O longa O Mistério do Relógio na Parede (The House With a Clock in its Walls, 2018), baseado no livro de John Bellairs, encanta os fãs de magia. A fantasia dirigida por Eli Roth, traz ditados populares, sons e perspectivas de filmagem que levam o espectador diretamente para dentro do filme. No entanto, ele conta com uma narrativa clichê e alguns estereótipos que incomodam em vários momentos.
A narrativa começa quando os pais de Lewis Barnavelt (Owen Vaccaro) morrem em um trágico acidente de carro e ele se muda para morar com seu tio Jonathan Barnavelt (Jack Black). Jonathan se mostra o típico homem brincalhão, mas com um coração enorme que ama e faria de tudo para proteger seu sobrinho de qualquer perigo.
Lewis já começa o filme vestido como o clássico nerd. Suéter, óculos engraçados e cabelo bem penteado. Ao longo da trama essa sua caracterização não muda. Ele chega a nova escola e o bullying com ele se inicia no seu primeiro contato com ela, em uma aula de educação física, na qual o último a ser escolhido para fazer parte de um time. Essa narrativa é tão utilizada no mundo do cinema que já ficou batida.
Tarby Corrigan (Sunny Suljic), foi o único que defendeu a inclusão de Lewis em um dos times, e assim começou uma amizade “sincera”. Tarby sempre defende o personagem e Owen contra as investidas dos garotos maus da escola. Quando o zoam pelas costas por usar óculos considerados engraçados pelos demais, Corrigan fala de um jeito sutil para o amigo parar de usá-los. Assim, vai se desenvolvendo uma cumplicidade entre ambos.
O tio de Lewis passa boa tarde do tempo com uma de suas vizinhas, Mrs. Zimmermann (Cate Blanchett), que no início é atormentada por fantasmas do seu passado, e que ao longo do filme muda bastante e se torna uma mulher forte. Ao contrário do estereótipo de mulher que se esconde, essa é uma característica presente em todas as mulheres do filme. Eles formam um casal de amigos que vivem se xingando e garantem a todos que não possuem nenhum romance ou sentimento amoroso. No entanto, não é o que demonstram. Os momentos que passam juntos é tentando desvendar os mistérios deixados na mansão, que é considerada assombrada por muitos desde a morte de seu antigo dono.
Lewis ouve os comentários sobre os perigos da mansão para qual se mudou, e fica muito assustado. Mas descobre, que os boatos são mentira e que na verdade a casa é mágica. Com seu tio feiticeiro ele começa a aprender magia.
A magia apresentada no filme não é como a dos ilusionistas, nem como dos bruxos. Eu diria que fica no meio termo entre as duas. Ela pode ser aprendida, assim como a primeira e tem um toque sobrenatural como a segunda. Os efeitos criados, quando estavam praticando magia, precisam ser aplaudidos. Eles deixam claro que é uma ilusão, mas dão um ar de realidade. Isso cria em quem está assistindo uma sensação de não saber o que está ali e o que não está.
Os efeitos sonoros também merecem destaque. Eles estão presentes durante todo o filme. Quando não há falas, o toque instrumental deixa o ar ainda mais mágico, despertando diferentes impressões a cada nova cena. O tique-taque do relógio, por exemplo, faz com que o espectador se sinta dentro da passagem.
Outro aspecto que a cria a ilusão de que se está presente na cena, não observando de fora são as diferentes perspectivas nas quais o longa foi filmado. Em alguns momentos a câmera está atrás do personagem, como se o espectador fosse alguém que está seguindo o personagem para ver o que vai acontecer. Em outros, passa a sensação de que quem assiste é o próprio personagem.
Apesar de um enredo pouco inovador e alguns estereótipos desagradáveis, o filme surpreende em outros aspectos e se torna uma experiência agradável.
O filme chega aos cinemas no dia 20 de setembro. Confira a baixo o trailer:
Por Thaislane Xavier
thaislanexavier@usp.br