Peter Berg, conhecido por dirigir filmes de ação, lança 22 Milhas (Mile 22, 2018), que segue a mesma linha. Inclusive tem como protagonista Mark Wahlberg, que já participou de outros três filmes do diretor.
O longa não surpreende muito no enredo. Conta a história de um grupo de oficiais de uma ordem tática secreta do governo norte-americano. Eles entram em cena quando a diplomacia e as forças militares convencionais não são suficientes para resolver determinado problema de segurança nacional. O caso narrado pelo filme é o de um informante da Indonésia, Li Noor (Iko Uwais), que busca asilo nos Estados Unidos, e oferece em troca, a localização dos isótopos radioativos de Césio que o governo norte-americano tanto procura. Isso, pela alta capacidade destrutível desse elemento se utilizado em bombas atômicas. No entanto, essa informação está criptografada e ele só pretende revelá-la quando estiver salvo dentro de um avião saindo de seu país.
Assim, a maior parte do filme se passa entre as 22 milhas que separam a embaixada dos EUA e a pista de avião. É, também, a parte mais cheia de ação, mas são tantas informações ao mesmo tempo que o espectador pode muitas vezes se perder e se distanciar da história, o que resume essa parte da produção a tiroteios e explosões sem muito sentido.
Dentre os integrantes desse grupo de oficiais especializados na resolução de conflitos muito difíceis estão: Sam Snow (Ronda Rousey), Alice Kerr (Lauren Cohan) e Alexander (Carlo Alban). Entretanto, o roteiro corrido impede uma melhor construção e apresentação desses protagonistas, impossibilitando a criação de certa conexão e empatia entre eles e os espectadores. Isso é tanto, que mesmo a morte de algumas dessas personagens são passadas de forma quase despercebida, um heroísmo patriótico não aprofundado pelo filme.
A parte mais trabalhada pelo diretor foi a interpretação e apresentação de Mark Wahlberg como James Silva. É a personagem mais complexa e, por isso, a que melhor foi construída, tendo sua história contada no início do longa por meio de recortes de jornais e documentos de sua infância, época em que já se destacava tanto pelo intelecto quanto pelo temperamento difícil. Esse desequilíbrio emocional do papel é muito bem feito por Wahlberg, com a ajuda da rápida mudança de enquadramento que pega o detalhe dos constantes momentos em que Silva puxa e solta um elástico colocado em seu pulso. Uma técnica utilizada por algumas pessoas que têm a mente muito acelerada para manter o foco.
O final do longa até tenta ser surpreendente, mas, como deixa mais da metade dos conflitos expostos anteriormente em aberto, é difícil se surpreender positivamente. Talvez, colocado em uma série, a história pudesse ter sido melhor aproveitada e desenvolvida. Da forma como está, é visível a tentativa de propor uma ou, quem sabe, até mais continuações para o filme.
Tendo em vista o público grande que esse tipo produção atinge, talvez seja possível prever que essa nova franquia realmente aconteça. O mais do mesmo às vezes cai bem, então, para quem gosta de muita ação do início ao fim, vale a pena assistir 22 milhas que estreia nos cinemas dia 20 de setembro. Confira o trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=q26qrdFDr2E
por Maria Laura López
laura_lopez.8@usp.br