Em 1983, os Sixers se sagraram campeões da NBA pela última vez em sua história até hoje. O elenco que conquistou o tricampeonato da franquia contava com quatro jogadores que, posteriormente, entraram para o Hall da Fama do basquete e se tornaram lendas do esporte — Moses Malone, Julius Erving, Maurice Cheeks e Bobby Jones.
O começo dos Sixers
Fundado em 1946, o Philadelphia 76ers começou na cidade de Syracuse, com o nome de Syracuse Nationals. Iniciou em uma liga chamada NBL (National Basketball League), onde ficou até 1949, sem ganhar nenhum título. Apesar de contar com os melhores jogadores profissionais de basquete da época, a liga começou a perder alguns times para a BAA (Basketball Association of America) no ano de 1948. Com isso, a NBL se fundiu com a BAA em 1949, formando a NBA, e assim, ingressando diversos times da NBL na nova liga, incluindo o Syracuse Nationals, futuro Philadelphia 76ers.
Logo em sua primeira temporada na NBA, em 1949/50, o time chegou às finais do campeonato e mostrou a sua força, embora tenha perdido para o Minneapolis Lakers — fato que veio a se repetir na temporada 1953/54. Na temporada seguinte, o time chegou novamente às finais da NBA, e foi campeão diante do Fort Wayne Pistons. Foi o primeiro título na história.
Elenco do Philadelphia 76ers, campeão de 1955 — o primeiro título da franquia. [Imagem: Reprodução/Twitter @sixers]
Na temporada 1963/64, o time se mudou para Philadelphia e ganhou o nome que usa até hoje: Philadelphia 76ers. E não demorou muito para a franquia ganhar seu primeiro título na nova cidade. Em 1966/67, uma temporada e meia depois do pivô Wilt Chamberlain ter chegado à equipe, os Sixers eliminaram o Boston Celtics — que teve uma dinastia na década de 1960 e vinha de oito títulos seguidos — e chegaram às finais da NBA. Uma vez finalista, o Philadelphia ganhou por 4 a 2 contra o San Francisco Warriors, ex-time de Wilt. Pelo 76ers, Chamberlain também ganhou 3 prêmios de MVP (Most Valuable Player, ou “jogador mais valioso”, em tradução literal) da temporada e foi por duas vezes o cestinha da liga (NBA Scoring Champion).
A chegada do ‘Dr. J’
Julius Erving enterrando [Imagem: Reprodução/Flickr]
Depois disso, os Sixers passaram alguns anos sem lutar por grandes coisas, o que mudou com a chegada de Julius Erving. Ele era um astro da ABA (American Basketball Association), liga que surgiu em 1967 para rivalizar com a NBA. Em 1976, a liga se fundiu com a NBA e adicionou quatro times a ela — incluindo o New York Nets, franquia pela qual Erving jogava.
Na ABA, os Nets haviam sido campeões duas vezes, com três prêmios de MVP para o ‘Dr. J’ Erving. Porém, devido a uma multa por “invadir” o território do New York Knicks na NBA, o time não conseguiu manter o seu principal jogador e acabou tendo que negociá-lo com o Philadelphia 76ers.
A chegada de ‘Dr. J’ ao 76ers, na temporada 1976/77 fez com que a equipe mudasse de patamar. Logo em sua primeira temporada em Philadelphia, o time conseguiu ter a melhor campanha da Conferência Leste e, após eliminar Boston Celtics e Houston Rockets, chegaram às finais da NBA de 1977 — à época, os campeões de cada divisão iam direto para as Semifinais de Conferência, e não jogavam o First Round. Porém, em uma série de seis jogos, os Sixers perderam por 4 a 2 para o Portland Trail Blazers, com Bill Walton sendo o Finals MVP.
Nas duas temporadas seguintes, o time também foi longe e chegou a uma final e a uma semifinal de conferência. O 76ers foi eliminado pelo Washington Bullets e pelo San Antonio Spurs, respectivamente.
Já na temporada 1979/80, o time chegou novamente aos playoffs ao eliminar o Washington Bullets, o Atlanta Hawks e o Celtics e chegar a mais uma final da NBA. Contra o Los Angeles Lakers, franquia que era liderada pelo MVP da temporada Kareem Abdul-Jabbar e pelo novato Magic Johnson, os Sixers perderam novamente por 4 a 2. No último jogo das finais, Magic Johnson chegou a registrar 42 pontos e 15 rebotes, além de sete assistências. Nesse jogo, Magic teve que jogar como pivô, substituindo Kareem que, machucado, não pôde jogar. O novato ainda saiu como MVP das Finais e se tornou o primeiro rookie (jogador em seu primeiro ano jogando na NBA) a alcançar esse feito.
Na temporada seguinte, Julius Erving foi eleito o MVP da liga e o 76ers chegou até as finais de conferência. Mas, em uma emocionante série de sete jogos, que chegou a liderar por 3 a 1, o Philadelphia perdeu os três últimos jogos para o futuro campeão Boston Celtics, do lendário Larry Bird, e foi eliminado.
Em 1981/82, uma temporada antes do grande título dos Sixers, o time eliminou o Atlanta Hawks e o Milwaukee Bucks, até chegar às finais de conferência e ter a sua revanche contra os Celtics. Em mais uma série de sete jogos, os Sixers abriram 3 a 1 e perderam os dois jogos seguintes, mas não deixaram escapar a classificação para as finais da NBA e venceram o jogo sete. Contra os Lakers, mesmo com bons jogos de Julius Erving e Andrew Toney, o 76ers perdeu por 4 a 2 e chegou a mais uma derrota nas finais. Novamente, Magic Johnson foi eleito o Finals MVP, e Kareem foi um jogador essencial.
Desde a chegada de Julius Erving na Philadelphia, foram cinco finais de conferência e três finais de NBA em apenas seis anos. Sua atuação individual lhe rendeu um MVP da temporada. Ele teve uma média de quase 27 pontos por jogo em finais — somadas às suas três aparições nas Finais da NBA — 4.4 assistências e 7.3 rebotes, além de 2.1 roubadas de bola e 1.6 tocos. Apesar disso, a franquia ainda não havia conquistado um título.
Além de Erving, outro reforço importante para a franquia nessa época foi a do técnico Billy Cunningham na temporada 1977/78. Ele fez parte, ainda como jogador, do time histórico dos Sixers que ganhou a NBA em 1967 com uma das melhores campanhas da história da liga na temporada regular, com 68 vitórias e 13 derrotas.
A temporada do título
Moses Malone com seus dois troféus de MVP da temporada regular da NBA [Reprodução: Imagem/Flickr]
A sina dos Sixers mudou com a chegada de Moses Malone, ex-jogador dos Rockets e MVP da temporada anterior. Com o novo integrante, os Sixers fizeram uma ótima campanha na temporada regular: foram 65 vitórias e apenas 17 derrotas. A marca é, ainda hoje, uma das melhores em toda a história do Philadelphia e a mais próspera dos últimos 40 anos.
Em uma partida contra o Detroit Pistons, em 11 de dezembro de 1982, Dr. J atingiu uma das melhores marcas de sua carreira: fez 44 pontos (um a menos que o seu career high, de 45 pontos), 11 rebotes, 7 assistências e 8 tocos (sua maior marca em um único jogo), chegando muito próximo de um quádruplo-duplo. O jogo em questão terminou com vitória dos 76ers por 128 a 111. Erving teve eficiência de 69% nos arremessos em quadra, acertando 20 das 29 tentativas.
Curiosamente, Moses Malone e Julius Erving não eram os favoritos da maioria da torcida. O queridinho era Bobby Jones, que ajudava imensamente a equipe na defesa e costumava sair do banco para participar de momentos decisivos.
Ao final dessa temporada, Moses Malone havia conseguido as médias, por jogo, de 24.5 pontos e 15.3 rebotes (maior marca da liga), além de 2 tocos, 1.1 roubadas de bola e 1.3 assistências. Tais números lhe garantiram o prêmio de MVP pela segunda vez consecutiva, mas o primeiro na Philadelphia.
Em entrevista ao Arquibancada, Ricardo Bulgarelli, comentarista esportivo da Prime Vídeo, explica que Moses Malone era a peça que faltava para o título: “Você traz um MVP pro seu time, é outra realidade”. Segundo ele, Malone era um jogador dominante no garrafão, à altura de Kareem Abdul-Jabbar. “O Julius Erving estava na reta final de carreira e ia aposentar sem título da NBA, mas a presença do Moses Malone é fundamental para isso [o título] acontecer”, diz o jornalista.
Bulgarelli também aponta para uma desvalorização de Dr. J: “o fato do Dr. J não ter tantos títulos faz ele não ser tão valorizado quanto deveria. As pessoas dão muito valor às conquistas, mas tem o legado e o impacto que esse cara traz pro jogo”. O comentarista conta que Julius Erving foi a inspiração para Michael Jordan se tornar jogador de basquete, o que demonstra a relevância de sua carreira para a história do basquete. “Como jogador, é preciso ressaltar a plasticidade, beleza e agressividade de suas jogadas. Erving não tinha o ego elevado e sempre jogou para o time. Ele foi um dos mais completos jogadores de basquete”, opina Bulgarelli.
Sobre o elenco do Sixers, o jornalista também salienta que a equipe era muito completa e entrosada. A composição contava com três peças que se encaixavam perfeitamente: Cheeks era um armador extremamente inteligente na criação de jogadas, Erving uma superestrela e Malone dominante no garrafão.
Moses Malone (esquerda) e Julius Erving (direita) durante a temporada de 1982/83. [Reprodução: Imagem/Twitter NBA]
Os playoffs
À época, as duas melhores campanhas de cada conferência durante a temporada regular se classificavam diretamente para as semifinais de conferência, sem ter que jogar o first round. Com isso, o primeiro adversário dos Sixers, nas semifinais da Conferência Leste, foi o New York Knicks. Após uma série excelente de Moses Malone (com médias de 31.3 pontos e 15.5 rebotes por jogo), além de importantes jogos de Erving e Maurice Cheeks, o 76ers eliminou o time de Nova Iorque.
Na fase seguinte, o Philadelphia enfrentou o Milwaukee Bucks, franquia que havia ficado em segundo lugar na Conferência Leste. Pelo 1º jogo da série Bobby Jones apareceu em um momento decisivo: um toco no último arremesso dos Bucks levou o jogo para a prorrogação. Ele também foi o responsável por roubar uma bola no fim da partida, quando os Sixers perdiam por um ponto, e marcar o game winner. No jogo 2, cinco tocos de Bobby tiraram a chance dos Bucks empatarem a disputa. No terceiro jogo, a estrela improvável foi Cheeks: fez sete pontos seguidos em um momento crucial do último quarto do jogo e ajudou o Philadelphia a sair com mais uma vitória.
Com três vitórias nos três primeiros jogos, a franquia filadelfiense havia se aproximado muito do título do Leste, algo previsto por Malone antes dos playoffs começarem. Em entrevista, ele disse que o Philadelphia teria como sua campanha um “Fo’ Fo’ Fo’” (four, four, four – representando as quatro vitórias seguidas conquistadas em cada série).
Porém, no jogo 4, os Sixers foram superados pelos Bucks por 100 a 94. Apesar disso, a vitória do 76ers na quinta partida classificou o time para as Finais da NBA de 1983. Na série contra o Milwaukee, além dos três jogadores que já haviam sido essenciais na série contra o Knicks, outro atleta fundamental para a vitória foi Andrew Toney. Ele conquistou boas médias na série e converteu 30 pontos na partida da classificação para a final.
As Finais da NBA de 1983
E, nas finais, o adversário foi novamente o Los Angeles Lakers, de Magic Johnson e Kareem Abdul-Jabbar. O time era visto como um verdadeiro show time na época, com Magic liderando o que ele mesmo considerava como o show mágico – ou magic show. Mas dessa vez, a presença de Moses Malone foi o grande diferencial para a mudança do resultado final. Junto com ótimos jogos de Erving, Toney, Cheeks e Jones, Malone fez os Sixers terem a sua revanche contra a franquia de Los Angeles. Com média de 25.8 pontos e 18 rebotes por jogo, Moses foi eleito o MVP (Most Valuable Player, o jogador mais valioso) das finais.
No primeiro jogo das finais, Clint Richardson, vindo do banco, contribuiu com 15 pontos, dez deles apenas no terceiro quarto, ajudando a criar uma vantagem para o 76ers. Nos dois jogos seguintes, houve momentos de muito equilíbrio, mas o Philadelphia abriu vantagem no final dos jogos e saiu com as vitórias. No jogo 4 da série, o Finals MVP teve uma atuação fantástica, anotando um 20/20 (jogo de, pelo menos, 20 pontos e 20 rebotes — no caso dele, 24 pontos e 23 rebotes) para coroar a varrida nas Finais da NBA contra os Lakers e o título. Já na reta final do jogo, os Lakers viram a sua vantagem desabar, com Julius Erving controlando a partida nos minutos finais e acertando arremessos decisivos para empatar e virar o jogo, garantindo a vitória histórica.
No anel de campeão da franquia de Philadelphia foi escrito “Fo’ Fi’ Fo’” (Four, five, four), em alusão à frase de Malone e como uma homenagem à campanha histórica dos Sixers nesse playoffs, que teve apenas uma derrota em todos os jogos disputados (fato que só foi repetido mais duas vezes na história: Lakers, de Shaq e Kobe, em 2001, e Golden State Warriors, de Durant e Splash Brothers, — Curry e Thompson — em 2017).
Varrer um rival que o venceu em duas finais nos últimos três anos e ganhar a Conferência que Boston dominava gerou ao torcedor um sentimento único e muito especial, como explica Bulgarelli: “fundamental você ter um troco em cima de uma equipe contra quem você sempre perde. E tem a história de você tentar superar seus obstáculos, que nesse caso era Kareem Abdul-Jabbar. Eu acho que é fundamental dar uma resposta e tentar pôr um fim nessa rivalidade”.
O jornalista ainda comenta: “tem um gosto diferente e não é nem pelo fato de ser campeão. Lógico que o título tem um peso gigantesco, mas é o fato de você mais uma vez ter conseguido passar pela sua Conferência”. Ele cita a força da Conferência Leste com times como os Celtics e os Bucks.
Por esse motivos, o jornalista considera que essa equipe do Philadelphia está, pelo menos, no top 10 dos maiores times da história da NBA. “Não é uma vitória qualquer, é uma campanha de domínio, em que comandaram em todos os aspectos, no individual e no coletivo”, explica.
Dr. J com o troféu Larry O’Brien de campeão da NBA [Imagem: Reprodução/Twitter: @sixers]
A era pós-título e o seu legado
Charles Barkley enterrando enquanto atuava pelo 76ers [Imagem: Reprodução/Flickr]
Após a campanha do título da NBA, os torcedores estavam esperançosos por mais uma temporada brilhante, uma vez que os Sixers mantiveram seus principais jogadores e o treinador da equipe. Entretanto, a campanha foi frustrante, e a franquia foi eliminada na primeira rodada dos playoffs pelo New Jersey Nets em cinco jogos.
Na temporada seguinte, o 76ers draftou, na quinta escolha geral, Charles Barkley — parte do Hall da Fama da NBA —, que foi responsável por dar um ânimo aos torcedores depois da decepcionante última temporada. A equipe chegou às finais da Conferência Leste, mas perdeu para o Boston Celtics.
Durante as oito temporadas em que Barkley foi o principal jogador da equipe, o Philadelphia só não foi aos playoffs em duas oportunidades. Porém, em cinco das seis vezes em que estiveram presentes, os Sixers não chegaram nem às Finais de Conferência — nas duas melhores oportunidades, acabaram enfrentando o Chicago Bulls de Michael Jordan nas semifinais.
Depois de um período conhecido como “Idade das Trevas”, pós Charles Barkley, no ano de 1996 os Sixers tiveram a primeira escolha geral do draft e selecionaram Allen Iverson (apelidado de “The Answer”), um dos maiores e mais revolucionários jogadores da NBA — dentro e fora das quadras.
“Allen Iverson foi um dos grandes. Eu costumo chamar ele de ‘Michael Jordan 2.0’, porque é um cara que criou um frisson na liga medindo menos de dois metros de altura. Ele foi muito impactante dentro e fora de quadra. Fora de quadra por causa dos costumes, das atitudes, por ser livre, pela história dele de ter sido preso injustamente, por todo mundo querer imitá-lo e ser referência”, explica Bulgarelli.
A temporada de 2000/01 foi o ponto mais alto da conhecida “Era Iverson”. O time comandado por Bruce Brown dominou a Conferência Leste e terminou em primeiro lugar da temporada regular. Nos playoffs, eliminou Pacers (3-1), Raptors (4-3) e Bucks (4-3) para chegar a grande Final da NBA, pela primeira vez desde 1983.
O adversário das finais foi o Los Angeles Lakers — assim como nas últimas três finais de que participaram —, que contava com a dupla mais dominante da NBA: Shaq e Kobe. O time de Los Angeles se sagrou campeão em cinco jogos, mas a cena mais icônica dessa série — e uma das mais marcantes da história do basquete — foi quando Allen Iverson passou por cima de Tyronn Lue, após deixá-lo no chão com um cross-over. Nesse jogo, Iverson fez 48 pontos e ganhou o primeiro jogo da série contra os Lakers, no Staples Center, antes de ser superado pelo time de Los Angeles nos quatro jogos seguintes. Essa vitória, apesar de ter sido insuficiente, foi responsável por tirar a invencibilidade do Los Angeles Lakers nos playoffs. Ao final dessa campanha, “The Answer” foi nomeado como MVP e foi o maior pontuador da temporada.
Allen Iverson e sua foto icônica passando sobre o jogador dos Lakers, Tyronn Lue [Reprodução: Imagem/Flickr]
No ano de 2006, Iverson foi trocado para o Denver Nuggets, marcando o fim desse período histórico — e ao mesmo tempo decepcionante por não ter conseguido um título — do clube da Philadelphia. Bulgarelli lamenta: “é uma pena que um cara desse nível tenha encerrado a carreira sem um título, porque ele foi muito relevante”.
Entre 2006 e 2012, a equipe chegou 4 vezes aos playoffs, mas só avançou às semifinais em uma edição — e foi eliminada pelo Boston Celtics. Esse pode ser considerado como um período regular da equipe, mas que não alcançou grandes feitos e nem marcou história.
Sam Hinkie, contratado para ser o gerente geral da equipe a partir da temporada 2013/14, buscou reformular o time de uma maneira não convencional: focar em jogadores jovens que não teriam impacto imediato na franquia e, consequentemente, ter péssimas campanhas pelos anos seguintes. 19, 18 e 10 foram os números de vitórias que o time alcançou nas três temporadas seguintes. Isso configurou o surgimento do lema “Trust the Process”, que só foi acabar em 2017.
Da temporada 2017/18 até a de 2021/22, o time se classificou aos playoffs em todas — inclusive teve a melhor campanha da Conferência Leste em 2021, a primeira vez depois de 20 anos. Entretanto, não conseguiu chegar à final de Conferência em nenhuma dessas oportunidades, mesmo com elencos recheados de bons jogadores como Jimmy Butler, James Harden, Ben Simmons e outros.
Na última temporada, em 2022/23, os fãs estavam esperançosos pela conquista do título após 40 anos, e eles tinham seus motivos. A equipe chegou aos playoffs após se classificar na terceira posição da Conferência Leste, com a dupla Joel Embiid e James Harden dominando a temporada regular. O pivô foi o cestinha da liga e eleito o MVP e o armador — que já foi eleito MVP anteriormente — foi o maior assistente da liga.
Elenco dos Sixers de 1982/83 junto com o elenco de 2022/23 [Reprodução: Imagem/Twitter @sixers]
Nos playoffs, o elenco que ainda contava com Tyrese Maxey, Tobias Harris e P.J. Tucker no time titular, teve uma primeira rodada avassaladora e varreram o Brooklyn Nets (4-0). Na segunda rodada, enfrentou seu rival Boston Celtics e, após abrir 3-2 na série, foi eliminado em sete jogos. Esse resultado frustrou toda a torcida que esperava sair da seca de títulos depois de tanto tempo. Por isso, os dirigentes da equipe demitiram o treinador Doc Rivers três temporadas após ser contratado.
Perguntado sobre a pressão da seca de 40 anos sobre o psicológico dos atuais jogadores, o comentarista respondeu: “A seca não pode ser desculpa. Philadelphia tem uma história, mas não é isso que pode fazer o cara amarelar, tomar a decisão errada na reta final de jogo. Não é questão de Philadelphia, de Nova Orleans ou de Portland, o cara tem que saber se comportar, tem que ser psicologicamente forte pra poder resolver esse tipo de problema.”
Para finalizar, o jornalista discorreu sobre o que falta para os Sixers saírem dessa fila de 40 anos sem ganhar um título: “é difícil imaginar o que falta. Ter uma estrela, formar um time ao redor de uma estrela, já é um começo, e o Philadelphia esteve muito próximo disso. Acho que foram pequenos detalhes que afastaram o Philadelphia desse possível retorno, pelo menos à uma Final de NBA, como erros de administração, de escolhas e de permanência de técnico”. Ele ainda comentou que blindaram demais o Embiid, não deixando que nenhum outro jogador fizesse sombra a ele, e que isso impactou nessas temporadas de eliminação, e também criticou a escolha do técnico: “a escolha do Doc Rivers foi péssima.”
Joel Embiid sentado no banco de reservas na temporada de 2018 [Reprodução: Imagem/Wikimedia Commons]
Bernardo Kotait é torcedor do Philadelphia 76ers e administra a página Phila Br, no Twitter. Ele conta que torce para o time desde o início da temporada 2018-19, antes da aquisição de Jimmy Butler: “o motivo de eu torcer para o 76ers se deve ao fato deles serem o único clube que tem números no logo e também por serem a primeira franquia da NBA que eu conheci, durante uma palestra na escola”.
Bernardo também comenta sobre seus sentimentos após a eliminação da equipe na última temporada: “foi muito frustrante. O Embiid ficou devendo muito. O Harden ganhou dois jogos sozinhos para nós, não há o que reclamar dele, sinceramente”. Ele ainda diz que essa foi a temporada na qual mais teve expectativa pelo título e relembra antigas decepções: “no jogo 5 contra o Atlanta Hawks, em 2021, abrimos 25 pontos de vantagem no terceiro quarto e ainda assim perdemos o jogo. A série estava 2-2.”
Sobre as quatro décadas desde o último título, Bernardo opina: “enxergo como uma má administração. Nesses 40 anos, o 76ers só chegou à final uma vez, em 2001, com Allen Iverson. Hoje, sofremos com uma má administração, muitas decisões erradas e erros cometidos com frequência.”