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42ª Mostra Internacional de SP: A Casa

Por meio da reconstrução de uma propriedade, Amos Gitai traz relatos fortes de palestinos que, mesmo contrariados, trabalham para judeus que passaram a ocupar A Casa (1980). As cenas são compostas principalmente por imagens dos trabalhadores que fazem a reforma, relatos e pensamentos sobre a questão da ocupação israelense. Mostra também alguns dos ex moradores …

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Um dos trabalhadores que reformam a casa (Imagem: Reprodução)

Por meio da reconstrução de uma propriedade, Amos Gitai traz relatos fortes de palestinos que, mesmo contrariados, trabalham para judeus que passaram a ocupar A Casa (1980). As cenas são compostas principalmente por imagens dos trabalhadores que fazem a reforma, relatos e pensamentos sobre a questão da ocupação israelense. Mostra também alguns dos ex moradores da região.

O documentário foi, inicialmente, produzido para a TV Israelense, mas não chegou a ir ao ar. Tendo sua exibição censurada, o filme só foi apresentado mais tarde em festivais: Nantes (1981), Roterdã (1982), Berlim (1982) e na Jornada pela Liberdade de Expressão do Festival de Cannes (1982).

A residência que está se transformando em mansão serve de fio condutor à narrativa. Ela fica em um antigo bairro bairro árabe da cidade de Jerusalém e teria sido construída em 1948. Após o governo israelense ter declarado que estaria vaga, rapidamente foi comprada por judeus que agora habitam expressivamente a região. Esses compradores contrataram funcionários palestinos para reformar a casa, e são esses funcionários que irão dar luz aos relatos narrados.

As questões trazidas são principalmente sobre a ocupação israelense e a Guerra dos Seis Dias  conflito que se deu como resposta à Israel pela fundação de seu Estado. Envolveu o governo israelense e o dos países árabes: Egito, Síria, Jordânia e Iraque. Os trabalhadores dizem o quanto não gostariam de trabalhar no que trabalham, e principalmente, para quem trabalham. Afirmam só estarem ali por pura necessidade. Um descreve como se sente ao reformar a casa que pertencia a um árabe: “estou com o coração partido”.

É o que se percebe ao longo de toda a produção: um iminente conflito, uma relação de posse e impotência, tendo em vista os relatos de palestinos, que nada puderam fazer contra as decisões tomadas pelo governo de Israel. Somado a isso, o que é dito pelos trabalhadores é extremamente tocante, e até revoltante, aspecto que pode servir de causa para esclarecer o porquê de a censura ter impedido a exibição do longa.

Amos Gitai traz com o documentário, uma outra maneira de enxergar o conflito existente entre judeus e palestinos, muito mais favorável ao povo israelense,  nesse caso. A Casa (1980) é uma ferramenta para analisar parte dos pontos dessa questão.

O filme foi exibido em sessão conjunta com Uma Carta para um Amigo em Gaza (2018), também do diretor Amos Gitai. Confira o trailer:

por Crisley Santana
crisley.ss@usp.br

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