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Austrália e Nova Zelândia 2023 | Espanha bate a Suécia e está na final da Copa do Mundo

Com gol decisivo nos minutos finais, espanholas vencem suecas por 2 a 1 e definem final inédita contra a Inglaterra

ARQUIBANCADA
25 ago 2023 | Por Davi Caldas (odavicaldas@usp.br)

Na última terça-feira (15), ocorreu a primeira semifinal da Copa do Mundo de 2023. Com a vitória da Inglaterra no dia seguinte, o vencedor desta partida a enfrentaria na grande final. Com todos os gols saindo nos minutos finais, a Espanha conseguiu a emocionante classificação.

Pré-jogo

A equipe espanhola chegou à semifinal após perder por 4 a 0 para o Japão e se classificar em segundo lugar do Grupo C. Nas fase mata-mata, não voltou a perder, e venceu a Suíça por 5 a 1 nas oitavas e a Holanda por 2 a 1 nas quartas.

A equipe sueca ainda estava invicta depois de passar em primeiro lugar do Grupo G. Nas oitavas de final, a seleção europeia fez história ao eliminar, nos pênaltis, os Estados Unidos, que ficaram de fora do pódio da competição pela primeira vez em sua história. Nas quartas, o time bateu a equipe japonesa por 2 a 1.

Historicamente, Espanha e Suécia se enfrentaram 11 vezes antes deste confronto, com sete vitórias suecas e quatro empates. O time espanhol havia feito sete gols nesses confrontos, contra 33 da equipe sueca. Além disso, esse jogo foi a quinta semifinal do time nórdico em Copas do Mundo, enquanto que o país ibérico fez a sua estreia nessa fase da competição.

Atualmente, os estilos de jogo das seleções são muito diferentes, já que a Espanha tenta ter a posse da bola o jogo todo e usa isso tanto para se defender, quanto para atacar. Já a Suécia utiliza como as suas principais armas a defesa e o jogo aéreo, com o domínio das bolas paradas. Os números comprovam isso: o time marcou oito gols em 30 escanteios na competição (uma média de um gol a cada quase quatro escanteios) e a artilheira da equipe na Copa é a zagueira Ilestedt, com quatro gols.

Uma curiosidade deste jogo é que, apesar de o Brasil ter sido eliminado ainda na fase de grupos da Copa, ele continuou, de uma outra forma, sendo representado na competição. A árbitra brasileira Edina Alves Batista seguiu apitando vários jogos, incluindo esta semifinal.

Escalações e esquemas táticos

A Suécia, treinada por Peter Gerhardsson, veio a campo em um 4-2-3-1, com Zecira Mušović no gol; Jonna Andersson, Magdalena Eriksson, Amanda Ilestedt e Nathalie Björn na defesa; Elin Rubensson e Filippa Angeldahl no meio-campo defensivo; Fridolina Rolfö, Kosovare Asllani e Johanna Kaneryd no meio-campo ofensivo; e Stina Blackstenius no ataque.

O time sueco jogava quase que inteiramente na defesa, deixando a Espanha com a posse da bola. Quando La Roja se postava em seu campo defensivo, a Blägult marcava mais em cima, com Asllani subindo para formar uma primeira linha defensiva junto com a atacante. Algumas vezes, uma das volantes subia para completar a linha de três no meio-campo ofensivo, formando um 4-1-3-2, ou com as quatro meio campistas formando uma linha única, em um 4-4-2.

Quando o time se lançava ao ataque, a escalação não mudava muito e contava com leves mudanças, como a lateral esquerda Andersson mais avançada na maior parte do tempo, e Asllani avançando ao lado de Blackstenius.

Escalação da Suécia [Imagem: Reprodução/Youtube/CazéTV]

A Espanha, treinada por Jorge Vilda, veio escalada em um 4-1-2-3, com Catalina Coll no gol; Olga Carmona, Laia Codina, Irene Paredes e Ona Batlle na defesa; Teresa Abelleira no meio-campo defensivo; Alexia Putellas e Aitana Bonmatí no meio-campo ofensivo; e Mariona Caldentey, Jennifer Hermoso e Alba Redondo no ataque.

Com as laterais avançadas, a equipe jogava, em grande parte do tempo, somente com uma linha de dois na defesa, formada pelas duas zagueiras. As laterais ficavam na mesma linha que Teresa e subiam em alguns momentos de ataque.

Assim, a seleção espanhola jogou em um 2-3-2-3 (tática conhecida como WW, já que as jogadoras formam um desenho em W na defesa e no ataque), mudando para um 4-1-4-1 quando tinham que se defender. Hermoso se colocava mais avançada, enquanto as pontas ficavam na mesma linha que as meias-ofensivas. Nesse esquema, Batlle ficava encarregada de buscar o bote um pouco mais avançada e, por isso, subia a sua linha de marcação em alguns momentos.

Escalação da Espanha [Imagem: Reprodução/Youtube/CazéTV]

Primeiro tempo: domínio da posse espanhola

A goleira sueca Mušović trabalhou pela primeira vez aos 2’, interceptando um cruzamento na área. Cata Coll, a goleira espanhola, apareceu da mesma forma aos 4’. A Espanha manteve a posse de bola e começou a criar algumas boas chances na partida: aos 11’, Olga cruzou na área e Redondo cabeceou para o centro da pequena área, o que levaria muito perigo se não fosse a interceptação da zagueira sueca Ilestedt. Aos 14’, Olga deu um belo chute de fora da área, que passou raspando a trave.

A Suécia começou a tentar usar a sua principal arma, as bolas aéreas, aos 15’, com um lançamento da Rubensson para o cabeceio de Kaneryd, mas a posição de impedimento já havia sido marcada.

A Roja seguiu com o domínio do jogo, obrigando Mušović a defender um cruzamento perigoso de Bonmatí aos 21’. Aos 34’, Alexia Putellas aplicou uma linda caneta em cima da Angeldahl e fez um cruzamento na pequena área, que foi interceptado de cabeça por Eriksson.

Mesmo com o domínio espanhol, a melhor chance do jogo até então foi da equipe sueca, já que, aos 42’, Björn cruzou na área e Rolfö acertou um chute de primeira para obrigar Cata Coll a fazer uma grande defesa. Na sequência do lance, a Suécia teve a oportunidade de bater dois escanteios, uma de suas principais armas, mas a goleira espanhola tirou de soco nos dois lances para impedir a finalização do time nórdico.

Segundo tempo: emoção até o final — literalmente

O início do segundo tempo se deu com a Suécia pressionando um pouco mais e com mais posse de bola, arriscando alguns lançamentos e cruzamentos na área. Aos 55’, Cata Coll defendeu um fraco chute de Blackstenius e, no minuto seguinte, a goleira voltou a trabalhar após um cruzamento de Rolfö em direção ao gol, encaixando a bola.

Aos 57’, aconteceu a primeira — e talvez a mais importante — substituição da partida, quando a jovem Paralluelo foi chamada para entrar no lugar da atual melhor do mundo, Putellas. Com apenas 19 anos, a jogadora já havia se tornado a mais jovem espanhola a fazer um gol em Copas do Mundo, ao marcar na prorrogação contra a Holanda, nas quartas de final. Assim, entrou para “dar um gás” ao time e continuar sua história pela seleção.

Aos 67’, a Roja teve uma cobrança de falta de muito perigo, mas Mariona bateu em cima da barreira. Outra grande chance espanhola veio aos 70’: após cruzamento de Hermoso, Redondo colocou o pé na bola, mas sem ir em direção ao gol. A bola estava saindo pela linha de fundo, até que Paralluelo conseguiu chegar e dar um passe para trás, de volta para Redondo. Ainda caída no chão pela primeira tentativa, conseguiu fazer a finalização, que bateu nas redes, mas do lado de fora do gol. Aos 73’, Redondo foi substituída por Navarro.

Aos 77’, a Suécia fez as suas primeiras substituições no jogo: saíram Blackstenius e Kaneryd para as entradas de Blomqvist e de Schough. Porém, quem aproveitou primeiro a mudança na escalação foi a equipe espanhola, já que, aos 81’, Paralluelo pegou a sobra de bola no centro da grande área e chutou no canto, de primeira, para abrir o placar da partida.

Paralluelo fazendo a comemoração ‘Ice in my veins’ após abrir o placar do jogo  [Imagem: Reprodução/Instagram @fifawomensworldcup]

Para tentar a reação, o técnico sueco mexeu mais uma vez no time e, aos 87’,Rubensson saiu para a entrada de Hurtig. Amudança logo surtiu efeito: aos 88’, Hurtig aproveitou um cruzamento na área para ajeitar a bola, de cabeça, para Blomqvist — que também tinha acabado de entrar na partida, no lugar de Blackstenius. A atacante pegou de primeira,  deslocou a goleira para empatar a partida nos minutos finais de forma emocionante.

Blomqvist (à direita) e Asllani (à esquerda) comemoram o gol de empate da Suécia [Imagem: Reprodução/Instagram @fifawomensworldcup]

Acontece que o minuto seguinte foi mais emocionante: em cobrança de escanteio, Teresa passou para Olga na entrada da área, que dominou e deu um belo chute. A bola ainda pegou no travessão antes de entrar no gol, impedindo a defesa de Mušović.

Olga (à direita) e Teresa (à esquerda) comemoram o gol da vitória da seleção espanhola [Imagem: Reprodução/Instagram @sefutbolfem]

A Espanha ainda fez mais uma substituição na partida, aos 90+5’, com González entrando no lugar de Mariona. Aos 90+8’, a Suécia tentou a sua última chance do jogo, com Hurtig cruzando uma bola para o meio da área, mas Cata Coll subiu e segurou a pelota para Edina apitar o final da partida.

Análises estatísticas

A Espanha acabou o jogo com 63% de posse de bola, além de 78% de precisão nos mais de 500 passes trocados. Isso, além das 13 finalizações espanholas — apesar de apenas duas no gol — mostra que o time foi o principal criador de jogadas da partida. No entanto, esse domínio nos números não se converteu em um domínio do jogo em si, já que as grandes chances se mantiveram equilibradas e o placar favorável ao time ocorreu no detalhe.

A Suécia apostou na força da sua defesa e nas bolas aéreas, mas não obteve tantas oportunidades para mudar o placar. Levou perigo nas suas poucas chances, conseguindo, inclusive, o empate milagroso nos minutos finais, mas não conseguiu ter a mesma eficiência defensiva do restante da Copa para segurar o placar até o final — a Blägult tomou o gol logo após empatar a partida.

Destaques

Do lado sueco, os destaques vão para duas jogadoras que jogaram muito pouco tempo, mas o suficiente para demonstrar muito futebol: Lina Hurtig e Rebecka Blomqvist. Hurtig, que entrou aos 87’, foi essencial no gol de empate do time, já que deu a assistência perfeita para que Blomqvist, que entrou aos 77’, aproveitasse uma das poucas chances da Suécia no jogo.

Do lado espanhol, o principal destaque também veio do banco: Salma Paralluelo. A jovem jogadora entrou aos 57’, no lugar de Putellas, e fez o primeiro gol do time espanhol, além de ter participado de outras boas jogadas da Roja.

Salma Paralluelo recebeu o prêmio de Player of the Match (melhor jogadora da partida) [Imagem: Reprodução/Instagram @fifawomensworldcup]

Outros destaques espanhóis foram Olga, que fez o gol da vitória e da classificação para a final, e Teresa, que, além de ter dado a assistência para Olga, fez uma partida muito consistente na defesa. Ela venceu dez de 15 duelos, além de ter feito alguns desarmes e interceptações. Ambas ficaram com cerca de 80% de precisão em mais de 40 passes na partida.

Final e terceiro lugar

Com a vitória neste jogo, a Espanha se classificou para a final e jogou contra a Inglaterra, que venceu a Austrália por 3 a 1 no dia seguinte do jogo espanhol. Assim, a disputa pelo terceiro lugar ficou entre a Suécia e a Austrália.

Na final, a Roja se saiu vitoriosa: venceu por 1 a 0 e conquistou o seu título inédito da competição. Na disputa pelo terceiro lugar, a Suécia venceu por 2 a 0 e garantiu o seu lugar no pódio.

Algumas curiosidades é que o campeão seria inédito de qualquer forma, independente de quem ganhasse a final, e que a Suécia nunca perdeu uma disputa de terceiro lugar em Copas do Mundo, com quatro vitórias em quatro jogos.

Ônibus do time espanhol para a final da Copa do Mundo [Imagem: Reprodução/Instagram @sefutbolfem]

Imagem de capa: Reprodução/Instagram @sefutbolfem

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