fica exilado na França por muito tempo, organiza um exército e volta para reconquistar o trono inglês, atravessando o Canal da Mancha. Dizia ter direito legítimo ao poder pois vinha de uma longa linhagem do Rei Arthur. Daenerys fica todas as temporadas fora de Westeros, organiza seu exército para atravessar o Mar Estreito e tomar de volta para si o Trono de Ferro que alega ser seu por direito – uma vez que foi usurpado de um Targaryen.

 

Khal Drogo

Imagem: Reprodução

A cultura Dothraki apresenta como principal inspiração o modo de vida de grupos orientais – como os hunos e os mongóis. Khal, líder Dothraki, assemelha-se com Átila, líder huno que casou-se com uma noiva de outro reino, irmã de um imperador romano.

 

Brienne de Tarth

É possível traçar um paralelo entre Brienne e Joana D’arc. Ambas ficam conhecidas por suas roupas e armaduras masculinas, cabelos curtos e fraqueza por bebidas. A maior diferença, entretanto, encontra-se no fim religioso que tinha a personagem histórica – algo não presente em Brienne, que tem como princípio a honra e a lealdade, sem fundo espiritual.

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