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44ª Mostra Internacional de SP: ‘Não Há Mal Algum’

Esse filme faz parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto. Elegido pelo público como o melhor filme estrangeiro de ficção da 44° Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Não Há Mal Algum (There Is No Evil, 2020) discorre sobre …

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Esse filme faz parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto.

Elegido pelo público como o melhor filme estrangeiro de ficção da 44° Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Não Há Mal Algum (There Is No Evil, 2020) discorre sobre o Estado que transforma homens em assassinos. Expondo quatro diferentes histórias, o longa repensa a aplicação da pena de morte no Irã a partir da ótica de quem pressiona o botão ou puxa a alavanca, que é nesse caso o gatilho.

Em seus mais de 150 minutos, prevalece no longa um desenvolvimento lento a fim de criar a ambientação do cotidiano e quebrá-la com a honestidade brutal do fenômeno. Desconfortável e enervante, é sobre dilemas éticos que envolvem o valor da vida, inclusive as que o Estado usa de mercenários. É preciso estômago forte para aturar o mal furtivo que se faz presente, que entrelaça 4 homens e todos próximos a eles ao trauma e ao irrevogável.

O cumprimento das leis implica na morte generalizada de desconhecidos. E tais desconhecidos possuem um rosto, uma história, uma vida. Essa percepção crítica sobre os aparatos de segurança do Estado tem ganhado força em movimentos ocidentais como o defund the police 𑁋 em favor da redução do orçamento da polícia 𑁋 em conjunto às manifestações antirracistas dos EUA.

O personagem Pouya (Kaveh Ahangar). [Imagem: Divulgação/Cosmopol Film]
Dirigido, escrito e produzido pelo diretor independente iraniano Mohammad Rasoulof, ele afirma que desejava questionar como governantes autocráticos metamorfoseiam cidadãos comuns em ferramentas autoritárias. Em 2010, Rasoulof foi preso e condenado a seis anos de prisão, dos quais cumpriu apenas um, devido a um movimento de censura contra um filme que produzia à época.

Recentemente, ele se deparou novamente com um de seus interrogadores e o viu seguir uma existência comum. Não encontrou maldade ou monstruosidade no homem que estava a sua frente. E isso permitiu uma abordagem realista, responsável pela veracidade imersiva do exibido que, em conjunto à fotografia admirável de Ashkan Ashkani, faz do longa uma experiência memorável. A criatividade que une os detalhes de cada narrativa também merece destaque no que há de melhor dessa produção expoente e favorita do público.

Ao explorar todos os desdobramentos possíveis que a execução de pessoas tem na sociedade, quatro histórias se tornam uma e, ao mesmo tempo, são completas por si só. O elenco realiza um trabalho excelente na construção do drama e das consequências dos contextos para as dimensões psicológicas das personagens.

[Imagem: Divulgação/Cosmopol Film]
Poético e poderoso, a produção é um drama que merece ser visto para conversar sobre desmilitarização e questões filosóficas de contrato social e moral individual. O que permanece é a pergunta de que realmente não há mal algum em seguir as leis, ainda que elas transformem o cotidiano em extermínio à vida de outras pessoas.

Confira o trailer:

*Capa: [Imagem: Divulgação/Cosmopol Film]

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